Líderes da indústria salientam financiamento para investigação como um dos seus maiores problemas.
A União Europeia está actualmente a atrasar-se no financiamento e promoção de investigação em tecnologias da informação. Contudo, a comissária europeia para a Agenda Digital, Neelie Krooes, considera que a “corrida” ainda não terminou.
No primeiro dia do maior evento de tecnologia de informação organizado pela Comissão Europeia, o ICT 2010-Digitally Driven, o financiamento de investigação esteve na ordem do dia. Em conversa à margem de um seminário organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-francesa, o coordenador adjunto do plano Portugal Tecnológico, António Santos lembrou que os objectivos da Agenda Digital pretendem colocar até 2020, o investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) na ordem dos 3% do PIB, em cada país membro. Em 2009, o investimento português em I&D situou-se em cerca de 1,51%, do PIB.
Questionado sobre se a contenção da despesa pública iria afectar a evolução do investimento português, o responsável não se quis comprometer com uma posição. No entanto sugeriu que a tendência não será essa, lembrando outro objectivo: dois terços do investimento, em 2020, tem de ser assegurado pelas empresas.
“Numa altura em que os cortes de orçamento são universais, as discussões sobre o futuro da investigação em TIC têm um enfoque económico muito forte. Quem paga impostos, os ministros e as pessoas carenciadas esperam que a despesa pública seja bem justificada”, diz Kroes. “Isso não torna impossível o aumento dos investimentos públicos em investigação de TIC. Significa que temos de justificar o investimento, da melhor forma possível”.
O financiamento público parece ser mesmo imprescindível. A investigação de longo prazo é frequentemente arriscada e cara – o sector das TI gasta o dobro da indústria automóvel e o triplo do sector farmacêutico em investigação.
Nos últimos 30 anos, a Comissão Europeia investiu 20 mil milhões de euros em investigação em TI, incrementando a quota europeia de 10% para 25% do investimento à escala mundial.
A exposição do Digitally Driven exibe mais de 100 projectos financiados publicamente, em áreas como “green IT”, robótica e inovação em realidade virtual.