“Benefícios das SDN são transversais à dimensão das empresas”

O projecto de avaliação da implantação do conceito de Software Defined Networks (SDN) na PT poderá ganhar importância, considera João Paulo Fernandes, director-geral na NEC Portugal. A adopção em Portugal deverá acompanhar o ritmo internacional.

Conforme o conceito de Software Defined Networks (SDN) ganhar alicerces mais firmes, o director-geral de vendas e marketing da NEC Portugal, João Paulo Fernandes, espera que ele se dissemine por todo o tecido empresarial português. Os benefícios “são transversais à dimensão das empresas”, justifica.

Outra expectativa do responsável é poder ganhar trunfos com o efeito replicador do conceito e do projecto em curso na Portugal Telecom (PT). Um dos principais desafios da generalização da adopção é ainda a estabilização dos padrões tecnológicos.

Mas na visão do responsável o contexto de negócio para a emergência da tecnologia está estabelecido. Hoje a configuração e parametrização de uma rede tem de ser executada, de forma estática, em todos os dispositivos que integram cada um dos nós dessa rede.

São esses dispositivos que implementam não só o hardware para o processamento e encaminhamento dos pacotes, como também o software necessário à configuração e controlo das comunicações em cada nó da rede. Quando se pretende alterar a tipologia da rede ou implementar algum novo serviço o software de controlo em cada dispositivo tem não só de ser inicialmente configurado, como essa configuração tem de ser actualizada.

A complexidade de configuração do equipamento torna-se ainda mais elevada , com o crescimento na utilização das redes, a maior procura de serviços de rede de banda larga, mobilidade e cloud computing – factores que conduzem a redes com um número cada vez maior de nós e de dispositivos de rede. Como resultado há um incremento dos custos operacionais e um cada vez maior time-to-market no lançamento de novos serviços, segundo o responsável.

Computerworld – No âmbito da adopção de tecnologia SDN o que está a ser desenvolvido/implantado mais concretamente no centro de dados da PT?
João Paulo Fernandes –  A NEC e a PT acordaram colaborar para avaliação da virtualização de redes em centros de dados e redes de operador, com base na tecnologia “Software Defined Network” (SDN). Este acordo irá permitir que ambas as empresas testem e avaliem a viabilidade comercial e os benefícios resultantes da utilização de SDN nos centros de dados de um Operador.

A NEC e a PT irão implementar a solução SDN com base nos comutadores e controlador da série “Programmable Flow” da NEC e irão testar a sua capacidade para superar os desafios económicos e operacionais das arquitecturas de rede tradicionais.

CW – Que importância poderá ter esse projecto no vosso negócio em Portugal? Poderá ser replicado noutros operadores em Portugal?
JPF – As soluções para as novas redes SDN são, para a NEC, um investimento estratégico, dado o enorme potencial de transformação de mercado que este conceito encerra, por via da nova forma como as redes de comunicações serão entendidas e construídas.

Nessa medida, todos os projectos de SDN em que a NEC está envolvida são importantes para a empresa, Neste caso concreto, essa importância é reforçada pelo facto de o acordo ter sido efectuado com o maior operador português, que é também um importante operador global, com presença relevante na América Latina, África e Ásia. Esse facto, aliado ao potencial de replicação e carácter embrionário deste novo conceito SDN, poderá tornar este acordo numa importante referência não só para o negócio em Portugal, como também para o negócio com outros operadores e noutros países.

CW – Quando ou em que medida poderá generalizar-se no mercado português?
JPF – O mercado português é geralmente encarado como um mercado “early adopter” (ndr: pioneiro na adopção). Nessa medida, a generalização da instalação das novas soluções SDN no mercado nacional deverá acompanhar, ou até mesmo preceder, a sua correspondente implantação no mercado internacional.

Esta deverá estar, durante 2013, na zona inicial da tradicional curva de adopção de novos produtos, devendo começar a acelerar e a acentuar-se, de acordo com a generalidade dos analistas de mercado, a partir de 2014.

