O CEO português da Unit4, José Duarte, explicou a estratégia do fabricante, na qual os parceiros ganham uma posição mais importante. Haverá muito mais por inovar além do modelo baseado nos integradores de sistemas, diz.
Verticalizar a oferta e o negócio, colocar os parceiros no centro da actividade da empresa, estando esta mais baseada em cloud computing, serão as peças mais importantes da nova estratégia da Unit4. O CEO da empresa, José Duarte, esteve esta quinta-feira (em conferência de imprensa online) a explicá-la e considera que no caso de a empresa deixar de ser cotada, mais rapidamente materializará os seus planos.
O executivo português assumiu no início do ano todas as suas funções, depois de ter entrado há cerca de sete meses para a empresa, partilhando o cargo com o fundador da organização, Chris Ouwinga. Agora, e no âmbito das parcerias, o “novo” CEO tenciona levar a empresa a inovar e ir além do modelo habitual de cooperação com integradores de sistemas. “A relação com os integradores de sistemas serão a nossa forma mais primitiva de parceria”, considerou.
Não haverá muito por inovar nessa esfera, a qual estará também “muito consolidada”. O português acredita mais no potencial da co-inovação com parceiros cuja oferta poderá ser conjugada e trabalhada com a tecnologia da Unit4 para dar mais valor. “Será um grande motor de crescimento”, acredita.
Por isso o enfoque da empresa nos parceiros deverá envolver mais os revendedores de valor acrescentado, e terá uma abordagem mais “multidimensional”, destacou. Contudo, para o CEO, é no modelo que estarão os factores de “diferenciação”, com parceiros, e sem a oferta estar presa a um centro de dados específico.
Até início de Fevereiro decorre a avaliação de uma oferta de compra da Unit4, feita pela Advent International, que retiraria o fabricante da bolsa de Amesterdão, e José Duarte considera bem-vinda, também pela entrada de capital.
A transacção ajudaria a impulsionar a passagem da empresa para um modelo ainda mais baseado em cloud computing, e nos serviços de Software as Service (SaaS), acredita. A empresa até já facturou mais neste segmento durante os três primeiros trimestres do ano passado, do que em software, lembrou o executivo.
Duarte salienta que a empresa não tem de deixar de ser cotada, mas pode “acelerar para a cloud” ao não ter de lidar com a pressão de accionistas, com interesses de prazos mais curtos.
Verticalização mas no sector dos serviços
A Unit4 pretende assumir uma actividade mais verticalizada em várias áreas dos tecidos empresariais, mas dentro do sector dos serviços. Privilegia as organizações de média dimensão e promete um maior esforço de marketing, maior capacidade e eficiência na força de vendas.
O CEO também acredita no “ADN da Unit4” como factor de inovação e crescimento. E em termos de inovação de tecnologia e produto ganha particular destaque uma maior centralização das aplicações nos seus utilizadores na forma como funcionam.
A ideia já está gasta e pouco tem sido alcançado no sector, admite o executivo, não obstante ter havido esforços. Mas aquele também acredita que agora estão reunidas as tecnologias necessárias para alcançar esse patamar.
O executivo refere elementos como as redes sociais, a mobilidade, a análise de dados e cloud computing – com impacto actual na actividade das empresas – para delimitar um universo onde o fabricante poderá fazer a diferença.
Assim, a oferta de aplicações de negócios da empresa – o próximo lançamento será já a 27 de Janeiro – terá mais “atributos” capazes de facilitar uma relação mais integrada dos utilizadores com processos e informação não estruturada (“connect me”). Os sistemas deverão procurar também disponibilizá-la de forma mais contextualizada (“empower me”) de modo a capacitar mais o utilizador.
Por último, procurando preparar aplicações como os ERP para darem maior prazer ou “inspiração” na sua utilização, o responsável promete novos desenhos para os mesmos (“inspire me”), nos quais deverá ser evidente alguma “gamificação” de processos.
Paradigmáticos da estratégia da Unit4 são a FinancialForce e os serviços disponibilizados por esta “joint venture”, mantida com a Salesforce.com. José Duarte classifica essa plataforma, para contabilidade e serviços profissionais automatizados, como um “ERP centrado no cliente”.
Com o ERP Agresso a ganhar maior presença num modelo de cloud computing, haverá o risco de sobreposição e canibalização de vendas. Mas o executivo, embora admita haver alguma sobreposição de oferta, considera existir “espaço” para as duas plataformas terem sucesso.
A Unit4 prepara-se para lançar uma nova geração de aplicações de negócio, com melhorias na análise de dados “in-memory”, e de incorporar nela dados provenientes de fora do sistema. No final do ano, o ERP deverá ganhar mais dois módulos de gestão de recursos humanos.