“A principal razão para as organizações adoptarem a VDI é a redução de custos”

As plataformas de Virtual Desktop Infrastructure (VDI) são a mais recente proposta da indústria para entregar “o poder” sobre os postos de trabalho, ao departamento de TI. O vice-presidente da Fujitsu, Rajat Kakar, explica a visão do fabricante.

A última tentativa para dar maior controlo ao departamento de TI sobre os terminais dos postos de trabalho surgiu com os thin clients. Custos de gestão semelhantes à da solução tradicional impediram a adopção generalizada, mas a experiência de utilização não correspondeu às expectativas.

A estratégia de Virtual Desktop Infrastructure (VDI) promete suplantar as fraquezas do modelo de computação baseado nos thin clients. Engloba a combinação de virtualização com tecnologias de computação remota, de forma a que os utilizadores obtenham uma experiência de desktop normal. Desaparecem as incompatibilidades entre aplicações e os problemas de fiabilidade, mas torna-se difícil obter experiências muito personalizadas de utilização. Ainda há outras questões, e até o vice-presidente da Fujitsu, Rajat Kakar diz que ainda falta algum tempo até as plataformas amadurecerem. Na visão do fabricante, que lançou um terminal chamado Zero Client, as soluções de computação que disponibiliza são complementares.

Computerworld–  Muitos analistas apontavam o ano de 2009 como ano da virtualização de desktop e de repente começamos a ter relatórios a prever essa emergência em 2010. O que se passou, afinal?
Rajat Kakar– Normalmente, os projectos de VDI não são projectos de um momento único. Temos de considerá-lo como um conceito. Não tem a ver só com o desktop. Que confiança merece a computação realizada fora e qual a credibilidade da computação feita fora. À medida que a confiança na cloud aumentar, as pessoas vão colocar mais dados nela. E assim a tendência para usar VDI vai tornar-se mais forte.

CW – Também tem a ver com facilidade de gestão, com ferramentas de gestão, entre outros aspectos. O que está a fazer a Fujitsu para reduzir o impacto dessas áreas?
RJ
– A principal razão para as organizações adoptarem a VDI, numa arquitectura com cloud computing, é porque pensam conseguir reduzir custos. Ou então que o TCO [“total cost ownership”] será menor. A solução Zero Client remove os elementos de gestão, outra vez para o centro de dados. E as empresas que não querem gerir os desktops no front end têm essa opção.

CW – Mas mesmo assim, há questões de gestão no back-end…
RJ
– Correcto. E aí podem concentrar os recursos de TI outra vez no centro de dados. Onde devem estar. Se tiver uma solução zero client pode atingir um nível bem próximo de 100% de dispositivos corrigidos do ponto de vista da segurança. Quando se adopta algo mais próximo dos thin clients chega-se perto dessa taxa. E nas soluções tradicionais, os portáteis são os piores, porque ora estão ligados, ora desligados… Portanto, há sempre questões de gestão, mas onde é que uma organização precisa de as gerir? Na nossa opinião adoptando um modelo de VDI, é necessário um conjunto diferente de competências, para pessoas mais focadas no centro de dados, onde é necessário desenvolver maior força.
A VDI ainda é uma tecnologia de complementaridade e as organizações têm de perceber qual será a melhor opção para elas.
CW – Vão suportar o Xen Client?
RJ –
Estamos a trabalhar para oferecer suporte com o ambiente de virtualização. A luta para estabelecer o sistema operativo eleito para a Internet é bastante forte entre a Citrix e a VMware. E enquanto a VMware é mais forte na tecnologia para servidores, a Citrix será mais na virtualização de terminais. A Microsoft está mais alinhada hoje com a Citrix, procurando fazer funcionar o Hyper-V com o Xen Client, e está a tentar recuperar o seu atraso.

