OpenFlow e SDN: o futuro das redes

Utilizadores podem personalizar as redes de acordo com as necessidades locais, eliminar ferramentas desnecessárias e criar redes virtuais.

O futuro das redes será definido por software. Esse foi o tema principal do recente Open Networking Summit, um encontro dedicado às redes definidas por software (SDN) e ao protocolo OpenFlow, que leva uma programação simplificada aos dispositivos de rede (switches e routers, físicos e virtuais, de diversos fornecedores) através de uma interface normalizada.

Com um forte conteúdo tecnológico e pouco marketing, o Open Networking Summit foi organizado pela Universidade de Stanford – onde o OpenFlow foi concebido – e pela Open Networking Foundation (ONF), organização formada no início deste ano para normalizar o OpenFlow e a SDN.

Os 1.600 inscritos – parte deles responsáveis por mais de 25 demonstrações – são uma prova irrefutável de que já não se está perante um projecto de investigação. “De facto, o SDN possibilita que os clientes e utilizadores façam coisas que não podiam fazer antes”, afirma Dan Pitt, vice-presidente e director-executivo da ONF.

O quê, por exemplo? Programar uma rede como se fosse um computador. O OpenFlow, ou qualquer API que forneça uma camada de abstração da rede física para o elemento de controlo, permite que a rede seja configurada ou manipulada através de software, o que a abre para maiores inovações, segundo os participantes da conferência.

“A proposta de valor é a capacidade de inovar dentro da rede afim de obter vantagens competitivas”, argumenta Martin Casado, cofundador e CTO da Nicira Networks, empresa de virtualização de rede. “Quando se dissociam as camadas, elas podem evoluir independentemente”, diz.

A SDN fornece abstração em três áreas da rede: no estado distribuído, no encaminhamento e na configuração, refere Scott Shenker, fundador do conselho da ONF e professor da Universidade de Berkeley. As abstrações são a chave para extrair simplicidade. “Utilizar as redes hoje significa dominar a complexidade”, diz.

“A capacidade de combinar a complexidade não é a mesma coisa que a capacidade de extrair simplicidade”, argumenta Shenker. “SDN é uma mudança imensa no paradigma da função de controlo logicamente centralizado”, completa.

Com o OpenFlow/SDN, os utilizadores podem personalizar as redes de acordo com as necessidades locais, eliminar ferramentas desnecessárias e criar redes virtuais e isoladas, assegura Nick McKeown, professor de engenharia eléctrica e ciência da computação em Stanford. Eles também podem aumentar o ritmo da inovação através do software, em vez do hardware, o que irá acelerar a troca de tecnologia com parceiros e a transferência de tecnologia entre universidades.

Mas existem alguns alertas. O OpenFlow e as SDNs acabaram de sair dos laboratórios de investigação e de entrar em produção. O OpenFlow é imaturo e não foi testado em implantações de rede de larga escala, disseram alguns participantes. A escala, tolerância a falhas e a segurança foram questionadas e pode levar anos para que a tecnologia se manifeste de modo significativo nos ambientes de produção.

Efeito Cisco
Como fornecedora líder em routers e switches, a Cisco pode ter muito a perder com a mudança para o SDN. Apesar de ser membro da ONF e planear colocar o OpenFlow na sua linha de switches Nexus, a SDN pode tirar a proposta de valor do discurso de vendas da empresa.

David Meyer, engenheiro da Cisco, conta que a empresa compreende o potencial impacto do OpenFlow/SDN e está a formular uma resposta ao mesmo.

Independente disso, as empresas e os data centers de grande escala necessitam disso agora, refere Igor Gashinsky, arquitecto-chefe da Yahoo.

“Um dos problemas é a descoberta da topologia”, refere. “Os routers gastam mais de 30% dos ciclos de CPU refazendo a descoberta da topologia. Já temos isto numa base de dados central, vamos apenas programá-la!”

Com uma API geral como o OpenFlow, a SDN torna muito mais simples a introdução de novos fornecedores de sistemas operativos, diz Gashisky. Permite que os utilizadores criem plug-ins para adicionarem características ao plano de controlo sem terem de modificar o hardware fundamental – ou melhorar o hardware sem modificar o plano de controlo, diz. “É como a mudança dos mainframes para os servidores Linux”, compara Gashinsky.




Deixe um comentário

O seu email não será publicado