Com a apresentação de quarta-feira passada, Steve Jobs quis “desmoralizar” os possíveis imitadores do iPad. Mas quer goste ou não, a guerra está iminente, pelo menos nas capacidades de cada dispositivo.
A corrida entre o iPad 2 e os seus concorrentes não se vai decidir apenas entre os utilizadores e amantes de gadgets. As empresas e os trabalhadores que procuram uma ferramenta de produtividade capaz de mudar completamente o cenário têm uma palavra importante a dizer. Muitos vão esperar pelos tablets baseados em Android, da Motorola e da Samsung, para dar apenas alguns exemplos.
Mas sem dúvida que os dois tablets mais esperados em 2011 são o iPad 2, da Apple – a ser lançado a 25 de Março em Portugal – e o PlayBook, da BlackBerry (RIM), previsto para o segundo trimestre. Enquanto a Apple tem sido conhecida tradicionalmente como uma empresa orientada ao mercado doméstico, a RIM sempre foi mais conotada com o sector empresarial, com um foco secundário no mercado doméstico.
Mas qual é a melhor solução para o seu negócio? Tome em consideração as seguintes áreas-chave:
Segurança
Talvez a segurança seja o aspecto mais importante para qualquer organização a equacionar a integração dos tablets no ambiente de trabalho. Primeiro, o PlayBook foi projectado tendo a segurança em mente, segundo a RIM. Contudo a empresa não revela exactamente como as versões futuras irão proteger os dados corporativos. Se a versão Wi-Fi não armazenar os dados dentro do dispositivo, vai ter acesso aos mesmos no servidor BlackBerry Enterprise Server (BES). Por outras palavras, a versão Wi-Fi vai exigir um smartphone BlackBerry, uma clara desvantagem para as organizações que não utilizam os seus smartphones.
Os iPad, no entanto, ligam-se à infra-estrutura do Microsoft Exchange para garantir a maior parte das suas funcionalidades de segurança empresarial. E, além disso, há uma grande variedade de empresas como a Zenprise BoxTone a adicionar recursos de segurança associados ao sistema operativo iOS. Resumindo: o PlayBook é óbvio para a empresa que hoje usa o BlackBerry e a adopção do tablet não exigirá qualquer suporte adicional da equipa de TI. As organizações mais familiarizadas com o Exchange, ou aquelas que já investiram em ferramentas para melhorar a segurança do iOS podem achar melhor usar o iPad 2, tendo em conta a segurança.
Dimensão
Uma diferença óbvia entre o PlayBook e o iPad 2 é o tamanho. O tablet da RIM é significativamente menor mas o tablet da Apple é mais fino. Portanto, o Playbook pode-se adaptar melhor às organizações devido à sua portabilidade, embora o iPad 2 acrescente o valor de proporcionar um ecrã maior.
Conectividade e disponibilidade
A RIM afirmou que a versão do PlayBook com Wi-Fi estará disponível no primeiro trimestre de 2011, ou seja, antes do final de Março. No entanto, alguns rumores sugerem que o dispositivo será lançado a 10 de Abril. Para a versão HSPA + e 4G, WiMAX e LTE ainda não há data definida, mas está prevista para antes do Verão. A Apple anunciou que a 25 de Março estarão disponíveis em Portugal, as versões 3G e Wi-Fi, obtendo alguma vantagem sobre os concorrentes. No entanto, o facto de não suportarem a tecnologia 4G sugere que vai disponibilizar uma versão melhorada, ou mesmo um iPad 3, num futuro não muito distante.
Preço
Para o PlayBook ainda não há preços oficiais, mas rumores indicam que o Wi-Fi 16 GB será vendido pelo mesmo preço que o iPad 2 de 16 GB (perto de 499,99 dólares ou 357 euros). O preço dos iPad 2 de 32 GB com Wi-Fi chega aos 599 dólares (perto de 428 euros) e o de 64 GB, 699 dólares (perto de 500 euros). Os de 3G com 16 GB a 629 dólares (449 euros), o de 32 GB a 729 dólares (520 euros) e o de 64 GB por 829 dólares (592 euros). O tablet da RIM tem as mesmas capacidades que o da Apple, e também HSPA + e 4G. Por isso, se acompanharem os preços, terão uma vantagem competitiva significativa.
Memória RAM
Prosseguindo no seu estilo, a Apple deixou no ar algumas das características técnicas do iPad 2. E embora não possa ser tomada como certeza, um representante britânico da Apple disse que o aparelho terá 256 MB de RAM. Trata-se de uma capacidade muito pequena, tendo em conta que o próprio iPhone 4 tem 512 MB. Muito possivelmente incorporará pelo menos esta última quantidade de memória. E outras fontes dizem que é capaz de chegar a 1 GB, a capacidade do PlayBook. Do ponto de vista empresarial, a quantidade de memória RAM será importante, especialmente se as organizações estão a planear a execução de aplicações de uso intensivo.
Câmaras e videoconferência
Ambos os tablets têm câmara frontal e traseira. No entanto, a Apple não disponibilizou muitos detalhes sobre as mesmas, e apenas disse que a câmara traseira é capaz de captar imagem em alta definição a 720p (captura até 30 fotogramas por segundo com áudio). O dispositivo frontal terá menor resolução e servirá para gravar vídeos em VGA, mas não ofereceu nenhuma informação sobre os píxeis do sensor da câmara. Mostrou apenas que a parte traseira da câmara funciona com zoom digital de 5x e que a câmara frontal da câmara tira fotos de qualidade.
O dispositivo BlackBerry possui uma câmara de três megapixéis na parte frontal e traseira de cinco megapixéis, capaz de gravar imagem em alta definição a 1080p. Neste campo, a Apple pode ter uma ligeira vantagem sobre a RIM no campo da videoconferência, dado ter já a sua própria aplicação para a função: a FaceTime. Mas a RIM terá uma proposta parecida na manga a ser revelada em breve.
Durabilidade
As especulações a seguir devem ser assumidas como tal. Provavelmente, o PlayBook será mais durável do que o iPad 2, tanto devido ao tamanho do ecrã como pelo material de revestimento exterior usado. Em geral, a parte mais vulnerável de um tablet é o seu ecrã. Portanto, quanto maior a tela, maior a probabilidade de danos.
Mas como ainda não foi possível testar ambos os dispositivos, não se sabe muito sobre a sua durabilidade. No entanto, revendo a versão de pré-lançamento do PlayBook e o iPad de primeira geração, o dispositivo da RIM parece ser mais resistente. Naturalmente, os dois fabricantes e uma série de outros oferecem produtos para proteger os tablets. Contudo, muitas organizações não querem sacrificar a portabilidade para obter uma maior protecção. Assim, o PlayBook pode ser mais apropriado para as empresas com trabalhadores em maior mobilidade e em ambientes de maior dureza e exigência.