Um novo relatório da Greenpeace diz que o cloud computing vai aumentar as emissões de gases com efeito de estufa e desafia as grandes empresas, como o Facebook, Yahoo e Google, a fazer mais para ajudar o meio ambiente.
“O cloud computing está a crescer numa altura em que as alterações climáticas e a redução da emissão de gases se tornaram numa preocupação primordial”, diz a Greenpeace em relatório divulgado esta terça-feira, acrescentando que “com o crescimento desta tecnologia, também o há também o consequente aumento da procura de energia”, acrescenta.
E como quantificar esse aumento? A Greenpeace admite que é difícil calcular, mas estima que a energia eléctrica consumida pelos data centers e redes de telecomunicações de todo o mundo – que a organização considera serem “os principais componentes da computação baseada em nuvem” – irá triplicar entre 2007 e 2020.
As grandes empresas da Internet estão a trabalhar no sentido de melhorar a sua eficiência energética, o que ajuda a reduzir os seus custos operacionais. Mas, segundo a organização ambiental, continuarão a basear as suas operações em centros de dados, mesmo que isso signifique usar “energia suja”, consumida pelas instalações altamente emissoras de carbono.
O relatório, intitulado “Make It Green: O Cloud Computing e a sua Contribuição para a Mudança Climática”, toma como ponto de partida o lançamento do iPad da Apple. A Greenpeace diz que o iPad é “um prenúncio do que ainda está por vir”, no sentido de que o seu objectivo principal é permitir o download de vídeos, música e livros, a partir de serviços baseados em cloud computing.
Não é a primeira vez que a Greenpeace chama a atenção para o uso de energia em data centers, estando apostada em informar os consumidores sobre como os serviços de Internet procuram alimentar as suas infra-estruturas.
Recentemente, a Greenpeace lançou uma campanha contra o Facebook, sobre a sua decisão de construir um centro de dados em Prineville, Oregon, cujo abastecimento eléctrico virá de centrais de energia poluentes. No seu relatório, a entidade sublinhou o contraste entre o caso da rede social e a decisão do Yahoo de construir um centro de dados em Nova Iorque, e que utilizará sobretudo energia hidroeléctrica.
A refrigeração no Oregon
O Facebook contrapõe que o clima do Oregon permite o uso de um tipo de refrigeração de ar fresco que elimina a necessidade de equipamentos de refrigeração pesada. A empresa também sublinha que nunca escolheu especificamente a energia baseada em carvão para alimentar o seu centro de dados.
Com efeito, o Facebook defendeu-se das acusações da organização ambiental em declarações ao site Data Center Knowledge no mês passado, dizendo que não cabe às empresas a decisão de alimentar os seus data centers com energia poluente ou não, já que se limitam a usar o tipo de energia que lhes é disponibilizado pelo seu fornecedor local.
Tanto o Google como a Microsoft, embora continuem a construir data centers, têm vindo a evangelizar as pessoas acerca da importância da redução do consumo energético. No ano passado, o Google chegou mesmo a propor ao governo dos EUA um plano a 20 anos, no valor de 3,7 triliões de dólares, para reduzir a dependência dos EUA face aos combustíveis fósseis.
Ainda assim, a Greenpeace quer que as empresas da Internet façam mais em prol da utilização de energias renováveis disponíveis, seleccionando mais cuidadosamente a localização dos seus centros de dados e pressionando os governos a fomentar o uso de energias não poluentes.
“A última coisa de que precisamos é de mais infra-estruturas construídas em locais onde acabarão por fomentar a utilização de energias poluentes”, conclui o relatório da Greenpeace, para quem as grandes companhias da Internet deveriam ser mais cuidadosas quanto aos locais onde constroem os seus centros de dados e intensificar a pressão em Washington por uma energia mais limpa.