Especialistas apresentaram casos nacionais e estrangeiros de sucesso no eGovernment mas salientam as dificuldades.
O ciclo da moda (“hype”) para a transformação dos sistemas de eGovernment passa do “disparo tecnológico” ou fascínio pelas tecnologias para “um pico de expectativas infundadas”, salientou Ronnen Brunner, da EMC, na conferência “Estratégia para um Modelo de eGovernment Eficaz”, realizada recentemente por esta empresa em Lisboa.
Brunner explicou os vários passos de um “roadmap” para um eGovernment efectivo. O objectivo é passar da fase 0, onde há conteúdos por todo o lado em papel, para a fase 1 de captura, armazenamento e preservação, e facilidade de acesso e leitura. Brunner acrescenta que “ir em frente, sim, mas é necessário olhar para trás, para o que se tem” e que este processo levará, “no início, a que muitas pessoas continuem a imprimir mas, passado um ano, páram”.
A fase 2 é de gestão de processos e do risco, após o que se pode avançar para a última de disponibilização da informação aos cidadãos. Este momento do G2C (governo para cidadão) “é a melhor fase”, considera.
Das dificuldades no sector público, salienta que surgem em todas as formas e feitios: a catalogação “é diversa e é um problema”, a certificação multinível também, com a autorização de acesso a certos documentos dados a uma pessoa mas não a outra (nas polícias, por exemplo). Também “o problema da informação não estar centralizado é um pesadelo”, reconhece.
A diversidade deste sector demonstra ainda que as aplicações não podem ser iguais para todos os departamentos. E que há necessidade de conhecer o retorno do investimento (ROI), deixando o exemplo do site “The Roadmap to Effective eGovernment” onde existe uma “calculadora” para analisar o potencial ROI.
No geral, Brunner reconhece que os sistemas governamentais de gestão de conteúdos têm vários benefícios, como a possibilidade de reutilização dos dados, a partilha da informação, processos mais eficientes e agéis, removem barreiras geográficas e suportam a transparência dos governos.
Para estes, no entanto, o “contexto económico é difícil e as previsões pouco animadoras”, como salientou Paulo Braz, da CSC Portugal. Os “desafios” da Administração Pública são agora o de “cumprir a sua missão num ambiente económico desfavorável”, em que tem de “fazer mais e melhor com menos recursos”.
Aquele responsável salientou como os três vectores do Governo (modernização e simplificação administrativas e melhoria da relação com os cidadãos e as empresas) passam pelo uso das tecnologias de informação. No entanto, quando abordou algumas das ferramentas tecnológicas, considerou que “este tipo de solução não pode ser um silo, afastado do resto da organização”.
Nos exemplos em que a empresa está ou esteve a trabalhar, salientou uma câmara municipal em Portugal, o Centro Hospitalar de Lisboa Central, a Autoridade para as Condições do trabalho e a Direcção-Geral dos Arquivos, com “100 quilómetros de estantes cheias de documentos, dois arquivos nacionais e 16 regionais, e mais de 300 funcionários”.