Empresas prontas para migrar para Windows 7

Apesar de de terem ignorado o sistema operativo Windows Vista, as organizações empresariais estão prontas para aderirem ao novo sistema operativo da Microsoft. Esta é uma das principais conclusões de um estudo realizado pelo Computerworld.

Ao que tudo indica, as empresas não pretendem tratar o sistema operativo Windows 7 como fizeram com o Vista, o sistema operativo da Microsoft mais ignorado pelo mercado corporativo.
O director de infra-estrutura da norte-americana Pella Corp., Jim Thomas, diz que a sua equipa de TI começou logo a fase de testes do Windows 7 em 2009, preparando o caminho para a actualização do Windows XP. Em Outubro, dois meses depois do lançamento do sistema operativo, a fabricante de janelas já tinha 225 clientes do Windows 7 activos e o feedback da sua equipa de TI e dos utilizadores foi de uma maneira geral positivo.
A Pella está agora pronta para o próximo passo, afirma Thomas. “Teremos 50 por cento dos nossos utilizadores – 2500 máquinas – com o Windows 7 em 2010”. Até ao final do ano, a empresa espera ter 90 por cento da empresa a utilizar o novo SO da Microsoft.
Desta vez, de acordo com as organizações de TI, parece que a Microsoft finalmente acertou. E bem na hora, já que cerca de 80 por cento das empresas de TI não adoptaram o Windows Vista, segundo o Gartner. Ao invés disso, a grande maioria das empresas manteve o Windows XP, um sistema desactualizado com oito anos e meio de idade.
O Computerworld entrevistou 285 profissionais de TI para aferir das suas intenções em relação ao Windows 7, dos quais 72 por cento afirmam que planeiam migrar para o Windows 7 (70 por cento no prazo máximo de um ano).
O motivo principal manifestado pelos inquiridos para essa migração prende-se com a necessidade de se livrarem da antiga plataforma Windows XP. No entanto, quase 40 por cento dos responsáveis entrevistados disseram que vão manter-se fiéis ao Windows XP até terminar o suporte por parte da Microsoft – planeado para Abril de 2014 – antes de instalarem o Windows 7 em todas as suas máquinas.

Que versão do Windows está a ser utilizada nas operações de TI?
•    Windows XP – 93%
•    Windows Vista – 35%
•    Windows 2000 – 15%
•    Windows 98 – 3%
•    Windows 95 – 2%

Mas os que querem esperar estão em minoria. “Estamos prontos para avançar”, afirma o director da consultora Milliman, Paul Shane. Este responsável conta que a sua empresa evitou o Vista, considerando que o sistema era inicialmente problemático e com falhas, e continua a sofrer com o baixo desempenho do seu sistema operativo. Mas Shane espera ter a maioria dos seus  150 desktops e portáteis actualizada para o Windows 7 até ao final do ano. Decepcionado com o Vista, Shane ainda colocou a hipótese de aderir às plataformas Mac OS X. Agora, diz, “já afastámos esse cenário”.
Assim como Thomas, Paul Shane Shane nem sequer vai esperar pelo primeiro Service Pack, que, de acordo com o analista do Gartner, Michael Silver, deve chegar já no próximo Verão, embora a Microsoft não confirme.

O que as TI querem: funções empresariais
O Windows 7 é uma oportunidade para o sector das TI aproveitarem as novas funções e a integração melhorada do novo SO, especialmente com o Windows Server e com o Microsoft System Center Configuration Manager, que pode levar as empresas a poupar dinheiro com a redução do software de gestão necessário, além de tornar a administração de desktops mais fácil.
O vice-presidente de infra-estrutura da ModusLink Global Solutions, Art Sebastiano, tem vinda a testar o Windows 7 em doze máquinas, tendo em vista a implementação do sistema em 3500 computadores espalhados por 30 localizações em todo o mundo. Este responsável diz que as credenciais de conta do Windows Server, que facilita o login único e permite acesso a recursos em rede quando um controlador de domínio não está disponível, funciona melhor com o Windows 7. “O suporte para drivers e a compatibilidade têm sido bons”, afirma Sebastiano, segundo o qual a Microsoft oferece um programa XP Mode para facilitar a compatibilidade com o novo sistema.
O director da consultora Milliman também considera que as políticas de grupo foram melhoradas no Windows 7. “Gostamos muito do novo cliente para políticas de grupo, que permite gerir muitas coisas que antigamente precisavam de um script de login”.
Para a Universidade HealthSystem Consortium, que permite o acesso remoto seguro sem um cliente e login VPN separados, a migração é uma vitória. O director de infra-estrutura de tecnologia da organização, Donald Naglich, afirma que, para metade dos seus 275 utilizadores que utilizam computadores portáteis, o acesso remoto passará a ser mais directo. “É uma das razões pelas quais vamos migrar para o Windows 7. Uma peça de software a menos para nos preocupar em termos de integração”. A universidade planeia migrar para o novo sistema no início do próximo ano e ter todos os sistemas actualizados até final de 2011.

