Para o CEO da Information Builders, Gerry Cohen, os projectos de desenvolvimento de software continuam a ser difíceis de gerir. No caso do BI, a organização das empresas e a integração dos sistemas são fulcrais.
Muitas poucas empresas estão preparadas para o desenvolvimento ágil de software e implantação de BI segundo metodologias ágeis, de acordo com o CEO da Information Builders, Gerry Cohen.
Há perto de um ano, o responsável não dava muita importância à emergência dessas práticas. Mas hoje reconhece a relevância dessas práticas, especialmente centradas em acelerar os projectos de implantação. Para o responsável, a facilidade de integração da plataforma de BI com os sistemas existentes continua a ser um factor determinante.
Computerworld – Há perto de um ano perguntei-lhe o que achava sobre o desenvolvimento e implantação ágil de BI, mas não o considerou muito importante.
Gerry Cohen – Já não penso assim (risos). Mudei de ideias e digo-lhe porquê: no último ano, o desenvolvimento ágil está a ser bastante mencionado no desenvolvimento normal de software no mundo inteiro. Quando uma empresa faz o desenvolvimento ágil de uma aplicação, existe a forma ou estilo de como ela o faz.
Em teoria, configuram-se grupos mais pequenos focados em produzir alguma parte do software, corre-se a aplicação, avalia-se, muda-se e volta-se a testar. Nós sempre fizemos o desenvolvimento assim.
CW – Como?
GC – Há 30 anos usávamos o que chamamos uma linguagem de quarta geração. Os clientes desenhavam as suas aplicações usando a nossa linguagem.
Esta tinha dois componentes, uma para os relatórios e outra para o controlo de tudo. E à medida que se avançava, colocava-se a correr e mostrava-se o que se tinha terminado.
Era muito linear e chamávamos a isso prototipagem. Quando faltava alguma coisa, acrescentava-se. Demorávamos quatro a seis meses a desenvolver uma aplicação para um cliente.
CW – Mas o desenvolvimento ágil emerge também como uma resposta a vários problemas ou necessidades, entre as quais a de desenvolver aplicações mais rapidamente. E sem ter de esperar pelo lançamento da próxima versão da aplicação para ter uma funcionalidade.
GC – Sempre houve problemas associados ao desenvolvimento de software. São grandes projectos. E têm surgido muitas metodologias por ter havido muitos falhanços. Sabe quantos projectos falhados tem a Accenture? Provavelmente o mesmo número que os bem sucedidos.
Veja-se o número de processos a quais estão sujeitos. Os projectos de programação são, por natureza, difíceis de gerir. O número de empresas capazes de fazer desenvolvimento é diminuto.
CW -Tem a ver com a sua própria organização?
GC – Claro.
CW – Mas assumindo que é herdeiro da prototipagem, o desenvolvimento ágil promete ser mais rápido, não é?
GC – É mais rápido porque os fabricantes dizem assim: “nós não começamos a trabalhar sem você definir quais são os requisitos”. Depois o cliente leva um ou dois meses a descrever os requisitos.
Contudo o utilizador de negócio não os descreve ele mesmo: pede a um gestor de sistemas para o fazer . E talvez este não tenha percebido bem a questão.
Três meses mais tarde, quando está tudo pronto, o resultado pode não corresponder às necessidade. Seja porque o utilizador disse uma coisa, querendo dizer outra , ou porque as necessidades mudaram.
Nós mostramos logo ao cliente o que vamos terminando. É tudo feito de forma interactiva e assim evitam-se os erros.
Os nossos projectos demoram em média seis meses. Tivemos projectos que demoraram anos, quase sempre com o sector público.
CW – Mesmo assim as empresas parecem precisar que sejam mais rápidos?
GC – Nós somos os mais rápidos do mundo! Explico-lhe: quando os dados estavam no mainframe, em menos de um ano a nossa tecnologia passou a ler todos os ficheiros lá instalados. Assim que saiem novos tipos de ficheiros, temos um departamento que é a “fábrica de adaptadores” que desenvolve adaptadores.
A SAP é o nosso maior cliente neste negócio. Fornecemos-lhes os adaptadores para os seus sistemas lerem os dados dos produtos da Oracle e de outras tecnologias.
E o nosso segundo maior cliente neste negócio é a Oracle, a quem fornecemos adaptadores para comunicarem com os produtos SAP. A integração fez sempre parte do nosso negócio!!
CW -A velocidade de desenvolvimento e implantação continua a ser uma questão de integração?
GC – Sim, porque quando as empresas não têm data warehouse e querem extrair dados, estes estão normalmente espalhados por vários sistemas diferentes de fabricantes. A informação sobre os clientes está num sistema particular num tipo de ficheiro, e os dados de pagamento estão noutro sistema da SAP.
CW – Que comentário lhe merece a oferta Exalytics da Oracle, um máquina equipada já com tecnologia “in-memory”?
GC – A Qliktech anda a desenvolver tecnologia de análise de dados “in-memory” há anos. Não sei bem o que Oracle está a fazer. Mas tem o seu lugar no mercado.
Com a “in-memory” pode-se substituir o OLAP, uma tecnologia muito pesada. Usa-se porque quando olhamos para as bases de dados relacionais e precisamos de um relatório, com muitos registos, o OLAP acelera o processo.
A todos os números fica associada uma pergunta pré-computada. E quando se faz uma inquirição, obter uma resposta demora menos tempo.
Mas também é possível atalhar caminho com uma base de dados colunar “in-memory”. O WebFocus tem uma também, já integrada para se poder substituir o OLAP. Por isso, no fundo vamos competir com a Oracle nessa área.
CW – Que tipo de impacto terá o fenómeno do Bring Your Own Technology nas empresas?
GC – Isso está a acontecer cada vez mais. Nós o que fazemos é dar um PC a cada empregado das áreas técnicas ou comerciais. Mas em alguns casos, em vez disso, damos um vale para pagar metade do iPad.
Mas eles são os donos dos dispositivos. E a razão para ser assim é nós sabermos que eles não vão usar o iPad só para trabalhar. Vão ter jogos, livros , música…
CW – E vocês suportam a segurança dos dispositivos?
GC – Não há qualquer problema de segurança com o que fazemos. Tudo é cifrado. E são máquinas iPad, no caso de serem perdidas ou roubadas podemos sempre apagar todo o seu conteúdo.
Temos um segundo nível de segurança: relatórios que enviamos podem ser abertos apenas mediante a introdução de uma password. E temos um terceiro nível de segurança no qual atribuímos um tempo de vida limitado aos relatórios. Por exemplo, um semana depois de um relatório ser pedido, deixa de estar disponível para leitura.