Para atingir os resultados esperados, as empresas terão que abrir mão do modelo de gestão actual.
Há sinais evidentes há alguns anos e, por força das implicações que geram na estrutura organizacional das empresas, ignoram-se essas evidências. Mas a verdade é que se realmente as empresas quiserem optimizar as oportunidades oferecidas pela virtualização e a computação em nuvem, têm de repensar a forma como os recursos de TI são aplicados.
Afinal de contas, ambientes virtualizados representam a união entre armazenamento, ambiente de rede e aplicações. É possível gerir este contingente de recursos com base em equipas de TI separadas e concentradas cada uma num determinado segmento, mas nem de longe essa é a forma mais apropriada.
Permanecer preso ao modelo de gestão actual traz uma consequência ainda pior: ela inibe o uso optimizado dos recursos disponíveis.
De acordo com determinados observadores, as empresas vão deparar-se com uma barreira, assim que tiverem entre 20% e 40% da sua estrutura virtualizada. Essa barreira será fruto de imposições técnicas que as organizações não têm como endereçar. Entre elas, estão a estrutura de gestão, a experiência para enfrentar as questões de “backup” e restauro de dados, além de políticas de alinhamento com normas exigidas.
Já é um desafio dar conta destas questões quando funcionam de forma descentralizada. Gerir o agrupamento da rede, de dados e de processamento quando estes circulam pelas redes impõe outros riscos.
Todavia, não há uma receita pronta que atenda a todos os casos. Acrescente-se a isso o facto de a re-estruturação trazer consigo a inevitável desaceleração – ainda que passageira – da empresa e pronto, ficam claros os motivos que levam o assunto a ser evitado nas salas de reunião.
Uma empresa que encarou essa questão de frente foi a Cisco. O vice-presidente de serviços de rede e de serviços de dados da empresa, John Manville, tinha sob seu controlo uma equipa de 450 funcionários todos separados por áreas de actuação específicas, iguais às mencionadas acima.
“O resultado dessa estrutura era um design segmentado e subutilizando a tecnologia disponível”, afirma Manville. “A rede estava voltada apenas à ligação entre ambientes e os servidores de aplicações ao abastecimento de plataformas para suportar a entrada de dados. Ocorre que, como sistema integrado, deixava a desejar. Foi quando decidimos mudar isso”.
Os passos seguintes de Manville foram desmembrar as equipas que existiam e criar unidades novas. “Criámos uma equipa de design, uma de arquitectura, uma divisão para implementação e, finalmente, uma operacional”, diz. As equipas formaram uma estrutura de serviços horizontal.
Segundo ele, a operação toda levou mais de um ano. “E posso afirmar que um dos principais problemas consistia na preocupação dos colaboradores referentes às suas atribuições e ao emprego”, informa.
Mesmo assim, Manville acredita que o projecto funcionou de maneira satisfatória. “Acho que, na verdade, as pessoas compreenderam que as suas atribuições foram modificadas de maneira positiva, promovendo uma maior participação no funcionamento da organização”, afirma.