Com a proliferação de dispositivos móveis, a impressão a partir destes aparelhos traz desafios importantes na gestão da produção de impressões e do parque de máquinas.
A Canon vai colocar no mercado, em Outubro, a versão 5.1 da sua ferramenta Uniflow. Uma plataforma de software capaz de facilitar a disponibilização e controlo de serviços de impressão , ou “managed printing services”. É a principal aposta da empresa neste segmento quando o mercado mundial de serviços impressão apresenta particular dinamismo. Nessa tendência ganha visibilidade a impressão a partir de dispositivos móveis, com inerentes desafios.
Por detrás da aposta do fabricante, está uma empresa de software, a NT-ware, que desenvolve o Uniflow entre outras inovações tecnológicas, no campo da interacção com máquinas de impressão e scanners: 70% do seu capital social pertence hoje à Canon.
O responsável de relações públicas deste fabricante , Adam Gilbe diz que para já, a organização estará satisfeita com o potencial dos seus activos. Conta com os modelos de outsourcing propostos pela OCE e com o seu canal de parceiros, equipados com o Uniflow. E por isso diz não tencionar fazer mais aquisições. A concorrência, como a HP e Xerox, tem feito algumas compras.
O Uniflow 5.1 representa o reforço da aposta da empresa nos serviços de impressão. E mais especificamente procura responder às necessidades de suporte à impressão a partir de dispositivos móveis, incluindo smartphones e tablets.
Um método informal de conseguir imprimir um documento desde um dispositivo móvel é enviar por e-mail ao empregado que esteja perto da impressora. Além de ser esquisito e demorado, é pouco seguro, por não estar de acordo com as políticas de segurança sobre quem pode ver o documento ou armazenar o documento.
O presidente da NT Ware explica que a abordagem implica duas questões fundamentais: desencadear a tarefa de impressão com o dispositivo móvel e identificar adequadamente o utilizador.
Peça fundamental no Uniflow é o Internet Gateway que recebe o fluxo de tarefas de impressão provenientes dos drivers de impressão desde laptops ou a partir de outro tipo de aparelhos sem drivers. As tarefas vindas da cloud ou de outros sistemas passam pelo servidor de e-mail, antes de entrarem no Uniflow. Este pode ainda ser ligado ao Air Print, a sistemas Windows, e Unix/Linux.
Os desafios de identificação e autenticação de utilizadores são resolvidos com o suporte a vários meios: credenciais fornecidas pela empresa, cartões de identificação das empresas, e contas de email, particulares ou fornecido pela empresa. Karsten salientou a capacidade de integração e unificação de informação do Uniflow, permitindo identificar um mesmo utilizador a partir de várias referências (duas contas de email diferentes, por exemplo).
Este aspecto proporciona uma flexibilidade fundamental para o suporte à impressão a partir de dispositivos móveis. “Permite desencadear a impressão em qualquer sítio da rede de impressão”, explica.
Noutra área, uma aplicação desenvolvida para iPhone permite por exemplo ir buscar a informação de configuração da ligação com a informação, fotografando com o dispositivo móvel um código QRC, anteriormente gerado e disponibilizado pela empresa. Com o Uniflow 5.1 as empresas podem assim dar tanto ao empregados como aos visitantes, a possibilidade de imprimirem a partir de dispositivos móveis, controlando os custos e os níveis de segurança associados.
Não será preciso instalar drivers nos dispositivos móveis nem apelar ao departamento de TI para criar contas novas, segundo o fabricante. A plataforma suporta ainda o GoogleDocs SharePoint Online ou qualquer site FTP.
Além disso, o Uniflow permite restringir o tipo de impressão consoante as necessidades dos diferentes grupos de trabalho nas organizações. É possível impedir visitantes de fazer digitalizações de documentos directamente para um e-mail, por exemplo. E na mesma linha também é possível monitorizar a utilização do parque impressão, identificando os custos e fontes de desperdício.
Hoje, cerca de 22, 8% das empresas a usarem o software são organizações de serviços de TI de acordo com o fabricante. O segundo maior grupo são instituições de educação, como universidades, enquanto o sector financeiro representa 7,53%.
Perto 47% são empresas com menos de 150 pessoas. Com número de recursos humanos superior a este, as grandes empresas constituem 41% dos clientes. 11% representam as pequenas empresas com menos de 50 pessoas.
