Vêm aí tempos assustadores para os fabricantes de smartphones

O grande problema é que os fabricantes têm um problema enorme com a diferenciação, diz analista.

O segundo semestre de 2012 será muito desafiante para os fabricantes de smartphones enquanto tentam encontrar formas de diferenciar as suas “placas pretas”, disse Richard Kramer, sócio-gerente da Arete Research, no discurso de abertura da conferência Open Mobile Summit, que hoje se iniciou em Londres.
As vendas de smartphones vão estar entre as 750 milhões e 800 milhões de unidades e somam mais de 230 mil milhões de dólares durante 2012, segundo Kramer. No entanto, a Apple, a Samsung Electronics e a HTC são os únicos fabricantes a ganhar dinheiro, segundo ele.
“Este problema vai piorar em 2012”, disse Kramer.
A questão subjacente é que os fabricantes de telemóveis têm um problema enorme com a diferenciação, enquanto os fabricantes mais recentes esperam margens de lucro menores. A indústria de dispositivos móveis nos últimos três anos moveu-se para fazer produtos que – para o consumidor médio – todos parecem placas pretas planas, disse Kramer.
O resultado final é que o modelo do mercado de PCs está a chegar aos smartphones, de acordo com o analista. Ao mesmo tempo, os custos, incluindo o licenciamento de patentes e de marketing, estão a aumentar para os fabricantes, o que torna a situação actual ainda mais assustadora, disse ele.
Para se salvarem, os vendedores vão ter que mudar.
“Vejo esta indústria a mover-se para o que chamo de fase ‘pós-hardware’. Fizemos hardware e todos nós temos smartphones com ecrãs tácteis de alta velocidade nos nossos bolsos”, disse Kramer.
Uma das maneiras em que os fabricantes esperam diferenciar-se é através da integração do smartphone com outros tipos de dispositivos, incluindo a TV. Por exemplo, a Sony espera revitalizar as vendas de smartphones aproveitando os seus outros produtos de electrónica de consumo.
Mas isso não vai acontecer de um momento para o outro, de acordo com Steve Walker, director de marketing da Sony Mobile Communications, que participou num painel no evento.
“Não vamos fazer convergir tudo de uma vez. O consumidor não vai a uma loja de telemóveis e diz que gostaria de comprar convergência, por favor. O que eles fazem é começar com uma coisa e depois ligá-la a outra, e talvez tentar alguns serviços, e antes que se perceba, as coisas estão realmente a trabalhar juntas”, disse Walker.
Quando todos os telemóveis se assemelham, a marca torna-se muito importante quando as pessoas estão na loja para escolher um novo telefone.
Mas apenas uma marca bem conhecida não é suficiente, de acordo com Walker. O produto ainda precisa de estar à altura da imagem da marca se o consumidor vai comprar novamente um telefone do mesmo fornecedor e, mais importante, recomendá-lo a amigos, referiu.
O mercado de smartphones não é apenas de smartphones de topo para os EUA e Europa, de acordo com Kramer. O que está a acontecer nos mercados emergentes é igualmente interessante e, assim como os consumidores nessas partes do mundo têm comprado dispositivos baratos, eles vão cada vez mais comprar smartphones baratos, que custam abaixo dos 100 dólares, daqui para frente.
“Os mercados emergentes serão cerca de 60% das vendas de smartphones no próximo ano”, disse Kramer.
Por exemplo, a Vodafone está prestes a lançar o Smart 2, que vai oferecer o mesmo desempenho que um smartphone topo de gama tinha há três anos, segundo Patrick Chomet, director do grupo de terminais da Vodafone, que também participou no Open Mobile Summit.
Os smartphones nos mercados emergentes serão cada vez mais associados [“co-branded”] a algum tipo de serviço da Web, enquanto os tablets se vão tornar a plataforma de computação de baixo custo, segundo Kramer.
Dois termos frequentemente usados no mercado dos smartphones, de que Kramer não é grande fã, são “commodity” e “aberto”.
Quando Kramer ouve “commodity”, ele pensa em cobre, milho e trigo, e não em algo em que um departamento de investigação e desenvolvimento passa nove meses a desenvolver. Ele acredita também que algo que é verdadeiramente “aberto” se tornou um mito. As pessoas na Apple, Google, Facebook e Amazon não estão interessadas nisso, segundo ele. “Nenhum desses tipos quer ecossistemas abertos”, disse.




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