Grupo quer promover partido político afiliado para apoiar os seus objectivos mas pode enfrentar resistência interna. O colectivo não tem líderes.
O grupo hacker Anonymous planeia promover um partido político afiliado para atrair pessoas que partilham de seus objetivos pela luta dos direitos civis, mas não concordam com os seus métodos.
A acção é similar à realizada por muitos movimentos de protesto que criaram organizações legais e partidos para representarem os seus casos nas esferas política, social e legal. Mas a natureza descentralizada do Anonymous, que alega não ter líderes centrais ou estrutura de controlo, provavelmente vai dificultar o apio de todos os membros.
Aliás, já existem algumas evidências sobre isso.
O grupo disse num vídeo [entretanto removido] que vai parar de realizar hacks e ataques DDoS (“distributed denial of service” ou negação de serviço distribuída), e planeia reestruturar o sistema começando por dentro. “Apesar destes métodos terem sido efectivos para chamar a atenção dos media para a violações dos direitos civis quando os nossos números eram pequenos, e tínhamos opções limitadas, agora temos os números para fazer a diferença de forma legal”.
O vídeo, disponibilizado a 4 de Julho (Dia da Independência nos EUA) no YouTube, não foi muito bem recebido por alguns membros do grupo. E também não evitou que o Antisec, um movimento liderado pelo Anonymous, realizasse “hacks” e “defacing” de sites em páginas Web da Turquia nesta quarta-feira.
“Esse (partido) é apenas outro grupo que quer suportar os objetivos do Anonymous. Não vai substituí-lo”, afirmou Testudo Smith, um porta-voz do grupo, sobre a intenção de formar um partido político.
Grupo de defesa
Smith disse que a missão do grupo neste ponto é criar um grupo de defesa para fornecer canais legais com os quais o Anonymous possa lutar pelos seus objectivos de liberdade na Internet e direitos civis. Esses canais legais são o que mais fazem falta ao grupo neste momento, refere o porta-voz.
Um site criado para o partido Anonymous Party of America [e entretanto desactivado] lista uma ampla agenda para um partido amplamente focado na política dos EUA, e vai trabalhar pela transparência e responsabilidade no governo, direitos individuais e bom senso. E pede a “qualquer congressista ou senador que ainda tenha um pouco de honra, para saírem dos seus partidos corruptos e se unirem ao nosso chamamento para acabar com a presente situação”.
O grupo pode achar difícil ganhar legitimidade se outros hackers, sob a bandeira do Anonymous, continuarem a realizar ataques contra sites e redes empressariais e de organizações.
Smith admitiu que fazer com que todos os hackers suportem os objectivos do grupo é algo difícil. “Nós não temos controlo sobre o Anonymous como um todo. Não existem líderes e seria inútil tentar controlar o Anonymous”, explica.
Mas se a nova frente política ganhar amplo apoio, o grupo tem planos ainda maiores.
“Eventualmente, quando tivermos apoio suficiente, e se acharmos que essa é a melhor maneira de atingir um impacto político, então vamos registar-nos”, disse Smith, para depois completar que “isso será algo a muito longo prazo”.
O Anonymous tem sido alvo de acções da polícia nalguns países, incluindo Turquia, Espanha, Itália e Reino Unido. O grupo também é mal visto pela população em geral que apoia a liberdade na Internet e os direitos individuais e não concorda com os métodos do grupo.
(IDG News Service/IDGNow!)