CW – Alguma vez fará sentido uma PME adoptar as SDN? Em que ambientes de TIC fará sentido ou valerá o investimento?
JPF – Os benefícios das redes SDN, quer em termos de redução de custos (de investimento e operacionais), quer em termos de aumento de receita (por via da maior flexibilidade e rapidez destas redes em acomodar novos serviços e permitir o seu rápido lançamento) são transversais à dimensão das empresas. Assim, qualquer empresa que necessite de utilizar redes de comunicações no seu negócio, poderá beneficiar da migração da sua rede tradicional para uma rede baseada em SDN.

Naturalmente que, quanto maior for a dimensão da rede tradicional em causa, mais palpável e rápido será o retorno da sua migração para SDN, razão pela qual a adopção deste conceito está a iniciar-se pelas empresas que exploram redes de grandes dimensões (Operadores de Telecomunicações e Data Centres). Mas sem duvida conforme o conceito se for generalizando, também as PME irão ser atraídas pelo SDN.

CW – Do vosso ponto de vista quais são os maiores desafios para a tecnologia se implantar? O que pode mudar ainda nas SDN?
JPF – A implantação desta tecnologia é já dada pela Industria em geral como um facto adquirido, pelo que a questão não é tanto se o SDN irá ser adoptado pelo mercado mas sim quando é que isso acontecerá em larga escala. Nesse âmbito, um dos factores mais importantes na maior ou menor rapidez de adopção será a estabilização dos padrões de SDN actualmente em discussão nos organismos internacionais de normalização, como o Openflow, a qual permitirá aumentar o grau de confiança do mercado na maturidade da tecnologia.

CW – Quais são as ideias principais da estratégia tecnológica da NEC para as SDN?
JPF – No novo conceito SDN, a configuração e definição da rede é controlada dinamicamente por software e já não tem de ser efectuada estaticamente em cada dispositivo da rede. O processamento das comunicações é separado do controlo das mesmas, continuando o primeiro a ser assegurado pelo hardware de cada dispositivo dos nós da rede, mas passando o segundo a ser assegurado por software de controlo da rede implementado nos seus pontos centrais.

Torna-se possível criar redes virtuais por alocação dinâmica dos recursos das redes físicas, permitindo adicionar dessa forma o conceito de virtualização da rede aos actuais conceitos, já existentes, de servidores virtuais e de armazenamento virtual. Os sistemas de informação, incluindo agora também as redes, passam a ser programáveis por software e podem ser alterados de forma flexível de acordo com as condições de operação e as necessidades das aplicações, incluindo as necessidades de tráfego.

Isto permite que também as redes passem a beneficiar de uma das grandes vantagens oferecidas pela virtualização de recursos: a capacidade de adaptar dinamicamente os sistemas de rede de acordo com a utilização que deles se faz em cada momento, em vez de investir estaticamente em sistemas sobredimensionados para os picos de tráfego que possam ter de suportar, apesar de, durante a maior parte do seu tempo, o tráfego efectivamente encaminhado por esses sistemas ser bastante mais reduzido.

Os protocolos utilizados para efectuar o controlo dos dispositivos da rede, a partir dos controladores centrais, está a ser objecto de normalização internacional, permitindo a programação das redes por recurso a padrões abertos. Um desses protocolos normalizados para implementação de SDN designa-se Openflow, estando actualmente a ser adoptado pela maior parte dos fabricantes de rede.

A NEC foi uma das empresas pioneiras no desenvolvimento de redes SDN e no trabalho de definição do protocolo Openflow, tendo sido uma das primeiras empresas a nível mundial a lançar comercialmente soluções SDN baseadas em Openflow. Para este efeito, a NEC desenvolveu uma nova família de produtos designada NEC Programable Flow Series. Dado que o SDN é uma tecnologia baseada em software, a NEC está a integrar esta nova família de produtos com as suas actuais ofertas NEC/Netcracker para suporte às Operações e ao Negócio dos Operadores de Telecomunicações (OSS/BSS), visando com isso facultar soluções de software completas que permitam uma transição gradual e evolutiva das redes actuais para as novas redes baseadas em SDN.




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