Jovens adultos não deverão nos tempos mais próximos parar de trocar informações no Facebook por terem uma noção diferente de privacidade.
A cloud computing vai passar a ser mais importante na Internet à medida que a Web se continua a desenvolver. A opinião é de Mike Nelson, professor da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, que falava durante a conferência World Future Society realizada na passada semana em Boston.
Os que tiveram a seu cargo a missão de desenvolver a Internet tinham uma visão clara acerca do que queriam e o poder de tomar decisões sobre o caminho que pretendiam seguir – factores que ajudaram a criar a Web tal como a conhecemos. Mas, agora, o professor Mike Nelson questiona-se se o actual grupo de pessoas responsáveis por desenvolver a Internet possuirá a visão de futuro adequada para ao contínuo crescimento da rede. “Em meados dos anos 90 havia uma consciência clara sobre o que ia ser a Internet. Mas agora essa consciência já não parece existir, pelo que é muito complicado antecipar o futuro da Internet”.
Mas, embora possa não existir uma visão futura da Internet, Nelson acredita que “a cloud computing será crucial. A nuvem vai passar a ser mesmo mais importante que a Web”.
Na sua opinião, a cloud computing permitirá aos países em desenvolvimento aceder ao software que até então estava reservado aos países ricos e as pequenas empresas conseguirão poupar muito dinheiro utilizando serviços como a Elastic Compute Cloud da Amazon para armazenar ou gerir os seus dados, em vez de terem que comprar servidores.
Se os resultados de um estudo do Pew Internet and American Life Project reflectirem correctamente a atitude dos EUA face à Internet, as previsões de Nelson em relação à cloud computing podem estar certas.
Em 2000, altura em que a organização conduziu o seu primeiro estudo e perguntou às empresas se utilizavam a nuvem para tarefas computacionais, menos de 10% disse que sim. Em Maio passado, em resposta à mesma questão, a percentagem subiu para 66%, como destaca Lee Rainie, director do projecto, que também participou na conferência World Future Society.
Dando igualmente ênfase à importância da cloud computing, o estudo detectou ainda a crescente ligação dos dispositivos móveis aos dados armazenados em servidores fora da empresa.
Não obstante, de acordo com Mike Nelson, a cloud computing enfrenta grandes desafios e barreiras regulatórias. “Existem muitos factores que nos podem afastar da cloud computing”, alerta.
O professor apela às empresas que desenvolvam serviços cloud que permitam aos utilizadores transferir dados entre sistemas e não ficarem presos a um só fornecedor. “Se todos nos esforçarmos, creio que conseguiremos criar uma nuvem universal”, defendeu o professor Mike Nelson.
Mas a cloud computing enfrenta ainda muitas barreiras, como as regulações governamentais no campo da privacidade, a tentativa de as empresas de entretenimento travarem a pirataria e o medo de algumas nações do domínio da nuvem por parte das empresas norte-americanas.
Além do papel da cloud computing e da Internet, o Pew Research Center também analisou de que forma a Web pode contribuir para a diminuição da inteligência e para a redefinição das ligações sociais, tendo abordado na conferência o tema do excesso de informação que as pessoas partilham online, entre outras temáticas sociais.
No que se refere ao primeiro ponto, se a Web torna as sociedades menos inteligentes, o organismo concluiu que as características inerentes das pessoas determinarão se utilizam a Web como ferramenta para obter novas informações e aprenderem ou se se limitam a aceitar a primeira resposta que o Google fornece. A tecnologia não é o problema, considera Janna Anderson, directora do Imagining the Internet Center da Elon University, também ela oradora no evento, segundo a qual a Internet dá as ferramentas que permitem às pessoas continuarem a ser introvertidas ou extrovertidas.
Os jovens adultos são criticados por colocarem online demasiada informação pessoal em sites como o Facebook. O estudo do Pew Research Center indica que a partilha extrema de informação deverá continuar a acontecer. Lee Rainie afirma que os jovens adultos aderiram em força às redes sociais e deverão continuar a utilizá-las porque a partilha online ajuda-os a construir relações.
Uma das suas afirmações mais curiosas é que o estudo realizado pelo instituto terá detectado a existência de uma nova visão no campo da privacidade que defende a maior divulgação de dados pessoais.