Concorrência também reforçou apostas
Tanto pelas suas funcionalidades e capacidades, como pela estratégia da Canon, o Uniflow acaba por ser uma ferramenta útil para o canal do fabricante abordar o mercado dos serviços de impressão, especialmente o do segmento das PME.
O subsector está a atrair investimentos relevantes com a HP e a Xerox a fazerem aquisições. A primeira comprou a Printelligent, empresa que comercializa infra-estrutura e software para a área da impressão – além, de ter desenvolvido competências sobre o segmento das PME.
A Xerox comprou a consultora de impressão NewField IT que também desenvolve software: o Asset DB tem particular interesse. Constitui uma suite concebida para disponibilizar mapas visuais do parque de impressão das empresas.
Um ponto de partida para ajudar a optimizar a utilização de impressoras copiadoras no espaço de trabalho. Combinando os mapas com um base de dados que monitoriza a padrões de utilização de dispositivos de documentos, produz informação útil para a gestão dos custos de impressão. Antes da aquisição, a suite era reconhecida como sendo norma para descobrir esse tipo de dados de utilização dos aparelhos.
Entretanto, HP lançou a semana passada uma plataforma para ajudar o seu canal a disponibilizar serviços de impressão geridos, a Partner Managed Print Services. Trata-se de um conjunto de soluções e serviços, organizados em torno de três funções: gerir o parque de impressão, optimizar a infra-estrutura e organizar o fluxo de trabalhos.
Na primeira existem soluções de avaliação do parque e da impressão realizada, além de sistemas de gestão de reposição de consumíveis. Inclui ainda um sistema de emissão de facturação única ao cliente.
Segundo a HP, o maior responsável pelos custos de impressão é o impacto do tempo gasto pelo utilizador e o fluxo dos documentos, no interior e entre as empresas. Um serviço de consultoria procura resolver esses problemas.
Para a optimização da infra-estrutura são disponibilizadas formas de avaliação, de gestão do ciclo de vida dos dispositivos, de consolidação do parque de máquinas, entre outras facilidades.
Parcerias são uma alternativa
Face às aquisições, o subsector questiona-se sobre quem vai ser o próximo fabricante a ser comprado, embora a via das parcerias também seja uma opção. A Xerox estabeleceu uma parceria com a Cisco para as redes suportarem melhor um sistema de impressão a partir dos referidos dispositivos (A Xerox lançou no início do ano a sua própria plataforma). Com a proliferação de dispositivos móveis, e a impressão a partir dos mesmos, o impacto nas redes não deve ser menosprezado.
A estratégia tecnológica destes fabricantes é equipar routers e switches para tornar os processos mais rápidos e seguros. Os produtos estarão no mercado em Janeiro, segundo as previsões dos fabricantes. O canal de parceiros da Cisco vai vender a tecnologia, assim como um serviço fornecido pela Xerox a partir de um centro de dados equipado com servidores UCS (Unified Computing System) da Cisco.
A proposta não exige que a rede seja integralmente da Cisco. E mais tarde a Xerox pretende suportar máquinas de impressão de outros fabricantes, ou estacionadas fora do parque de impressão das empresas.
Para os dispositivos móveis da Cisco, os tablet Cius, e para os dispositivos de virtualização Cisco Virtualization Experience Client, será também desenvolvido software cliente.
As empresas vão integrar agentes de impressão nos e switches e routers da Cisco, como o ISR (Integrated Services Router): um servidor destinado a pequenas empresas e sucursais. Também serão usados produtos de aceleração de redes para acelerar o tráfego dos trabalhos de impressão mais rápida. Serão acrescentados, ainda, dispositivos de segurança.
Segundo o CEO da NT-ware, Tonis Hammer há outras formas de resolver , para já, o impacto nas redes. Por exemplo, o Uniflow percebe quando um executivo está em viagem e está a imprimir numa sucursal.
Para não sobrecarregar as redes, o software envia a tarefa de impressão para a infra-estrutura da sucursal. Os dados estatísticos seguem para a gestão centralizada.
O executivo considera que a impressão a partir de dispositivos móveis constitui o primeiro passo na visão de cloud computing, para a NT-ware e para a Canon. “O segundo passo refere-se à passagem das funcionalidades de gestão para um ambiente de cloud computing.
O impacto para a rede será mínimo porque trata-se apenas de transmitir dados de estatísticas, recolhidos dos laptops e das impressoras. O volume de dados de que é composto a tarefa de impressão constitui a maior parte de uma operação de impressão ”, explica.