Pretende esperar pelo primeiro Service Pack antes de integrar o Windows 7 num ambiente de produção?
•    Sim – 19%
•    Não – 34%
•    Espera que o SP chegue no momento em que começar a implementação – 26%
•    O SP não influencia planos de integração – 17%
•    Não sabe – 4%

Jim Thomas, da Pella, está a considerar a implementação do DirectAccess pelas mesmas razões. “Os utilizadores não gostam de usar um cliente VPN para entrar no sistema”, afirma. O responsável mostra-se igualmente interessado no BranchCache, uma tecnologia de escritório remoto com caching de conteúdo desenvolvida para acelerar o acesso a arquivos armazenados no Windows Server 2008 para clientes Windows 7. “Queremos ver se isso adiciona valor”, afirma Thomas.
Tanto a Pella como a Milliman consideram o uso do BitLocker, que oferece encriptação para volumes completos, como vantagens claras para os utilizadores de portáteis. “Utilizávamos um produto de terceiros que não se integrava bem com o Windows e tinha uma senha separada”, afirma Paul Shane. “Agora conseguimos manter os portáteis seguros e a encriptação é transparente para o utilizador”, garante, acrescentando que alguns escritórios da companhia já estão a utilizar o BitLocker to Go, que encripta o armazenamento USB.
Jim Thomas diz que migrar do Windows XP para o Windows 7 reduziu o número de imagens de sistemas necessárias em 80 por cento. “Tem a ver com os drivers e a capacidade de o Windows 7 entender e adaptar-se a eles, em vez de ter uma imagem específica configurada”, afirma Thomas. A Pella tem cerca de 25 imagens para todos os seus utilizadores, e cada uma delas precisa estar actualizada com as últimas versões de software, patches e correcções de segurança. A equipa de tecnologia da empresa espera ter menos de cinco imagens quando o sistema estiver completamente integrado, algo que tem o potencial de reduzir gastos administrativos.

O que o utilizador quer
Embora os executivos de TI digam que o Windows 7 inicia mais rapidamente do que o Vista, é mais estável e remove os pop-ups de controlo de acesso, muitos utilizadores finais não experimentaram o Vista e acabam por comparar a nova interface do Windows 7 com a do Windows XP.
Sobre isso, Art Sebastiano afirma que, no geral, os seus utilizadores gostam da interface e de efeitos como o redimensionamento de janelas para comparação lado a lado e pré-visualizações da barra de tarefas.
Mas Paul Shane diz que os seus utilizadores não têm uma opinião consensual em relação à nova barra de tarefas. “As pessoas gostam ou odeiam. É um desafio”, diz, porque a empresa tem utilizadores que se queixam de não poderem navegar no menu iniciar do Windows XP para encontrar programas. “Se não há um atalho no desktop, os utilizadores acabam por se queixar”, diz o director da consultora Milliman, receoso de que outra mudança na barra de tarefas acabe por gerar mais confusões aos utilizadores.
Também nem sempre os utilizadores entendem as bibliotecas do Windows 7, um conceito que substitui as pastas tradicionais com um modelo mais sofisticado, que permite agrupar arquivos de diferentes locais. Além disso, a janela do Explorer abre, por defeito, a biblioteca local – mesmo se não quisermos que os utilizadores lá vão parar. Paul Shane diz que até mesmo os administradores se irritam com isso no início. “Quando se está a integrar uma série de PCs numa rede, esta característica acaba por ser incomodativa”, diz.
Mas o director da Milliman também garante que os seus utilizadores gostam das melhorias na interface do Windows 7. Entre os recursos mais bem recebidos está a adaptação do tamanho dos ícones do desktop de acordo com a resolução do ecrã. “Isto veio ajudar, por exemplo, os utilizadores com problemas de vista”, exemplifica.
Na opinião de Jim Thomas, a migração do XP para o Windows 7 poderá ser ainda mais tranquila se for dada aos utilizadores alguma formação sobre o novo sistema operativo. “Nem sempre os utilizadores entendem de imediato o valor das ferramentas que lhes damos”, sustenta.

