“Não tenho visto uma subtracção com a cloud computing”

O director-geral da Oracle, Hugo Abreu espera que a migração de parte do negócio para ambiente de cloud computing resulte em proveitos para o fabricante. Mas admite que as vendas de equipamento para as instalações de clientes finais crescem menos.

O mercado português não é imune às tendências mundiais mas o director-geral da Oracle, Hugo Abreu, relativiza o impacto negativo da adopção de cloud computing no negócio do fabricante em Portugal. “Muitas” empresas nacionais já iniciaram o seu processo de transformação (incluindo a adopção de cloud computing), disse esta terça-feira em conferência de imprensa “Mas não tenho visto uma subtracção [de negócio] com a cloud”, afirmou.

Segundo o executivo, é verdade que o negócio associado a cloud computing está a crescer mais, em comparação com as vendas de equipamento para infra-estruturas de cliente final. Mas a última componente de negócio continua a crescer, ressalva.

A médio ou longo prazo, acredita que o fabricante obterá proveitos do negócio de cloud computing, também por estar nesse mercado. Contudo, previsões do banco Barclays para 2014 sobre o mercado de TI estimam que por cada dólar ganho em serviços de cloud computing, os grandes fabricantes de hardware e software perderão – em muitos casos dois dólares.

Hugo Abreu lembra que muitos “modelos de negócio, hoje existentes, não seriam possíveis sem a cloud”, e tem a expectativa de surgir muita inovação em torno dessa plataforma. São factores capazes de impulsionar o negócio da empresa, se não a curto prazo, pelo menos posteriormente, e por isso a cloud computing – sobretudo numa configuração híbrida – não deixa de ser uma oportunidade.

“Os parceiros terão um papel cada vez mais relevante”, considera. Isso acontecerá tanto no suporte às soluções como no desenvolvimento da inovação. Além disso, cumprirão o habitual papel de chegar onde a multinacional tem mais dificuldade e ao segmento das PME.

Apesar de a Oracle já ter a sua Cloud Marketplace, a partir da qual os parceiros podem disponibilizar as suas aplicações, não há ainda nenhuma entidade portuguesa a fazê-lo. Hugo Abreu revela haver esforços da sua equipa para convencer o seu canal, e promete novidades sobre o assunto nos “próximos meses”.

Sector público continua a ter prioridade

Na estratégia do fabricante especificamente para Portugal o sector público continua a ter especial prioridade, e a organização pretende desenvolver com ele “uma relação mais profunda”. O responsável espera que o ténue “optimismo” da economia contagie a Administração Pública.

A simplificação das TI e a redução de custos será o tema principal das promessas do fabricante, cujo plano para 2014 envolve um enfoque em três outros temas:
– a tendência para a adopção de tecnologia como um serviço;
– verticalização da sua oferta;
– um conjunto de áreas emergentes como Big Data, Internet das Coisas, mobilidade e experiência do cliente.

Mais interlocutores nas empresas portuguesas

Há mais interlocutores nas empresas portuguesas a quem é necessário vender as soluções tecnológicas, tanto na opinião do director-geral como de Bruno Morais, director para a área de Core Tech da Oracle Portugal. Isso ocorre paralelamente a uma maior pressão dos CFO, exigindo maior “eficiência” no investimento em TIC. Surgem mais entidades com diferentes graus de influência na decisão, além do CIO, de acordo com ambos os executivos.

O processo de venda não será mais fácil mas, apesar de criar desafios, resulta em oportunidades mais diversificadas de mostrar capacidades e oportunidades de diferenciação. Hugo Abreu admite mesmo que tem de haver alguma adaptação da equipa do fabricante. “Vende-se mais por referência”, considera também Bruno Morais: os clientes gostam de ver como foram solucionados problemas semelhantes aos seus, noutras empresas, explica.

O líder da Oracle em Portugal assumiu as suas funções recentemente, após a saída do anterior responsável, Vítor Rodrigues, no final de Dezembro. Em declarações ao Computerworld, sublinha que a estratégia da organização reflecte a da multinacional: “existindo uma pessoa diferente [no cargo] haverá apenas estilos de liderança e abordagens diferentes, à execução da estratégia”.

Taxas de manutenção não são “assunto”

Em Novembro de 2013, a analista da Gartner, Alex Bona, alertou para a tendência de fornecedores como a IBM, Microsoft, SAP ou Oracle estarem a tentar compensar danos, usando termos e condições de contratos mais severos, e taxas de manutenção crescentes.  Mas o director-geral em Portugal nega ter havido incrementos de taxas de manutenção de equipamentos da Oracle. Nem há maior complexidade nos termos de contratos propostos pelo fabricante.

No caso dos contratos já existentes “não há nada do que esteja a ser feito por parte da Oracle que não esteja contratualizado pelos nossos clientes”, afirmou. Em Portugal, isso “não é um assunto”, garantiu.




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