Os cinco principais critérios que as organizações devem ter em conta antes de tomarem a decisão de compra final, explicados por Gonçalo Tavares, responsável técnico da Enterasys.
As grandes vantagens das novas tecnologias móveis para a operacionalidade das empresas estão a fazer com que muitas delas considerem pela primeira vez a possibilidade de implementar uma rede WiFi como infra-estrutura de rede primária. A rede wireless já deixou de ser algo que simplesmente “é bom ter” estando a tornar-se cada vez mais num elemento crítico para o negócio, ao ponto de ser o principal – e por vezes até o único – meio de conectividade na empresa.
E uma vez tomada a decisão de dar este importante passo de evolução tecnológica, a primeira coisa a fazer é definir o que realmente é necessário: há que analisar que meio tecnológico queremos criar, quais são as necessidades do nosso negócio, que aplicações e serviços queremos que estejam disponíveis em mobilidade, quem vão ser os nossos utilizadores e com que dispositivos se vão ligar à rede, etc. Neste ponto pode ser muito útil contar com a colaboração e assessoria de um parceiro tecnológico ou fornecedor de tecnologia, isto é, alguém experiente que pode ajudar a definir o plano de mobilidade da empresa.
O passo seguinte é analisar o mercado e ver que oferta de soluções existe, e qual delas é a solução que melhor se adapta às necessidades desse negócio em concreto. E a tarefa não é fácil. A oferta é muito ampla, as soluções muito diferentes entre si, e as mensagens e informação dos fabricantes dessas soluções nem sempre são claros.
Este é o momento de definir os critérios que ajudarão a seleccionar a solução WiFi. Evidentemente, este tipo de redes atingiu um ponto de complexidade e criticidade dentro das organizações que o simples critério de “aquela que me ofereça uma conectividade básica” não chega.
Por outro lado, o custo do equipamento, ainda que seja um ponto importante, é mais um condicionamento do que um critério propriamente dito, já que nos diz simplesmente que solução podemos dar-nos ao luxo de comprar, mas não qual é a mais adequada para as nossas necessidades. Além disso, o parâmetro “custo” tem muitas variáveis que se devem avaliar em detalhe, como veremos adiante.
Vamos analisar os cinco critérios chave que qualquer organização deve ter em conta antes de tomar uma decisão sobre a sua escolha final, dentro de um leque de soluções que a priori podem satisfazer as necessidades do seu negócio.
1. Custo
O custo de uma solução WiFi é um parâmetro complexo, que vai para além do “preço de catálogo” do equipamento correspondente. Em muitos casos, a solução completa e completamente operacional inclui não só o custo dos equipamentos, como também muitos extras que têm que ser pagos à parte, tais como licenças, subscrições e outras opções variadas. Quando por fim temos a solução realmente operacional, o custo final pode ser sensivelmente superior ao preço base. Devemos exigir ao fornecedor que especifique o que realmente está incluído no preço básico da solução, que licenças ou extras adicionais têm que ser adquiridos para que a solução ofereça as funcionalidades necessárias (por exemplo, tem que se pagar algum extra por um controlador redundante?), que garantia oferecem os equipamentos, etc. Se o fornecedor ou fabricante não é capaz de explicar o seu sistema de preços de uma forma rápida e fácil de entender, devemos desconfiar.
Por outro lado, quando analisamos o preço, não devemos limitar-nos ao custo da implementação ou do projecto propriamente dito. Quando a rede já está em funcionamento, esta apresenta custos de operação que, de algum modo, também fazem parte do custo total da solução. Uma boa solução não deveria gerar mais complexidade ou colocar desafios de gestão ao departamento de TI. Aqui podemos valorizar aspectos como a sua integração com as ferramentas de gestão que já utilizamos, o que evitará a duplicação de esforços na administração da rede.
