O 3D está para ficar no mundo da imagem

Nas lojas, o 3D só agora está a chegar mas a indústria há muito que olha para esta tecnologia. Aconteceu o mesmo com a alta definição.

Mais de 1250 empresas de 45 países encontram-se esta semana em Colónia, na Alemanha, onde decorre o maior evento europeu de fotografia. A Photokina realiza-se de dois em dois anos e, este ano, são esperados 150 mil visitantes até ao encerramento no domingo.
Apesar da escassa presença nacional com stands próprios, com quatro empresas a apostarem em álbuns fotogáficos em papel e digital e um insituto a mostrar trabalhos académicos, o fotógrafo português André Boto acabou por se realçar perante quase 700 profissionais de 25 países. Triunfou em várias categorias do Professional Photographer of the Year 2010, nomeadamente nas categorias comercial e ilustrativa, tendo ficado na terceira posição em retrato.
Do lado da tecnologia, algumas empresas apostaram forte no que parece ser a moda do 3D, nomeadamente a Fuji e a Panasonic, mas a oferta estende-se desde os equipamentos de captação de imagem até aos projectores, televisores e ecrãs. No geral, (quase) todos os fabricantes têm uma proposta para este segmento – ou, se não a têm, declaram que os seus equipamentos podem servir tecnicamente para alcançar as três dimensões, agora que a alta definição já está mais generalizada (embora ainda com falta de conteúdos).
Numa entrevista com responsáveis da Canon, acabados de chegar da feira profissional de imagem IBC, asseguram que o 3D está para ficar porque há uma indústria que se está a desenvovler com base na tecnologia.
Peter Yabsley, da área do vídeo profissional, detectou “muito interesse de ambos os lados, dos utilizadores de grandes sensores e de videocâmaras – por razões diferentes, artísticas ou práticas -, mas também interesse por pequenas videocâmaras, também por profissionais da produção e da criatividade que gostam da qualidade e das funcionalidades destas câmaras – a IBC é um show para profissionais – e mais e mais do lado da criação de conteúdos”.
Estes profissionais filmam com diversos tipos de câmaras para “criarem um certo ‘look and feel’, e é muito diferente no modo como as usam e no resultado que conseguem obter – nem todos os realizadores querem uma só solução” técnica, salienta Mike Owen, do marketing da imagem profissional da Canon.
Yabsley recorda que, em certos casos, “algum material de vídeo ou para televisão está a ser filmado com câmaras diferentes por razões criativas, para ser usado “behind the scenes” – em DVD, por exemplo – e, por isso, está a ser filmado em camcorder porque é mais dinâmico”.
Este responsável declara que “vemos sempre a indústria a mover-se antes do mercado” e que, “na IBC, tudo era 3D, todas as conversas – mas a realidade é que, no retalho, o 3D só agora está a chegar. Foi a mesma coisa com a alta definição”.
O impacto da alta definição na indústria e nos fabricantes “foi enorme antes de chegar ao mercado ‘mainstream’ e mesmo agora em vários países não há muitos conteúdos de alta definição, ainda estão a chegar”, salienta Yabsley.
No caso da Canon, “não temos produtos 3D específicos mas, na realidade, quase todos os nossos produtos para vídeo podem ser usados para fazer 3D”, diz. “A qualidade existe e uma das preocupações para muitos realizadores, especialmente fora do cinema, é o peso, tamanho e serem câmaras compactas – e nós asseguramos” isso.
Para Kieran Magee, director de marketing do departamento de imagem profissional da Canon, “há várias razões porque outras empresas estão a promover mais o 3D, como o ‘mix’ de produtos que têm para ofercer e o que precisam de vender no mercado”. Até porque, como lembra, “muitas das promoções para o 3D não são no segmento profissional mas no mercado de consumo – e nós estamos a fornecer ferramentas de criação de conteúdos que podem ser usados para 3D mas não oferecemos um produto 3D nesse sentido”.
Por agora, reforça Mike Owen, “o 3D não é uma parte integrada, não é importante, mas talvez o seja no futuro”. Porquê? “É uma tendência, há uma enorme indústria por detrás e está a chegar, haverá mais e mais conteúdos – quando é que vai chegar e se as pessoas vão usar óculos são as grandes questões mas de certeza que vamos ver mais e mais 3D” no futuro.
Magee reforça esta visão, salientando que “a diferença a que assistimos não é a novos conteúdos – esses vêm do passado – mas há um grande empurrão na perspectiva do cinema porque os lucros da indústria estão estáveis. O 3D é um grande empurrão [e impede a pirataria] e isso é diferente do passado” quando houve outras tentativas de estimular o 3D no mercado.

O jornalista viajou a convite da Canon.




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