“Não há mais dinheiro na Europa”, dizem operadores

A Europa tornou-se um ambiente sufocante para a expansão e os investimentos dos operadores de telecomunicações. A redução das tarifas de roaming só piora a situação, segundo a Orange, Vodafone e Deutsche Telekom.

“O nosso principal problema na Europa é não termos crescimento”, disse em Bruxelas o CEO da Orange, Stephane Richard, durante uma conferência da ETNO, associação europeia de operadores de telecomunicações. De acordo com o Computerworld.es, o responsável disse que “a Europa tem de aceitar a ideia de que o preço pelos serviços, pelas novas tecnologias, pela banda larga móvel e fibra tem de ser um pouco aumentado”.

Caso contrário, este responsável não sabe como se poderá gerir a situação.”Não há mais dinheiro na Europa”, disse.

Os operadores estão a rebelar-se contra as propostas da Comissária da União Europeia para a Agenda Digital, Neelie Kroes: a responsável quer eliminar as tarifas de roaming, quando forem normalizadas algumas regras, tais como a atribuição de espectro, diz o artigo.

Contudo, dessa forma, os operadores dizem-se privados de uma importante fonte de receitas num mercado já difícil e imerso em guerras de preços nas economias fracas de vários países da UE. “Remover as barreiras é bom para o sector”, disse Kroes num discurso em Bruxelas, durante a conferência.

“Mas isso não se pode fazer sem eliminar as tarifas de roaming, sem eliminar taxas arbitrárias para as chamadas entre os países”, defendeu. As empresas europeias de telecomunicações têm investido menos 2% ao ano em infra-estrutura nos últimos cinco anos, o que significa 3,5 milhões a menos nos gastos de 2012 em relação a 2008, de acordo com um estudo realizado pelo Boston Consulting Group.

Espera-se também que o volume de negócios dos operadores desacelere 2% ao ano até 2020, com uma queda acumulada de 190 mil milhões de euros, de acordo com o estudo. Os operadores querem maior liberdade para consolidar e menos supervisão reguladora sobre vários aspectos das suas redes: por exemplo, como é que a tecnologia pode ser usada nas suas redes ou quanto podem cobrar a outras empresas pela utilização da sua infra-estrutura, disseram vários dos executivos.

Dizem precisar de liberdade para consolidar os diferentes mercados e estabilizar preços, explica o artigo.

Poucos incentivos para a consolidação

“Há pouco nas propostas que permitam especificamente fazermos maior consolidação”, disse Philipp Humm, director da Vodafone Europa. No entanto, a frustração da indústria com os reguladores pode levar a fusões e aquisições na indústria em toda a Europa, e ao aumento da valorização das acções associadas, diz Robin Bienenstock, analista da Sanford C. Bernstein.

“O regulamento tem sido tão excessivamente frustrante que começamos a ver as empresas a reagirem”, argumentou Bienenstock. “Não podemos competir no nosso meio ambiente”, disse Timotheus Hoettges, da Deutsche Telekom. “A Europa tem uma escala muito pequena para ser relevante”.

Hoettges disse ainda que os grandes operadores europeus teriam de se juntar para obter um valor de mercado semelhante ao da AT&T, a maior empresa de telecomunicações dos EUA.




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