Após ligação de primeiro cabo submarino em 1893, empresas encerraram no virar da década de 70 do século passado, deixando um espólio “ainda suficientemente significativo”.
A cidade da Horta, nos Açores, pretende criar um espaço museológico sobre cabos submarinos.
Numa resolução da Assembleia Legislativa dos Açores, aprovada em Dezembro e hoje publicada em Diário da República, propõe-se ao Governo Regional a afectação da Trinity House (na foto) para esse espaço museológico dos cabos submarinos, a criação de um “Roteiro das Telecomunicações” ou a construção do Memorial da Alagoa, “elemento arquitetónico para assinalar o local onde amarraram os primeiros cabo-submarinos estrangeiros”.
O primeiro cabo operacional com o continente ocorreu em 1893, ligando Carcavelos à Horta, recorda o site de turismo da Câmara Municipal da Horta. Em 1928, já eram 15 cabos telegráficos submarinos também “ligados à Inglaterra, Estados Unidos da América, Canadá, Irlanda, França, Cabo Verde, Itália e Alemanha, o que fazia com [que] a cidade constituísse um dos maiores centros de comunicações” mundiais.
A última companhia estrangeira de cabos telegráficos submarinos encerrou em 1969 e “ficaram os edifícios imponentes como a ‘Trinity House’, assim chamado por albergar as três companhias e os bairros administrativos e residenciais como as ainda hoje designadas, Colónia Alemã, pertença do Governo Regional e a instalação da companhia americana Western Union, atual Faial Resort Hotel”.
“Apesar da delapidação de aspetos notáveis deste património, o que sobra é ainda suficientemente significativo”, considera a resolução, lembrando que alguns dos funcionários, ex-cabo-grafistas, criaram há alguns anos o Grupo dos Amigos da Horta dos Cabos Submarinos, que “assegurou avanços consideráveis na recuperação de equipamentos, na captação do interesse de centros de investigação universitária para aprofundamento historiográfico, assim como na mobilização de apoios de parceiros internacionais”.
Na Trinity House “pretende-se reconstituir o funcionamento original do equipamento de transmissão utilizado pelas companhias cabo-telegráficas da altura, refletindo a base científica subjacente aos processos de telegrafia submarina, recorrendo ainda a suportes virtuais, que permitam estabelecer parcerias de complementaridade, com parceiros do Atlântico Norte e do Sul”.