O mais complicado será na próxima fase: a NT-ware pretende colocar todo o volume dados da tarefa de compressão alojada na cloud, de uma forma segura. Um dos objectivos é ter os dispositivos móveis com o mínimo de software. Na opinião do CEO, a cloud computing será especialmente importante para as empresas com pouca infra-estrutura, mesmo para as suas necessidades de impressão.
Mas neste caso, Hammer admite haver um impacto importante nas redes ainda por resolver. A NT-ware, de acordo com o responsável, está a tentar descobrir uma solução. Conta explorar todos os factores disponíveis como por exemplo os mecanismos de compressão de ficheiros.
Para já, o executivo garante apenas que a empresa vai tentar resolver a questão sozinha. Sem esperar uma solução desenvolvida no sector, como por exemplo, uma proposta dos fabricantes de equipamento de rede. “No final de 2012, havemos de ter uma solução”, considera.
Até porque, como diz, a NT-ware gosta muito de “manter a velocidade” da sua tecnologia. “A nossa preocupação é mantermos o overhead da nossa solução na rede o mais baixo possível”.
No fundo, o fabricante pretende que o Uniflow esteja preparado no máximo de redes existentes nos seus clientes. Por isso, existe a preocupação de reduzir o impacto dos ficheiros de “spool”. A NT-ware procura diminuir o seu número e o tamanho dos mesmos. Além disso, diz ser importante desenvolver a tecnologia de sincronização de base de dados e de segurança.
“Muita coisa será gerida através de smartphones”, prevê o responsável. A impressão a partir de dispositivos móveis está a ganhar cada vez maior importância, à medida que mais recursos humanos usam smartphones e tablets, reforça a analista da IDC Angele Boyd.
HP com nova oferta
Reflexo ou suporte a essa tendência é também a mais recente oferta da HP no campo da impressão. Para o mercado das PME, a HP apresentou o ePrint Wireless Direct, o qual permite ligação directa às impressoras HP sem a necessidade de ligação à rede ou à internet – bastará um dispositivo Wi-Fi “com capacidade para uma conexão peer-to-peer”.
A aplicação ePrint Home and Biz app procura unificar a experiência HP ePrint com uma aplicação móvel para smartphones e tablets Apple iOS, Android ou Symbian. É disponibilizada sem custo adicional.
Outra novidade é o ePrint Mobile Driver torna mais fácil imprimir a partir de um PC portátil com impressoras ePrint. A nova aplicação móvel HP Printer Control serve os dispositivos Apple iOS proporcionando acesso sem fios wireless e controlo sobre as impressoras, incluindo saber o estado da máquina e dos seus consumíveis.
Agora a aplicação HP ePrint para smartphones BlackBerry, permite que os utilizadores de dispsotivos BlackBerry possam imprimir com uma aplicação para três soluções cloud: impressora com capacidade HP ePrint, impressora HP Enterprise e impressora HP de Localização Pública. A aplicação está disponível a partir de 31 de Outubro de 2011.
Entretanto a versão da aplicação para impressão “móvel” 6.1 ePrint Enterprise oferece agora a possibilidade de aproveitar a retenção de trabalhos de impressão de máquinas HP LaserJet e a funcionalidade de desencadear a impressão através de um código PIN.
ChilNet prefere tablets ao papel
No meio de um turbilhão que corre numa direcção, emerge uma iniciativa em sentido contrário: uma organização de assistência social a crianças em risco, a ChildNet, pretende usar os dispositivos móveis para… imprimir menos e reduzir custos de impressão.
A entidade pretende simplesmente que os seus empregados passem a aceder remotamente a documentos em dispositivos Android. O presidente e CEO da ChildNet, Emilio Benitez, espera não só a redução de custos mas também melhorias no processamento de documentos.
40% a 50% dos tempo dos colaboradores é gasto no preenchimento de documentos e formulários. Actualmente a instituição usa dispositivos HTC com Windows Mobile, mas quer mudar para usar também tablets.
A ajudar a ChildNet está a Ricoh. Este fabricante está a colaborar com a instituição na digitalização dos dossiers legais das crianças, de modo a serem consultados através dispositivos moveis. Ao mesmo tempo implantou um sistema de indexação da informação.
A Ricoh quer investir 300 milhões de dólares nos próximos três anos para expandir a sua oferta de serviços documentais, onde se inclui a impressão a partir de dispositivos móveis. Trata-se de uma viragem importante na estratégia do fabricante, cuja actividade está muito baseada no negócio das impressoras.