Mudança simbólica quando os salários em TI na Índia para todas as empresas estão próximos do salário mínimo na América.
Há uma diferença na maneira como empresas de TI norte-americanas e indianas registam o seu pessoal, e isso diz muito sobre a globalização.
As empresas indianas diligentemente reportam a contratação trimestre a trimestre. É uma métrica fundamental e fonte de orgulho. Entre aqueles a fornecerem dados detalhados está a empresa de serviços de TI Tata Consultancy Services. Ela emprega cerca de 250 mil pessoas, com cerca de 90% da sua força de trabalho a ser indiana.
Nos EUA, a história é outra. As grandes empresas de TI – Hewlett-Packard, Dell, Oracle e muitas outras, com excepção da Microsoft – só fornecem as contagens globais, e não os dados por país.
Quando a HP, por exemplo, anunciou despedimentos globais no início deste ano, não detalhou quantos trabalhadores norte-americanos iriam ser afastados.
Durante anos, a IBM foi uma excepção a esta prática da indústria. Revelou sempre os seus empregados nos EUA até 2010, quando o seu relatório anual omitiu os efectivos nos EUA.
A última vez que a IBM fez uma declaração pública sobre a sua força de trabalho americana foi num depoimento ao Congresso no Outono de 2009, quando revelou a sua força de trabalho nos EUA em 105 mil pessoas. Eram 121 mil no final de 2007, e mais em anos anteriores.
No momento em que a IBM parou de revelar os seus efectivos nos EUA, foi começando a parecer que a Índia estava numa trajectória para superar a força de trabalho norte-americana. Cruzar esse limiar é uma mudança simbólica, mais do que qualquer outra coisa – uma nota de rodapé na globalização. Com uma força de trabalho global de 430 mil pessoas, menos de um quarto dos funcionários da IBM estão nos EUA
De acordo com um documento interno obtido pela Computerworld, a IBM tem 112 mil trabalhadores na Índia, contra 6.000 em 2002. A IBM não comenta sobre este documento nem o autentica.
Mas também há pouco de surpreendente sobre estes dados. Tem sido amplamente aguardado ao longo do último ano ou dois que a força de trabalho da IBM Índia estava a caminho de ultrapassar a força de trabalho dos EUA, se não o tivesse feito já.
No início de 2010, por exemplo, o diário The Times of India noticiou, sem citar fontes, que a IBM tinha mais de 100 mil trabalhadores na Índia.
A única fonte actual de dados de emprego da IBM nos EUA é [o sindicato dos trabalhadores] [email protected]/CWA Local 1701, que coloca o número de funcionários dos EUA em cerca de 92 mil.
A remuneração média para todos os trabalhadores da IBM na Índia é de 17 mil dólares, de acordo com o documento. Isso pode parecer muito baixo para os trabalhadores de TI norte-americanos mas está em linha com os salários das TI na Índia.
Ron Hira, professor de políticas públicas do Instituto de Tecnologia de Rochester, acredita que o impacto do modelo de terceirização da IBM é visível no custo dos produtos vendidos, que incluem os custos do trabalho, e que passou de 57% em 2003 para 47% em 2011.
A IBM é um “bom microcosmos para a economia americana”, disse Hira, “com crescentes lucros empresariais, preços mais elevados e um fraco mercado de trabalho nos EUA”.