Vigilância tem de ser cara outra vez

O especialista em segurança, Bruce Schneier, apelou a uma audiência de técnicos, durante a Usenix, para tornar as escutas de governos mais difíceis. A utilização da cifra foi uma das suas sugestões.

As contínuas revelações contínuas sobre a espionagem governamental electrónica dos EUA apontam para um problema maior do que as prevaricações da National Security Agency (NSA). Mais importante do que até certas falhas de segurança, a controvérsia sugere questões ainda por resolver em torno da propriedade dos dados, argumentou o especialista em segurança, Bruce Schneier .

“Fundamentalmente, este é um debate sobre partilha de dados, sobre a vigilância como um modelo de negócio, sobre a dicotomia dos benefícios sociais dos grandes volumes de dados face aos riscos individuais inerentes aos dados pessoais”, disse Schneier a uma plateia de participantes do Usenix LISA  (Large Installation System Administration Conference), realizada em Washington esta semana.

“Podemos não ficar convencidos, mas o argumento básico da  NSA é ‘Você deve dar -nos os seus dados, para zelarmos pela sua segurança”. Mas na maior do seu discurso, Schneier exortou o público a pensar para além da presente controvérsia ligada à NSA: e pensar sobre as formas como as pessoas geram dados e a maneira como as grandes empresas ganham dinheiro a partir dessas informações.

O que as revelações sobre a NSA mostram é que “tornamos a vigilância demasiado barata”. “Temos de a tornar cara novamente”, apelou Schneier.

“O objectivo deve ser o de forçar a NSA, e todos os adversários semelhantes, a abandonar a recolha de informação a grosso, em favor de uma recolha direccionada”. O modelo principal de negócios da Internet tem o sido da vigilância, alerta Schneier.

São as empresas como a Google e a Facebook que estão a recolher dados sobre as actividades das pessoas, em vez das agências governamentais secretas. Schneier observa que o custo da computação e armazenamento continuar a cair.

E assim é mais fácil para a maioria das pessoas e organizações, não só criarem uma grande quantidade de dados, mas também manterem todos os dados gerados. Este modelo de negócio, no entanto, torna relativamente fácil para a NSA, ou qualquer outra agência de inteligência aceder a tais fontes de dados.

“Como podemos projectar sistemas capazes de beneficiar a sociedade como um todo, e ao mesmo tempo proteger os indivíduos? Este é o problema que devemos resolver “, disse Schneier.

“Quanto mais se possibilitar a utilização da cifragem, mais seguros estarão todos”, considerou. A rede Tor fortemente cifrada, por exemplo, tem sido imune à espionagem, para grande irritação do NSA, notou.

Nada a esconder

No final da apresentação, um participante perguntou como Schneier responderia a quem não se sente incomodado pela espionagem de governos, por não ter nada a esconder. O especialista sugeriu que se perguntasse as essas pessoas de quanto era o salário delas. Ou sobre detalhes das fantasias sexuais delas.

“Pode recordar-lhe que a Google conhece as fantasias sexuais de todos aqui na sala. Isso é muito assustador “, ironizou.

(Joab Jackson, IDG News Service Nova Iorque)




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