Segundo fontes do governo, os sistemas têm poder suficiente para entrar na lista Top500; analistas questionam se existem realmente.
O governo do Irão afirmou ter desenvolvido dois novos supercomputadores com poder suficiente para entrar na lista Top500 dos sistemas informáticos mais poderosos do mundo.
O anúncio do supercomputador, feito esta quarta-feira, tem sido tratado como um grande evento no Irão e envolve altos representantes do governo iraniano, incluindo o próprio presidemte Mahmoud Ahmadinejad.
Se o anúncio tivesse sido feito por qualquer outro país, a atenção seria mínima. O maior dos dois sistemas está bem longe do actual primeiro lugar do ranking, localizado na China.
Mas o embargo americano ao país significa que o Irão precisou de comprar muitos dos componentes no mercado negro. O país também está envolvido numa ciberguerra, como foi demonstrado pelo Stuxnet.
Ahmadinehad discutiu o projecto, por videoconferência, com representantes das duas universidades onde os sistemas estão instalados, de acordo com a imprensa estatal.
Anúncio falso?
As alegações sobre a supercomputação no Irão não podem ser verificadas de forma independente. Pode ser um anúncio falso, orquestrado para demonstrar a evolução das TIs no país, depois do worm Stuxnet ter prejudicado o controlo dos seus sistemas nucleares.
Pode também ser um esforço do regime para oferecer alguma distracção perante a crescente insatisfação na região com governos autoritários.
Uma foto distribuída pelo Irão mostra o que seria um dos dois sistemas, na Universidade de Tecnologia Amirkabir, em Teerão.
Nele há uma série de racks no que pode ser um piso elevado, típico de data centers. Outras fotos mostram pessoas em terminais e salas de conferência.
Algumas notícias incluem a alegação de que o maior sistema tem capacidade de 89 teraflops, próximo dos sistemas mais poderosos do mundo.
Embargo
Um embargo impede que empresas dos EUA vendam microprocessadores e outros componentes ao Irão, mas tecnologia produzida nos EUA parece ser facilmente encontrada naquele país.
Em 2007, por exemplo, autoridades do governo revelaram a fonte de processadores da AMD num sistema de computação de alto desempenho baseado em Linux. Numa das fotos, o nome de um distribuidor dos Emirados Árabes Unidos era visível nas caixas.
A AMD, à época, afirmou que nunca tinha autorizado a venda. As fotos foram removidas rapidamente do site iraniano depois dos detalhes virem a público.
O professor associado de assuntos internacionais da Universidade Harrisburg de Ciência e Tecnologia da Pensilvânia, Mehdi Noorbaksh, recomendou cepticismo em relação ao anúncio e afirmou que pode mesmo ser falso.
“O governo iraniano é notório por fabricar este tipo de informação – acredite em mim”, disse Noorbaksh. “Quando o governo anuncia algo como isto, é muito difícil confirmar”.
Noorbaksh disse que o anúncio do Irão pode ser uma reacção a um ataque de malware nos seus sistemas nucleares, para demonstrar ao mundo que “estamos no controlo”.
(Computerworld/IDG Now!)