HP Portugal próxima dos 300 milhões de euros

A HP Portugal quer alargar a sua área de actuação para os mercados internacionais, através da instalação de centros de competências: a primeira fase poderá arrancar já no primeiro trimestre de 2013.

“Foi muito difícil”, admite o director executivo da HP Portugal, Manuel Lopes Costa, manter sensivelmente o mesmo nível de facturação no mercado português: o fabricante deverá atingir um volume de negócios “próximo” dos 300 milhões de euros, quando terminar o seu ano fiscal de 2012, no final de Outubro. As projecções para 2013 não são muito favoráveis, e o responsável aposta em grande parte no ”alargamento da área de actuação” da organização.

Essa expansão será feita sobretudo baseada no fornecimento de serviços a mercados internacionais, através de centros de competência, instalados em Portugal, num modelo de outsourcing de “nearshore”. A primeira fase deverá arrancar até ao final do primeiro trimestre de 2013, nas previsões de Lopes Costa.
No final do segundo semestre poderá haver já mais do que um centro, acrescenta. Já no início de 2012, o responsável referira a possibilidade de ser instalado um centro de competências, focado no segmento financeiro, entre outros. Esta quinta-feira, o director executivo não conseguiu ainda confirmar essa instalação. Apresentou várias justificações, sendo uma delas o atraso nas decisões provocado pela conjuntura económica geral.
Outra foi o facto de a HP ter perdido um dos negócios para outras empresas concorrentes. Mesmo assim, a intenção do director-geral é que o “nearshore” chegue a representar 30% da facturação da empresa em Portugal. Contudo, em termos de facturação, o objectivo “mínimo” para 2013 “é manter” o volume de negócios.
16 interlocutores “especiais”
A nova estrutura comercial da HP envolve uma nova equipa de 16 interlocutores, preparados com formação durante seis meses para agirem no mercado português. São como agentes especiais de interface tanto com clientes como com parceiros.
E uma das suas principais funções é desenvolver e direccionar negócio para as linhas de actividade da HP: serem pontos únicos de contacto. São colaboradores especialmente conhecedores dos sectores onde actuam, como o da banca, segundo Lopes Costa.
“Terão de abrir portas e perceber que oportunidades de negócio” podem surgir em clientes, sectores ou com parceiros, esclarece o director-geral. Além disso, a organização está agora organizada em grupos conforme as suas valências mais transversais – por exemplo, o marketing.
Num nível mais executivo, a organização passa a ter uma estrutura de quatro linhas de negócio: Enterprise Group, Printing Personal Systems (PPS), Software Group e Enterprise Services. A primeira é dirigida por Carlos Leite e engloba o negócio de servidores, armazenamento, networking e centros de dados.
José Correia mantém-se à frente da actividade em torno da impressão, e absorve as vendas de PC e tablets – sim, a HP vai lançar em Janeiro o seu primeiro tablet e para o sector empresarial. Na direcção do Software Group estará Filipe Ribeiro – na área com maior potencial de crescimento, considera Lopes Costa.
Este chamou a si a liderança dos Enterprise Services, por esta envolver uma maior complexidade e consultoria, e define a estratégia para tudo o que seja serviços: a prioridade é garantir a rentabilidade dos projectos, e a obtenção de quota de mercado fica para segundo plano.
A HP manter-se-á fora dos negócios nos quais o fornecedor for sobrecarregado com a responsabilidade e o risco ilimitado do projecto. “Quando os contratos de outsourcing correm mal, isso acontece por muitos anos”, ilustra o director executivo.
Nas áreas mais centradas na venda de produtos, as prioridades invertem-se (dentro do que for sensato, segundo o responsável). OS Enterprise Services englobam o negócio de outsourcing de TI, BPO e desenvolvimento à medida.
A linha de negócio de software pode ser considerada como sendo a sexta maior empresa de software no mundo, segundo Filipe Ribeiro. O responsável acredita no potencial que a compra da Autonomy poderá trazer e garante que a fusão decorre conforme planeado.
Em 2012, a linha deverá representar perto de 5% da facturação anual da empresa em Portugal. Sobre o facto de a área estar a demorar a ganhar maior peso no volume de negócios, diz que é mais moroso vender software, comparativamente a PCs.
Manter postos de trabalho
Outra das prioridades para a HP Portugal no próximo ano é a manutenção dos postos de trabalho. Até 2015, a HP pretende despedir perto de 29 mil colaboradores.
Mas José Correia considera que a organização já funciona com um estrutura bastante optimizada e, mesmo na recente restruturação, houve necessidade de alguns colaboradores assumirem novas funções. Outros assumiram funções à escala do mercado ibérico.
Selectividade nos projectos de impressão
No geral, a HP manifesta a intenção de focar-se no mercado empresarial. A linha de negócio de PPS está alinhada com essa ideia embora o mercado de consumo tenha muito peso.
A rentabilidade é a palavra de ordem e, face a isso e nos serviços geridos de impressão, a selectividade quanto aos clientes também ocorre, segundo José Correia. “Procuramos projectos nos quais possamos colocar o nosso valor acrescentado e elevar a nossa proposta”, explica o responsável.
O mesmo declara que a empresa gere já cerca de 60 contratos, em sectores como os da banca e Administração Pública. Avança ainda que os programas de canal serão consolidados e simplificados e conta com os parceiros para chegar a clientes onde a estrutura central não chega.
Além disso, tem fortes expectativas sobre o potencial de negócio trazido com a junção dos negócios de PC e impressão na mesma linha de negócio, sob a mesma de gestão de parceiros.
Quanto ao estado da procura no mercado, José Correia refere apenas que já há dois anos sente a tendência para as empresas adiarem a renovação do parque de impressão instalado. Ou então consolidam o número de máquinas em multifuncionais. Nos PCs, não consegue identificar o mesmo.
Melhoria das condições de financiamento
Face às dificuldades de financiamento das empresas portuguesas, Lopes da Costa diz que o braço financeiro da organização, HP Financial Services, deverá melhorar as condições. Mas as PME não são particularmente bafejadas pelos benefícios, pelo menos na fase actual, considera o director executivo. Os critérios seguidos pela referida divisão têm em conta se as empresas estão sobre-endividadas ou se pagam as contas correntes, entre outros requisitos.




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