Projecto europeu a três anos envolve Universidade de Lisboa, EDP e Efacec.
A União Europeia está a financiar um projecto de investigação a três anos que pretende desenvolver uma variedade de componentes técnicas e de políticas destinadas a tornar a computação em nuvem mais segura.
A cloud computing é uma “buzzword” frequentemente invocada por empresas que oferecem serviços de computação nos seus próprios centros de dados. Empresas como a Google, Microsoft e IBM têm agressivamente empurrado a tecnologia de cloud para os seus clientes, alegando que o conceito oferece uma computação mais flexível e de baixo custo que permite às empresas lançar novos serviços de forma mais rápida para os seus clientes.
Mas há uma variedade de questões sobre privacidade e segurança em torno da computação em nuvem que não foram totalmente investigadas, que vão desde as questões legais e regulatórias a questões técnicas sobre como os dados armazenados remotamente podem ser seguros.
O projecto europeu, denominado “Trustworthy Clouds” (nuvens confiáveis, em tradução livre) ou TClouds, “irá explorar essas questões jurídicas”, assegura Christian Cachin, informático especializado em segurança e criptografia na IBM Research, em Zurique.
A IBM lidera o projeto, que também inclui mais de uma dúzia de outras empresas e organizações de investigação na Europa. A UE financia em 7,5 milhões de euros o TClouds, com três milhões provenientes de empresas e organizações.
No lado técnico, o TClouds vai tentar desenvolver protocolos para uma maior protecção da privacidade na transferência de dados de forma segura entre, por exemplo, duas empresas que oferecem ambas serviços cloud. Irá também olhar para o desenvolvimento de normas de segurança e desenvolvimento de APIs (application programming interfaces) abertas e componentes para gestão segura da cloud.
A investigação será publicada em artigos científicos, juntamente com ideias a propor sobre normas que podem, eventualmente, vir a ser utilizadas no software. A investigação provavelmente só vai resultar em produtos daqui a uma década mas essa é a natureza da investigação básica, refere Cachin.
Os investigadores vão trabalhar em dois cenários para ver se é possível oferecer um maior nível de segurança e confiabilidade para a cloud computing. Um deles implicará a Energias de Portugal (EDP), fornecedor de electricidade português, e a Efacec, empresa que fornece infra-estrutura de rede eléctrica. O TClouds vai investigar como um sistema projectado para controlar eficazmente uma rede de iluminação pública pode ser migrado para a cloud.
O segundo cenário incidirá sobre os cuidados de saúde e envolve o hospital San Raffaele, em Milão (Itália). Os investigadores vão testar para ver se é possível monitorizar e diagnosticar remotamente pacientes em suas casas, com os dados armazenados na cloud, e acedido por pacientes, médicos e farmacêuticos. O objectivo é verificar se os custos dos cuidados de saúde podem ser reduzidos, ao mesmo tempo que se preserva a privacidade dos pacientes.
“Actualmente, a informação pode ser encontrada em qualquer parte e acedida por qualquer meio, mas isso não pode ser feito sem riscos, exemplo da segurança e da perda de dados”, comentou Matthias Schunter, responsável técnico do TCLOUDS e investigador de computação nos laboratórios de Zurique da IBM Research, citado num comunicado desta empresa. “Com o TCLOUDS ambicionamos demonstrar que as compensações em termos de eficiências de custos e serviços mais inteligentes, tais como saúde e energia, podem ser conseguidos recorrendo a tecnologia avançada de cloud para reduzir ou, em alguns casos, para eliminar alguns desses riscos”, concluiu.
O projecto, que deve terminar em 2013, conta ainda com a participação das universidades de Lisboa, Darmstadt (Alemanha), Oxford (Inglaterra), Erlangen-Nuremberga (Alemanha), Maastricht (Holanda), e Politécnico de Torino, em Itália.