Responsáveis da Microsoft e Citrix dizem que os seus serviços ameaçam fornecedores tradicionais mas também oferecem novas oportunidades.
O responsável pelos Web Services da Amazon, Werner Vogels, afirma que existe uma tendência para que as empresas migrem as suas aplicações tradicionais para a cloud computing, como software CRM e ERP, mas novos sistemas terão que ser criados para que as empresas tirem todas as vantagens dos serviços baseados na nuvem.
Trata-se de um cenário que cria oportunidades para novos fornecedores, mas que constitui um grande desafio para a indústria tradicional, de acordo com os especialistas que participaram num painel da conferência TechNW, que reuniu esta semana uma série de fornecedores de cloud computing em Boston (Estados Unidos).
Empresas como Oracle, SAP e CA estão a certificar o seu software para que possa ser operado na nuvem mas, na opinião de Werner Vogels, “isso não permite obter todos os benefícios imediatos deste novo modelo, como escalabilidade e flexibilidade, o que exigirá o desenvolvimento de novas aplicações”.
A opinião do executivo da Amazon é partilhada por uma série de analistas da indústria, que consideram a cloud computing como uma oportunidade para criar novos serviços mas um enorme desafio para os fornecedores tradicionais, incluindo os operadores de telecomunicações.
Werner Vogels deu precisamente o exemplo das operadoras de telecomunicações para dizer que “já ninguém compra a sua própria PBX”. Em vez disso, as empresas tendem a usar serviços de voz na nuvem, oferecidos sobretudo por startups.
“As empresas de telecomunicações estão a observar este movimento e a questionar-se sobre o que está a acontecer e porque é que não se conseguem movimentar tão rápido neste novo cenário”, afirmou o CTO da Amazon, acrescentando que “o que a cloud computing permite fazer pode ser muito mais rapidamente disponibilizado por qualquer jovem empresa com uma boa ideia do que por fornecedores consagrados no mercado”.
A Citrix, que oferece tecnologias de virtualização para desktops, concorda que a migração para o modelo de cloud computing poderá ser um desafio para os grandes fornecedores tradicionais interessados em dar o salto para a nuvem. O seu CTO, Simon Crosby, diz inclusive que se trata de “uma péssima notícia para o Windows”, já que as receitas provenientes do Azure – a plataforma de serviços na nuvem da Microsoft – não serão suficientes para compensar as perdas com as vendas futuras do sistema operativo Windows.
Já o director-geral da divisão Windows Azure da Microsoft, Doug Hauger, foi à conferência dizer que a empresa aposta na confluência de três tendências: TI como serviço, mobilidade e cloud computing. “Inovar neste ambiente será incrivelmente interessante e existe muito espaço para ocupar”, defendeu.
O director da Microsoft destacou ainda que nem tudo se restringe ao desenvolvimento. “Há também a necessidade de construir plataformas que permitam a integração de aplicações distribuídas”, afirmou, destacando que isso permitirá que as soluções naveguem entre diferentes ambientes – tradicionais e na nuvem. Isto significa que um fornecedor pode construir uma aplicação em Azure para utilizadores do iPhone ou um serviço na Amazon que possa ser utilizado num PC com Windows, exemplificou.
Além de novos serviços destinados aos utilizadores finais, as startups estão a criar serviços de TI para complementar a sua oferta computacional. “Existe um ecossistema muito rico de serviços suplementares”, afirmou Werner Vogels, dando como exemplo os fabricantes terceiros que estão a desenvolver serviços de geolocalização e telefonia que os utilizadores de serviços cloud podem incorporar nos seus serviços.