Governação levanta dúvidas na cloud

Numa entrevista ao Computerworld, a Chief Marketing Officer da EMC, Whitney Tidmarsh, considera não haverem normas para garantir uma governação satisfatória nas plataformas públicas de cloud computing.

Na opinião da Chief Marketing Officer  do grupo de Information Intelligence, da EMC, Whitney Tidmarsh um dos principais receios dos CIO sobre a o modelo de cloud computing tem a ver com a governação. Passa por conseguir garantir que os ambientes de terceiras partes, na plataforma de cloud pública, honram as exigências de governação do cliente.
Numa entrevista para o Computerworld, a responsável explica que a organização pretende evoluir da gestão de documentos e proporcionar inteligência de informação usando tecnologias de Content Mining e BI,  ligados a processos de negócio. A visão é para concretizar em três a cinco anos.

Computerworld- Qual é a vossa estratégia de cloud computing? Em que está baseada?
Whitney Tidmarsh – A nossa tecnologia tem sido bastante agnóstica quando se fala de infra-estrutura. Mas há algumas coisas que podemos fazer para optimizar o desempenho das nossas aplicações, usando a cloud como plataforma de fornecimento. A primeira parte da nossa estratégia é conseguir funcionar num ambiente virtualizado, e por isso estamos a certificar todos os nossos produtos para funcionar em VMware e Documentum.

CW- Existem normas suficientes, para por exemplo suportar o movimento de dados de uma plataforma de cloud computing para outra?
WT – Há ainda falta de normas dentro da cloud para suportar a interoperacionalidade entre aplicações. Nem para haver governação na cloud e coisas desse género. Mas isso é outra área que tem de evoluir.

CW – E como prossegue a vossa estratégia?
WT – O segundo passo é perceber como vamos fornecer ao cliente as capacidades que já temos desenvolvidas, a partir da cloud, como serviços e estamos a investigar alguns aspectos na área de governação. A terceira parte passa por oferecer muitas das nossas soluções na cloud. Na cloud privada não é difícil mas na pública há vários aspectos capazes de desafiar. Há problemas de “multitenancy” e de saber quem gere a plataforma. Já temos muitos parceiros a utilizar a nossa tecnologia para disponibilizar serviços. Para as soluções da Documentum há também vantagens interessantes quando não têm de ser instaladas nas infra-estruturas das empresas.
E além disso, também tencionamos fornecer nós mesmos algumas das nossas aplicações. Algumas soluções da Captiva para captação de documentos empresariais e outras tecnologias para documentos científicos. Talvez ainda no primeiro semestre lançaremos essa oferta.

CW – Como se integra a Greenplum e a sua tecnologia na estratégia da EMC?
WT –Nós queremos abranger o máximo das estruturas de TI. A Greenplum tem tecnologia de BI sobre dados estruturados: BI, Data Mining e inteligência sobre conteúdos.

CW –  Como é que essas tecnologias contribuem para a estratégia de BI da EMC?
WT – A EMC tem procurado diversificar a sua oferta além do hardware e a aquisição vai nesse sentido. Tem a ver mais com gestão de informação, visando extrair mais inteligência, dos dados estruturados. Por outro lado, o negócio de software tem maiores margens.

CW – E como está a evoluir a Documentum para suportar a estratégia de BI?
WT – Queremos evoluir da pura gestão de documentos para obter mais valor. A inteligência de informação não é só BI mas também competências de Content Mining ligado a processos de negócio. Queremos reunir múltiplas fontes de informação, e resumi-la de forma a dar-lhes contexto e sentido. Estamos a desenvolver a tecnologia para suportar melhor esta visão. É trabalho para os próximos três a cinco anos.

CW – E o TCO inerente a essa visão?
WT – É aí que a cloud ganha maior interesse. Há medida que disponibilizamos mais serviços na cloud, o preço por cabeça desce. A adaptabilidade e capacidade de as empresas adoptar mais serviços também sobe.

CW – Esta visão só será possível suportada pelo modelo de cloud computing?
WT –  Não diria que só assim é possível. Mas será mais fácil e menos custoso mesmo com o retorno garantido.

CW – Quando terão uma plataforma para disponibilizar isto?
WT – Em três a cinco anos. Mas lançaremos soluções antes.

CW – Quais serão os principais desafios a enfrentar para concretizar essa visão?
WT – Terá a ver sobretudo com a governação. É o que ouvimos dos CIO.

CW – Mas estão há tanto tempo a tentar simplificar isso, e ainda têm essa queixa?
WT – Sim. Não sei se é uma queixa sobre a tecnologia ou uma queixa generalizada sobre o cenário. Primeiro é necessário às empresas implantarem políticas de governação normalmente difíceis de orquestrar ao longo de toda a organização. Quando se possui toda a plataforma, é fácil. Mas quando se move tudo para a cloud pública e temos vários ambientes de terceiras partes. E disso é que os CIO têm medo. São donos de alguns dados mas não todos. Possuem algumas aplicações das que usamos mas parte não todas. Como vamos assegurar que os ambientes de terceiras partes honram as exigências de governação, às quais nos comprometemos. Tem a ver com tecnologia mas também com gestão, políticas, normas…

CW – Como se encaixa na vossa estratégia a deduplicação de dados? Melhora na cloud?
WT – Temos um enfoque muito grande nas tecnologias de deduplicação. Não sei se os resultados melhoram, mas ela será obrigatória: a cloud poderá levar à colocação de mais informação online, e é necessário optimizar recursos.



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