Oportunidades subsistem nos PALOP com novos desafios

Os serviços de TI são o pólo principal de oportunidades num mercado cujo valor rondou os 613 milhões de euros, em 2013, de acordo com um estudo desenvolvido pela Leadership, a pedido do Pólo de Competitividade TICE.

Os serviços de TI, sobretudo todos aqueles que envolvem automatização de rotinas / procedimentos, mas também integração de software, e serviços de formação e de qualificação dos recursos humanos locais, são onde se encontram as principais oportunidades de negócios para as empresas nacionais do sector das TICE (Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica) nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Angola, Moçambique e Cabo Verde, constituem um mercado que valeu 663 milhões de euros em 2013, grande fatia realizada em Angola, segundo o estudo sobre “O envolvimento das TICE no desenvolvimento da Sociedade de Informação nos PALOP”.

O trabalho foi realizado pela Leadership por solicitação do Polo de Competitividade TICE, e as conclusões foram apresentadas na última 5ª feira, na AICEP Portugal Global. Neste âmbito e segundo Carlos Oliveira, Managing Partner da Leadership, o estudo revelou que existe uma grande aproximação entre as necessidades dos PALOP e a oferta TICE nacional (empresas mas também o sector das Universidades), “que é competitiva”, mas salientou que por si só esta condição necessária está longe de ser uma condição suficiente para “agarrar” estas oportunidades num mercado que ainda tem muitas limitações, sobretudo, no que respeita aos recursos humanos, e que tem no sector Estado o maior potencial de negócio.

Condições de sucesso

Na análise de Carlos Oliveira, “estamos em presença de mercados que estão a crescer de forma muito rápida, o que significa que precisam de empresas capazes de responder rapidamente e com qualidade, pelo que têm que ter capacidade de investimento” . O responsável exortou assim as empresas do sector TICE nacional a ganhar dimensão, o que passa pela disponibilidade para processos de fusão, aquisição ou associação, reforçando as competências, a solidez (financeira) e a oferta de valor acrescentado.

Salientou também que estes mercados são muito competitivos, uma vez que têm atraído organizações de outros países altamente competentes e são essas com que as nacionais têm de concorrer e, por outro lado, os clientes colocam desafios muito exigentes aos fornecedores, relacionados com a complexidade, rapidez de implementação e ao melhor/menor preço. E embora tenha salientado que a língua comum e os modelos de organização do Estado e da Administração, que assentam no modelo português, possam ser uma vantagem competitiva, enfatizou que “Portugal não é porta para os PALOP. Os outros países entram e estão lá directamente sem a nossa ajuda”.

Factores de sucesso

Factor de sucesso nos PALOP, em particular em Angola, que representa mais de 90% do mercado formado pelos três países, está relacionado com a abordagem e com o tipo de presença que se pretende ter. “É preciso perceber que estes países estão numa fase em que existe orgulho nacional, pelo que querem parceiros que estejam dispostos a partilhar e a contribuir no caminho rumo ao desenvolvimento”.

Nesta fase do processo de desenvolvimento, a presença meramente comercial, que visa fazer projectos durante dois ou três meses e partir, tende a não a ter grande viabilidade. “O futuro passa pelo investimento local, pela estabilização da presença local a médio e longo prazo, e pelo desenvolvimento das competências locais”, recomendando “o entrosamento entre a oferta e os desafios de desenvolvimento” dos PALOPS.

Deste ponto de vista, Carlos Oliveira considerou que “a melhor aposta que as organizações portuguesas das TICE podem fazer é apostar fortemente na formação e qualificação de quadros”, no país de destino ou em Portugal, com formação superior, programas de estágios, intercâmbios, etc.

Recomendações do Estudo ao sector das TICE

Pilar 1 – formação de quadros

Reforço dos protocolos entre as Universidades portuguesas e as dos PALOP

Patrocínio e execução de cursos nos PALOP

Desenvolvimento de programas de formação e de estágios por empresas em Portugal

Criação de programa de estágios por empresas em Portugal

Criação de programas de intercâmbio de estudantes entre Universidades portuguesas nos PALOP

 

Pilar 2 – Empresas competitivas

Entrosamento com os desafios de desenvolvimento dos PALOP

Investimento e estabelecimento de parcerias locais

Estabelecimento de parcerias internacionais de valor acrescentado

Ganho de dimensão para competir a nível global

Reforço do crédito para a internacionalização de empresas TICE

Incentivos fiscais para empresas exportadoras

Acordo de dupla tributação com Angola

Localização de quadros nos PALOP

Investimentos internacionais conjuntos

 

Pilar 3 – Projectos Estruturantes

Replicação de projectos estruturantes na Administração Pública

Replicação de projectos estruturantes do Sector Privado

Identificação de projectos estruturantes nos PALOP e facilitação de consórcios específico

Investigação e desenvolvimento conjunto

 

Pilar 4 – Oferta Sectorial e de Cluster

Promoção de clusters competitivos ligados a Portugal

Criação de consórcios para satisfazer necessidades específicas de Parques Tecnológicos

Oferta conjunta de offshoring

 

Pilar 5 – Pilar Tecnológico

Promoção da imagem de um Portugal Tecnológico

Promoção do portal expositor da oferta portuguesa na área das TICE: 560 – Portugal Business Network

Redução de um evento anual de exposição dos produtos TICE portugueses em cada um dos mercados

 

Pilar 6 – Acção (apoio) Institucional

Criação de assessores tecnológicos nos Palop

Realização de missões inversas

Realização de missões comerciais com avaliação e preparação prévia

Parcerias estratégicas de Portugal com Angola, Cabo Verde e Moçambique

Criação de uma organização de promoção do desenvolvimento com o apoio da tecnologia

Intermediação de negócios entre o Continente Africano e a Europa e EUA




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