Patricia Santoni
Directora-geral para a Região Ibérica e América Latina da Micro Focus
A crise económica marcou um ponto de viragem no mundo empresarial. As empresas viram-se obrigadas a alterar a sua componente operacional, partes da sua gestão e um pouco da sua filosofia para conseguirem ter uma maior capacidade de reacção face a imprevistos. Este cenário obrigou as empresas a definirem prioridades nas acções, desenvolverem soluções, rentabilizarem os seus meios e a adiantarem-se aos acontecimentos. Foi uma lição forçada, onde todos foram obrigados a aprender e que trouxe novos desafios para as empresas: serem mais práticas nas suas decisões, mais rentáveis nas suas operações e mais inteligentes nos seus negócios.
Para superar estes desafios, o primeiro passo é identificar tudo aquilo que é susceptível de ser melhorado. Isso obriga quase sempre a olhar para o passado: para práticas antiquadas, sistemas dispendiosos e pouco eficientes, organizações cristalizadas, entre outros aspectos. Aqui, e em muitos outros casos, a primeira tentação é fazer tábua rasa da própria história da empresa, esquecendo o capital fundamental que é o conhecimento do negócio. É certo que a crise obriga à mudança, mas algumas mudanças podem revelar-se suicidas.
Alcançar o sucesso passa por conservar, adaptar e potenciar tudo aquilo que pode trazer benefícios para o negócio, eliminando o que não funciona. No âmbito dos sistemas de informação, muitas organizações têm plataformas de hardware que continuam a ser muito dispendiosas, sobre as quais correm as aplicações que contém o know-how corporativo. A tentação é substituí-las por outras plataformas mais modernas e económicas, e por novas aplicações que, em muitos casos, só dão resposta num modelo de gestão padronizado, o qual ignora ou não compreende muitas das particularidades do negócio. Frequentemente, esta decisão significa um salto no vazio provocado pelos “cantos de sereia” de algumas aplicações de última geração.
Outra opção, mais conservadora mas nem por isso melhor uma vez que não reduz os custos operacionais, consiste em continuar a desenvolver e a adaptar as aplicações em sistemas legacy, ignorando as importantes poupanças que se poderiam obter com sistemas mais flexíveis e tecnologias de última geração, evidentemente mais económicas.
Perante estas duas alternativas, e num cenário que exige a redução drástica dos custos de TI dos sistemas legacy, a migração de aplicações surge como a melhor opção ao permitir a substituição dos velhos sistemas de hardware e software para outros padrões mais modernos, potentes e económicos, enquanto possibilita a reutilização das aplicações de negócio existentes, dotando-as de novas funcionalidades, como Web, computação em cloud, entre outras. Esta opção elimina riscos e permite uma evolução assente na continuidade, pois as aplicações continuam a ser as mesmas que todos conhecem e com as quais trabalham há anos, mas com novas capacidades.
O problema na hora de abordar a migração de aplicações reside num conjunto de preconceitos e em assuntos como o rendimento, a segurança, o tempo, o esforço e a disponibilidade. No entanto, a cada dia que passa mais empresas superam estas barreiras mentais e fazem uma aposta clara pela optimização dos seus custos de TI, como mostra o recente estudo elaborado em conjunto por Vanson Bourne e pela Micro Focus, que indica que 58 por cento dos CIO e gestores de TI que modernizaram as suas aplicações reduziram os seus custos com TI.