“Não sabemos porque o sistema falhou”

O fabricante dos Blackberry, a RIM, ainda não sabe porque falhou o seu centro de dados, segundo o CEO da empresa Mike Lazaridis. Mas a simplicidade do sistema pode ter sido o seu calcanhar de Aquiles.

A RIM, fabricante dos BlackBerry, ainda não sabe porque falhou a plataforma de comutação central do seu centro de dados em Slough (Reino Unido), segundo o CEO da empresa, Mike Laziridis. “Nós não sabemos a razão pela qual o switch falhou e porque o serviço nunca passou a ser suportado por outro comutador alternativo”, explicou em conferência de imprensa.

Esta semana, o serviço de correio electrónico, de mensagens e browser nos telemóveis BlackBerry registou significativos problemas.

Questionado sobre porque a empresa não conseguiu evitar as falhas de tráfego de rede, redireccionando para outras redes o tráfego de dados dirigido para Slough, o responsável não deu qualquer resposta concreta. Explicou que a empresa utilizou um “complicado sistema global”, optou por não “contaminar” outras partes da rede, e  manteve-se fiel a essa decisão.

A verdade, porém, é que a RIM não teve a capacidade de mudar a rota do tráfego para os países servidos pelo centro de dados de Slough: este é um dos dois únicos centros operacionais no mundo usados pela RIM. Como resultado, o tráfego que não conseguiu passar em Slough, retornou para o outro centro operacional em Waterloo, no  Canadá, e para outras partes da rede fazendo colapsar toda a rede da RIM.

A simplicidade da rede da RIM dá-lhe normalmente a vantagem de disponibilizar  os e-mails dos utilizadores de forma rápida, usando compressão. Permite também à empresa cifrar totalmente os dados dos utilizadores – algo que alguns governos, no Oriente Médio e Índia, por exemplo, não gostam.

O analista da Ovum, Nick Dillon, considerou que a RIM pode ter de adicionar centros operacionais de rede regionais para auxiliarem a redireccionar tráfego de dados – no caso da RIM não conseguir controlar futuros colapsos de rede. “A RIM tem apenas dois centros operacionais de rede para o seu tráfego de dados e, de muitas formas, essa é a força do seu sistema”.

Mas, ao mesmo tempo, eles têm dois pontos de falha, lembra. “Esse tem sido sempre um risco de arquitectura para eles. Com o crescimento da base de utilizadores, o risco para esses potenciais pontos únicos de falha incrementa”, explica.

A terceira grande quebra de serviço para os BlackBerry desde 2007 vai colocar a rede da empresa sob escrutínio mais aprofundado. Sobretudo devido à pressão da concorrência exercida sobre os dispositivos da RIM , pelos iPhone e dispositivos Android.

A falha de de 2007 na América do Norte foi causada por uma actualização de software. No mesmo continente, uma nova falha, em 2008, foi o resultado de uma actualização do router. Embora uma falha num comutador de rede esteja a ser apontada como causa do último colapso, o jornal The Guardian avançou com outra hipótese: um problema na actualização de base de dados. Tal como tem  acontecido com todas as interrupções da  RIM no passado –  as pequenas e as grandes – será necessário esperar algum tempo para obter respostas mais definitivas e claras.

Depois das duas anteriores grandes interrupções na América do Norte, a RIM acrescentou dois centros de dados à sua rede, em 2009, para aumento de capacidade. Sobre a compensação devida aos clientes da RIM, Lazaridis disse que o fabricante está a pensar no assunto. Nick Dillon considera que provavelmente cabe aos operadores móveis decidirem.

Equacionadas compensações aos clientes

Os operadores pagam uma taxa de serviço mensal à RIM por cada cliente de BlackBerry, sendo os custos transferidos para o cliente. Durante os últimos 18 meses, disse Laziridis, a RIM registou um “tempo de disponibilidade de rede de 99,97%” para a sua rede. Houve no entanto uma falha no Canadá e na América Latina no mês passado, e pelo menos um colapso significativo a afectar o Reino Unido no ano passado.




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