2. Infra-estrutura crítica
Como já foi dito, a rede WiFi é, hoje em dia, um elemento crítico da infra-estrutura e, em muitos casos, o principal ou único meio de conectividade na empresa. A disponibilidade é crítica e os utilizadores esperam que a rede esteja sempre disponível, a partir de qualquer lugar e sem problemas. É de esperar que uma solução de rede para empresas inclua alta disponibilidade como funcionalidade básica. No entanto, não é demais assegurar uma série de questões como, por exemplo, se essas funcionalidades de alta disponibilidade vêm de série ou se é preciso adquirir hardware adicional ou algum tipo de licença para a ter, através de que mecanismos a conectividade é garantida em caso de falha de um controlador, e se se trata de uma solução “enterprise” genuína ou de um produto para redes doméstica ou “SOHO” disfarçado.
3. Integração com a rede de cabo
A integração de ambas as redes, sobretudo ao nível da gestão, é algo muito importante do ponto de vista do custo e da eficiência operacional da infra-estrutura. Uma solução de gestão cabo/WiFi bem integrada e unificada pode reduzir o TCO [custo total de operação], ao eliminar a necessidade de recursos de TI adicionais e possibilitar a gestão de toda a rede a partir de uma única consola de gestão. Por outro lado, é mais fácil oferecer uma experiência de uso consistente se a rede de cabo e a rede WiFi estiverem unificadas e são geridas através de uma única plataforma de gestão integrada.
A verdade é que, de todo o panorama de fabricantes de soluções WiFi “enterprise”, não são muitos os que estão em condições de oferecer este nível de integração. Por um lado, temos fabricantes de WiFi emergentes, que carecem da experiência e ferramentas para gerir dispositivos de rede para além da rede WiFi. Por outro lado, os fabricantes tradicionais de rede têm sistemas de gestão muito completos, mas falta-lhes capacidade de integração.
Neste ponto, podemos indagar sobre o portefólio completo do fabricante, se tem soluções para ambos os meios (cabo/WiFi) e em que medida se integram, se dispõe de uma consola de gestão única para toda a rede e se a rede permite definir políticas para toda a rede de uma só vez, sem diferenciar ambos os segmentos.
4. Densidade e capacidade
Este é um aspecto que muitas vezes é ignorado e há aqui vários factores a ter em conta. Quando se têm múltiplos utilizadores móveis a aceder por WiFi a partir de múltiplos dispositivos e com expectativas de rendimento similares às da rede de cabo, é necessário ter uma rede WiFi preparada para meios de alta densidade de dispositivos. Mas o desenho deste tipo de rede é mais do que apenas colocar pontos de acesso repartidos.
Neste campo deve-se valorizar a capacidade dos pontos de acesso para suportar conexões concorrentes ou múltiplas opções de antena, que rendimento oferecem, para que não causem congestão logo no acesso, ou se a ligação para o utilizador móvel é fácil e transparente (por exemplo, graças à aplicação de políticas ao utilizador sempre que se liga, mantendo-as durante toda a ligação, ainda que passe de uma rede para outra).
5. Suporte técnico
O suporte técnico é muitas vezes o “calcanhar de Aquiles” de muitos fabricantes. Um bom serviço de suporte é muito mais do que proporcionar um número de telefone de apoio ao cliente quando algo não funciona. Um verdadeiro serviço de suporte exige todo um leque de serviços profissionais, que vão desde o desenho da rede até à implementação, passando pela formação técnica personalizada e pela resolução imediata do problema em caso de incidente.
Podemos perguntar ao nosso fornecedor se se encarrega de oferecer o serviço ou se o encomenda a terceiros, que experiência técnica tem o pessoal responsável pelo serviço, há quantos anos funciona o serviço e se se envolve o departamento técnico no desenho e implementação de projectos.
Como vemos, uma solução de rede WiFi para empresas está longe de ser uma “commodity”. A assessoria de um parceiro tecnológico especializado é muito importante, mas em qualquer caso nunca é demais conhecer alguns pontos críticos a ter em conta.