Green IT: ganhar prémios internacionais versus reduzir custos. Quantas perspectivas?

Quais as iniciativas que criam maior valor sustentável: ganhar prémios Green IT ou reduzir custos através de práticas e tecnologias verdes? Rui Serapicos, Managing Partner da Acumen Consulting, revela as diferentes perspetivas…

Circuito internacional: Quais os prémios mais reconhecidos?
Uma estratégia de comunicação verde que nunca parece falhar, é a de ganhar prémios.
Atualmente existem várias oportunidades de “brilhar” no mundo das relações públicas internacionais em Green IT. Uma destas oportunidades – senão a principal no reconhecimento de esforços Green IT – é provavelmente o “International Green Awards”. Ganhar este prémio é como ganhar um Óscar da sustentabilidade tecnológica, estão todos lá e todos querem saber quem foi o melhor. Ser reconhecido com um “Green Award” é excelente para a imagem das empresas pois o evento já atingiu reconhecimento à escala mundial e respetiva notoriedade em sustentabilidade nas diferentes indústrias. Desde 2005, o “International Green Awards” expandiu-se significativamente e acumulou grande notoriedade até para outras áreas de negócios. Um séquito considerável de seguidores em todo o mundo cresceu entre profissionais da área de sustentabilidade, jornalistas de negócios, CEOs, diretores de Marketing, e diretores de Responsabilidade Social. Em anos passados, mais de 500 organizações participaram e os anteriores vencedores são nomes conhecidos como Nokia, Toyota e a Fundação Chinesa de Proteção Ambiental. Uma campanha de Green IT que resulta num reconhecimento através do “International Green Award” coloca verdadeiramente as empresas vencedoras como líderes em sustentabilidade.
Existem também os Green IT Awards da revista Green IT. Cada ano, estes prémios são dados a empresas e organizações que contribuem excecionalmente para o desempenho ambiental da indústria de TIs. Este prémio também representa uma boa oportunidade de comunicação pois os vencedores aparecem em destaque na revista Green IT, que se tornou uma proeminente referência da indústria. Estes prémios oferecem uma oportunidade única de promoção na indústria, pois o evento associado é das poucas plataformas que limita o âmbito à indústria de TI.
O Green Dot Awards também tem reconhecimento por empresas de relações públicas mas por razões diferentes. O poder deste prémio resulta em grande parte da promoção através de celebridades. O evento do Green Dot Awards é apresentado por Jagron Boise Thomas, do programa “Planet Green” do Discovery Channel, e é acompanhado por outros anfitriões famosos.
Estes três prémios representam algumas das oportunidades que ocupam o racional central duma campanha de sustentabilidade de uma empresa de relações públicas.
Circuito interno: projetos de maior retorno?
Vejamos agora a área de redução de custos através de práticas e tecnologias verdes. Neste momento a disseminação destas iniciativas está de tal forma desenvolvida que se torna necessário escolher os projetos que maior retorno aportam às empresas.
Numa perspetiva sistémica os projetos de redução de custos podem cobrir desde as áreas mais estratégicas (i.e. risco financeiro, desempenho empresarial, benchmarking, materialidade de eventos e relatórios de conformidade ou mesmo conformidade ambiental) até a áreas mais operacionais (i.e. gestão energética de instalações e de produção, gestão de carbono, gestão de recursos naturais, participação em redes inteligente).
Alguns dos projetos que envolvem a cadeia de abastecimento (sourcing e procurement, rastreabilidade e recolha de produtos, logística verde, planeamento da cadeia de abastecimento) e de produto/serviço (conformidade, segurança do produto, reciclagem, design sustentável, pegada de produtos e serviços) conseguem melhorar rapidamente os resultados destas empresas.
Por outro lado essa melhoria também pode ser medida numa perspetiva de capital humano (diversidade, gestão da força de trabalho, conformidade laboral e direitos humanos). Sendo que o Green IT deixou de ser uma disciplina que se ocupa maioritariamente na redução de custos energéticos, disponibilidade, segurança, acessibilidade e privacidade e passa agora a ter um papel central no suporte à competitividade do negócio.
Desta parafernália de iniciativas emergem quatro áreas com grandes valências para as empresas: gestão energética de instalações e produção, logística verde, pegada de produto e co-inovação.
Em projetos de gestão energética de instalações e produção é desenvolvido uma metodologia em que:
a) estabelece-se um “baseline” de consumo de energia com dados agregados de sistemas e de fornecedores públicos de eletricidade;
b) quantifica-se e compara-se o desempenho de todas as instalações e
c) monitoriza-se o desempenho com um claro entendimento dos indicadores chave de performance.
Assim, esta avaliação de desempenho irá facilitar uma visibilidade completa e precisa do consumo de energia dos ativos em diferentes níveis organizacionais, comparando a eficiência através das áreas produtivas.
Ao analisar tendências de consumo de energia em comparação com padrões históricos e previsões, consegue-se criar alertas em caso de desvios inesperados e gerar oportunidades de redução da fatura energética priorizando com base em parâmetros operacionais e financeiros.
No caso da logística verde, ao reduzir custos de logística através da redução de stocks e aumento da rotação de ativos da rede logística; bem como gerir a complexidade através dum aumento da visibilidade de toda a rede logística e aumentar a colaboração e conformidade ao reduzir emissões e quilometragem com rotas de transporte otimizadas, permite uma aplicação pragmática de tecnologias verdes.
Os projetos de pegada de produto em boa parte estão mais vocacionados para o aumento da rentabilidade do ciclo de vida de produto do que para a redução de custos. Algumas das iniciativas reduzem pegada de carbono, melhoram o uso da água nos produtos, otimizam processos e atividades empresariais, identificam ineficiências e oportunidades em ciclos de produto, e gerem com eficiência requisitos atuais e futuros do ciclo de vida de produto.
Finalmente projetos de co-inovação em parceria com clientes para o desenvolvimento de soluções e serviços verdes, permitem melhorar sustentabilidade e reduzir o consumo de energia colaborando com parceiros de tecnologias com soluções baseadas em benchmarks de energia otimizando desempenho e consumo energético.
Em conclusão para além da perspetiva de reconhecimento internacional, é necessário um trabalho profundo interno e transversal nas organizações para reduzir a fatura energética e ambiental que o atual paradigma empresarial apresenta. Especialmente nos dias de hoje tem-se assistido a um maior envolvimento das empresas na implementação de tecnologias verdes independentemente de todo o potencial de reconhecimento internacional. Pondo de volta os valores do Green IT no prato positivo da balança.




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