Pessoas vão ser pontos de acesso de redes móveis?

Investigadores na Irlanda estudam as possibilidades de transformar os seres humanos em pontos de acesso de redes sem fio.

Um grupo de investigadores irlaandeses está a estudar como podem os seres humanos tornarem-se na próxima infra-estrutura de redes sem fios, usando sensores, rádios de baixo consumo energético e novos protocolos de rede. Com base nessa tecnologia, será possível, por exemplo, efectuar o download de um grande volume de dados a partir dos telemóveis. Os dados passariam pelo que pode ser chamado de nós de rede humanos, que procuram ‘gateways’ ou acedem às redes tradicionais móveis, se não encontrarem uma rede mais robusta.
Os estudos da tecnologia “centrada no corpo” (“body-centric” ou que se concentram no uso dos humanos como dispositivos tecnológicos) tem obtido as atenções do Intitute of Electronics, Communications and Information Technology da Queen University, de Belfast, na Irlanda. Recentemente, os investigadores receberam uma soma de 800 mil dólares por parte da Royal Academy of Engineering e do Engineering and Physical Research Council.
O conceito de redes humanas é fruto do trabalho realizado com sensores médicos sem fios, implantados no corpo de pacientes. Esses sensores realizam a leitura de vários dados, enviam informações para dispositivos de leitura que passam depois as informações para um sistema fixo.
“A ideia básica consiste em proporcionar a comunicação entre dispositivos móveis, como telemóveis, sem que tenham de enviar sinais para antenas localizadas a quilómetros de distância. Em vez disso, usamos um esquema de comunicação cooperativa, em que todos os participantes partilham um pouco da sua banda de comunicação com outros utilizadores próximos”, esclarece Simon Cotton, investigador da equipa do instituto.
Semelhante às redes baseadas no padrão IEEE 802.15.4, as ligações corporais apresentam capacidade de funcionar usando “muito menos energia eléctrica e têm capacidade de transmitir sinais para distâncias de até 100 metros”, diz Cotton.
Para ele, as vantagens não se ficam por aí. “A alocação de frequências em redes dessa natureza podem ser re-utilizadas em distâncias muito mais curtas, o que optimiza a ocupação das onda de rádio”, ressalta o investigador.
De maneira eficiente, essas redes podem mesmo tornar obsoletas algumas antenas para telemóveis em zonas urbanas. Cotton antecipa a possibilidade dessas redes poderem transmitir vídeos em alta definição. “O software instalado nos dispositivos fragmentaria os ficheiros em pequenos pacotes e poderia possibilitar a transmissão do conteúdo para outros participantes da rede (pessoas), que agem como replicadores de sinal. Ao chegar à pessoa que quer receber o conteúdo, os pacotes podem ser reconstituídos no ficheiro original”.
Para fazer isto, as redes devem dispor de recursos que possam, à medida que os participantes da rede se movem, lidar com essas alteração. Aplicar a tecnologia significa criar redes que saibam lidar com interrupções das ligações por forma a permanecerem estáveis.
Um dos pontos principais está no design da antena. Segundo informações no site do instituto, “os requisitos para uma antena funcionar incluem discrição, baixo consumo de energia eléctrica e interferência mínima com os objectos que as pessoas transportem”.
Nos projectos do instituto, encontram-se antenas que trabalham em frequências entre 400MHz e 2.4GHz. O sinal pode sofrer interferência do próprio corpo das pessoas. Por exemplo, se alguém se encostar a uma antena FM ou AM, a transmissão é interrompida.
Com os investimentos recebidos, a Queens University poderá ampliar a investigação sobre estas tecnologias. Desde as frequências de micro-ondas, usadas normalmente nas ligações ISM (2.4 GHz) até bandas de comunicação que trabalhem em frequências milimétricas de 60GHz, diz Cotton.
Uma tecnologia de antena a ser examinada será de entrada e saída múltiplas (MIMO), usada na norma LAN sem fios IEEE 802.11n.




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