Foram encontrados vários produtos do fabricante em sistemas de comunicação de países com violações de direitos humanos e práticas de censura e exercício de censura.
Um grupo de reflexão canadiano, o Citizen Lab apelou ao escrutínio da actividade da Blue Coat Systems, pelos EUA. Uma nova análise técnica mostrou uma ampla utilização dos produtos do fabricante em países com graves violações dos direitos humanos e práticas de censura.
A organização com sede na Munk School of Global Affairs da Universidade de Toronto, publicou um relatório no qual demonstra como a tecnologia está implantada nos principais pontos de concentração de sistemas de telecomunicações. O relatório foi o resultado de várias semanas de análise técnica – terminou no início deste mês – e focou-se em dois produtos, o ProxySG e o PacketShaper.
O Citizen Lab considera que esses produtos têm funções específicas de vigilância, filtragem e censura. O ProxySG foi encontrado em utilização no Egipto, Kuwait, Qatar, Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
O PacketShaper surge no Afeganistão, Bahrein, China, Índia, Indonésia, Iraque, Quénia, Kuwait, Líbano, Malásia, Nigéria, Qatar, Rússia, Arábia Saudita, Coréia do Sul, Cingapura, Tailândia, Turquia e na Venezuela – revelou o documento. “Esperamos que a Blue Coat aproveite este relatório como uma oportunidade de explicar as suas diligências para assegurar que os seus dispositivos não são usados para violar os direitos humanos”, desafia o Citizen Lab no seu relatório.
A Blue Coat a empresa admitiu no final de 2011 que alguns de seus produtos de filtragem da web acabaram por ser instalados na Síria, apesar de um embargo dos EUA. Após uma investigação, o fabricante revelou que o fornecimento produtos em questão destinava-se inicialmente ao Dubai e ao Iraque.
Mas esta empresa é apenas uma, entre produtores de software semelhante, incluindo a McAfee, a Cisco, a Websense, e a Zscaler, disse o relatório. Os produtos dessas empresas têm uma natureza que suporta uma “dupla utilização”, exigindo supervisão para se evitarem abusos quanto a direitos humanos, defende a Citizen Lab.