CW – Como devem os clientes lidar com a questão das licenças?
RJ
– Esse é mesmo um grande assunto. Na minha opinião, a Microsoft é exemplar na forma como desenvolve os seus mercados. Prezo muito o sentido de responsabilidade de que fazem bons sistemas operativos. Mas ainda estão presos ao modelo arcaico de ter hardware em cima das secretárias. Não é exclusivo desta empresa, porque os fabricantes de segurança, por exemplo, estão a tentar perceber como gerir o licenciamento neste ambiente virtual. Acho que a própria indústria ainda não percebeu como pode funcionar um modelo de licenciamento para os sistemas operativos e para o modelo das aplicações.

CW – Mas a Novell tem software capaz de suportar o que a plataforma da Microsoft faz e não cobra por isso licenças de acesso – Client Access Licenses. Ainda acha que é uma questão da indústria?
RJ
– Sim. Embora a comunidade open source pertença ao sector, as empresas precisam de ganhar dinheiro, para fazer investimentos no futuro, pagar programadores, entre outros aspectos… Se queremos continuar a ter bons desenvolvimentos, precisamos de arranjar uma solução para pagar estas empresas. Caso contrário o seu interesse vai desaparecer. No passado, o Linux era gratuito, mas se uma empresa quiser certificar-se em SuSe ou Red Hat, tem de pagar.

CW – Sim mas isso é formação, não é? É uma questão de modelo de negócio…
RJ
– É o que você quiser chamar-lhe. Muitas empresas têm este problema agora.

CW – Parece haver essa barreira da licenças que impede ou atrasa a adopção da virtualização…
RJ
– Mas não do lado do hardware… (risos) Diria que constitui um difícil desafio para os nossos parceiros. As capacidades de hardware já existem. Assim que uma delas chegar a uma conclusão, as outras seguir-lhe-ão a ideia.

CW – Mas oferecer as licenças de forma gratuita não será a solução?
RJ
– Se olhar para o exemplo das aplicações, é possível oferecer uma versão mais básica, de forma gratuita, com menos funcionalidades. Mas depois se a organização quiser uma migração ao mesmo tempo que as máquinas estão a funcionar, ou melhores backups, terá de pagar mais. Contudo, o TCO vai crescer num modelo confuso e pouco transparente e é necessário clarificar esta situação. Ter uma etiqueta de um fabricante na máquina permite perceber o que se está a pagar. Pode-se usar ou abusar disso tendo um ambiente virtual que permite com uma licença oferecê-lo a toda a empresa. Isso vai acontecer se a indústria não organizar uma solução. Por isso temos de ser muito claros sobre o que as empresas obtêm quando compram tecnologia.

CW – Alguns departamentos das empresas, ao trabalharem com sistemas de CRM, têm lidar com conteúdos multimédia, na análise das redes sociais?
RJ
– Os nossos thin clients lidam bem com conteúdo multimédia. É necessário haver processamento, se é na memória ou na CPU, isso não interessa realmente. Para a maior parte das aplicações hoje, 1 GHz de processamento, em dual core é suficiente, para as aplicações baseadas no Office, 512 MB chegam. Se for necessário ver conteúdos mais multimédia recomendamos 1GB. Se o sistema operativo for de 64bits, então deve ter um pouco mais de memória. O outro elemento é a largura de banda. Pouca largura implica dificuldades de execução, demasiada gera problemas de gestão… Acaba por ser importante saber o que se quer visualizar, mas para a maior parte dos thin clients, isso não é uma questão importante, hoje em dia. No caso dos thin clients mais básicos, com menos de 1 Gb de memória, a imagem não será fluida. Mas depende da largura d banda. Como indústria acho que temos de desenvolver melhores cálculos para comprimir dados. A Citrix e a VMware estão a trabalhar bastante nisto.

CW – Há ainda o protocolo do ecrã que produz um impacto importante na largura de banda…Esse aspecto ainda pode evoluir?
RJ
– Isso tem a ver não só com o protocolo, mas também com aquilo que se quer ver, HD 3D, por exemplo. Passa tudo pela capacidade de compressão e descompressão, mas é mais uma questão de largura de banda do que de computação. Vai demorar ainda alguns anos para a VDI ganhar maturidade.




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