Sistema SharePoint da BP em revisão profunda de segurança

A revisão deve incluir a reforma dos sistemas de risco e os processos de segurança da petrolífera.

Um ano após o acidente na plataforma de extracção de petróleo Deepwater Horizon, a BP assumiu publicamente o compromisso de rever os seus sistemas de segurança. O desastre ecológico no Golfo do México levantou várias questões de gestão de TI além de problemas de software  de modelagem de derrames de petróleo.

As investigações forenses à plataforma Deepwater Horizon que se seguiram mostraram problemas sérios em torno de sistemas de TI. E agora na reunião anual com os accionistas, o presidente-executivo da BP, Bob Dudley, revelou que a organização está a “conduzir uma grande revisão do sistema de gestão de risco”.

Esta revisão tem como um dos seus principais objectivos, a melhoria das normas e processos. Ao mesmo tempo que falava aos accionistas,  pescadores e mulheres da zona do Golfo do México, protestavam em frente ao prédio, devido aos problemas a que estão sujeitos como consequência do acidente.
A revisão a ser conduzida pela BP estará centrada no seu Sistema de Gestão Operacional (SGO), desenvolvido pela própria petrolífera, em torno da plataforma SharePoint da Microsoft e do Performance Point. O software era depois implantado em módulos adaptados à realidade local.

A empresa já manifestou dúvidas sobre o SGO, lembrando que “não pode haver nenhuma garantia” sobre a capacidade de o sistema identificar todos os riscos da actividade. Nem mesmo fornecer informações sobre as acções correctas a serem tomadas quando surgem situações de emergência.

As investigações sobre a tragédia do Golfo do México, destacaram os muitos aspectos de TI a serem abordados pela BP. Mas também os seus parceiros na plataforma, as entidades reguladoras e outros gigantes da indústria do petróleo enfrentam desafios semelhantes.

Uma das revelações mais contundentes sobre o domínio da tecnologia nos relatórios do governo é que o software de modelagem avançada tinha alertado para a necessidade de a BP instalar 21 estabilizadores, conhecidos como centralizadores, para suportar a plataforma de extracção. Quando a empresa recebeu a encomenda de 15 estabilizadores, pensou ter-se enganado comprando os dispositivos errados. E com o intuito de acelerar as operações, prosseguiram usando apenas os seis existentes.

A questão levanta questões em torno da informação na qual se baseia o software, e o nível de precisão capaz de atingir.  Em jogo está também o rigor dos testes preditivos exigidos por órgãos reguladores, antes de se executarem perfurações arriscadas em águas profundas

Email denuncia negligência

Um rastreio aos emails da BP também foram reveladores. O engenheiro da BP, Brian Morel enviou um e-mail para um colega, após a decisão sobre os centralizadores ter sido feita: “quem se importa, está feito, fim da história, há-de ficar tudo bem”.

Depois há a questão do software de controlo da plataforma. Relatórios do governo dos Estados Unidos indicam que o sistema Halliburton Sperry Sun e o sistema HiTec da proprietária da plataforma Transocean exibiram  claramente pressões de óleo incomuns sobre o poço, antes da explosão. Contudo careciam de alarmes adequados para alertar os engenheiros cansados, que muitas vezes passam até 12 horas à frente dos seus monitores.

Um electricista na plataforma também testemunhou que os sistemas de desktop na plataforma tiveram várias quebras de funcionamento, até ao derrame.

Mais recentemente, cientistas do governo norte-americano concluíram uma avaliação forense do sistema de prevenção de rupturas e explosões, concebido para controlar a cabeça de poço e prevenir acidentes – “Blow-out Preventer – BOP”.

As investigações revelaram que o BOP, fabricado pela Cameron, carecia de um bom sistema de backup. Além disso revelou  que as autoridades de regulação não fornecem boas indicações sobre as normas.

Nova divisão de segurança
A BP criou uma nova divisão de segurança para resolver as questões apontadas nos relatórios. Na reunião com os accionistas, a Dudley revelou que nos últimos meses a empresa colocou em prática “um vasto programa de actividades para reforçar a segurança e gestão de risco da pressão arterial.”

A Transocean, o proprietário que alugou o equipamento da plataforma à BP, e a Cameron comprometeram-se também a melhorar a segurança dos dispositivos. Dizem que o BOP funciona como concebido e que os eventos incomuns tomou fora das especificações.

Uma série de factores contribuiu para o acidente, mas os sistemas de TI desempenharam um papel importante na cadeia de eventos que levaram ao desastre.

Há questões sérias a pressionarem o universo da tecnologia neste sector. Se vai ser os reguladores a exigirem uma mudança, ou a indústria do petróleo como um todo a agir sobre esses aspectos, é outro problema.




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