CERN encontra partícula parecida com bosão de Higgs

Mais dados precisam de ser analisados para ter certezas sobre as características da nova partícula e o CERN precisa de investir em computação para conseguir analisar esses dados.

Investigadores do CERN (Laboratório Europeu de Física de Partículas) anunciaram esta quarta-feira ter observado uma partícula que se assemelha ao há muito procurado bosão de Higgs, o ingrediente final que falta no Modelo Padrão da física de partículas.
Os cientistas não vão tão longe a reclamar que a partícula subatómica é na verdade o bosão de Higgs, mas dizem que os dados dão “sinais claros” de uma nova partícula que é um bosão muito pesado, diz o CERN em comunicado. Os resultados são preliminares, mas é o bosão mais pesado já encontrado, acrescentou a organização. É necessário mais tempo para determinar se a análise dos dados recolhidos está correcta.
O bosão de Higgs é pensado como parte da explicação do porquê da matéria ter massa, o que, combinado com a gravidade, dá peso aos objectos. Encontrar esta partícula dá aos cientistas uma melhor compreensão da natureza do universo.
Os resultados classificados como preliminares pelo CERN são baseados em dados recolhidos em 2011 e 2012, com os dados deste ano ainda sob análise, segundo o CERN. Os investigadores esperam publicar uma análise no final de Julho e disseram que devem ter uma imagem mais clara das observações no final deste ano, depois do Large Hadron Collider, o maior acelerador de partículas do mundo, fornecer mais dados de experiências.
O CERN vai agora tentar determinar qual é a natureza precisa da partícula e a sua importância para a compreensão do universo. Embora os investigadores pensem que pode ser o bosão de Higgs, eles não descartam a possibilidade de ser algo mais exótico. “O Modelo Padrão descreve as partículas fundamentais do que nós, e cada coisa visível no universo, somos feitos, e as forças que actuam entre elas. Toda a matéria que podemos ver, no entanto, parece não ser mais do que cerca de 4% do total. Uma versão mais exótica da partícula de Higgs pode ser uma ponte para o entendimento dos 96% do universo que permanece obscuro”, explicou o CERN, acrescentando que uma identificação positiva das características da nova partícula ainda vai levar algum tempo e mais dados.
“Sem a rede mundial de computação em ‘grid’, este resultado não teria acontecido”, disse Rolf-Dieter Heuer, director-geral do CERN numa conferência de imprensa. O poder da computação e da rede que o CERN usa é uma parte muito importante da investigação, acrescentou.
O Large Hadron Collider do CERN gera centenas de milhões de colisões de partículas a cada segundo. Gravar, armazenar e analisar essas vastas quantidades de colisões são um desafio enorme, porque os dados do acelerador de partículas produzem cerca de 20 milhões de gigabytes de dados a cada ano. Os dados são medido em quatro pontos ao longo do seu comprimento de 27 km e cada ponto tem as suas próprias experiências e o seu próprio sistema de recolha de dados com milhões de sensores.
Para processar todos os dados, o CERN armazena-os parcialmente nas suas instalações em Genebra, mas tem que distribuir cerca de 80% para centros de dados em todo o mundo através da Worldwide LHC Computing Grid (WLCG).
O CERN iniciou recentemente uma nova fase do seu programa de computação que vai contemplar novos tópicos cruciais para o programa científico do CERN, como computação em nuvem, analítica de negócios, a próxima geração de hardware e segurança para as miríades de dispositivos de rede, de acordo com o instituto. O investimento feito ao longo de três anos representam cerca de oito milhões de euros.
Os investigadores planeiam operar o LHC com uma maior energia e luminosidade para aumentarem as hipóteses de encontrarem partículas mais estranhas.
O CERN precisa de investir em computação porque as experiências do LHC em 2011 obtiveram dados a taxas e volumes que ultrapassaram as previsões mais optimistas. O organismo de investigação colabora com a HP, Siemens, Intel e Oracle para certificar-se que a grande quantidade de dados pode ser manipulada.




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