Desafios e obstáculos
Sendo-lhes dado a escolher entre a implementação do Windows 7 em máquinas novas e a actualização de máquinas antigas, a maioria das organizações prefere a primeira hipótese. Contudo, 58 por cento dos inquiridos, dizem que também vão proceder à actualização de equipamentos já existentes, sobretudo os que tenham sido adquiridos nos últimos dois anos.
Uma forma de evitar a substituição de PCs é recorrer a tecnologias de virtualização. E é isso mesmo que Donald Naglich planeia fazer na University HealthSystem Consortium, não estando propriamente sozinho na opção pelo uso de virtualização de desktops para facilitar a transição para o Windows 7. Perto de um em cada cinco dos profissionais de TI inquiridos (18 por cento) afirma que pretende transferir pelo menos alguns dos utilizadores do Windows XP para ambientes virtuais, à medida que se realiza a migração para o Windows 7.
Donald Naglich está neste momento a testar o sistema de virtualização desktop da VMware, cuja implementação deverá concluir em breve. Este responsável espera que os desktops alojados e partilhados tornem a administração mais fácil e reduzam os conflitos com aplicações e hardware durante a transição para o Windows 7. “Para algumas pessoas, o primeiro Windows 7 que terão será num desktop virtualizado”, diz, embora admita que não serão muitos os casos. É que a maioria dos 225 clientes Windows será actualizada para uma versão local do Windows 7.
O que não deixa de ser uma atitude inteligente, já que quer o Windows 7 quer as tecnologias de virtualização de desktops estão ainda a amadurecer, na opinião do analista do Gartner, segundo o qual o que se poupa com os desktops acaba por ter que ser investido em servidores back end, software de virtualização e infra-estrutura associada. Este especialista aconselha as empresas a fazê-lo por volta de 2011, altura em que quer o Windows 7 quer as tecnologias de virtualização desktop já deverão ter amadurecido.

Porque quer a sua empresa migrar para o Windows 7?
Não aderiu ao Vista e o Windows XP está envelhecido – 64%
Necessita de se manter actual – 45%
Pagou por essa migração ao abrigo de acordos de licenciamento empresariais / mais vale aproveitar – 24%
Necessita melhorar segurança – 22%
Está a actualizar e a adoptar outras novas aplicações e tecnologias, pelo que pretende fazer tudo de uma vez – 12%

Para o hardware já existente nas empresas, mesmo que cumpra os requisitos do Windows 7, a actualização nem sempre é fácil. “As instalações do zero são sempre mais rápidas”, diz o vice-presidente de infra-estrutura da ModusLink Global Solutions. Por outro lado, enquanto a actualização do Vista para o Windows 7 é relativamente simples, no que toca ao XP e aos seus perfis de utilizador, as coisas podem ser mais complicadas. Art Sebastiano pretende recorrer ao software PCmover da Laplink Software para facilitar a migração.
A compatibilidade de aplicações é outra questão importante, sobretudo no que toca a software mais antigo. A Axium Healthcare Pharmacy, uma farmácia online norte-americana, está a utilizar várias aplicações Visual Basic 6 desenvolvidas internamente que não funcionam com Windows 7, nem mesmo com o software XP Mode. “Grande parte dos controlos ActiveX simplesmente não funciona”, conta Norbert Cointepoix, director de TI.
Mas Matt Okuma, arquitecto empresarial da BEST Technology Services, uma unidade de negócio da norte-americana Pacific Coast Building Products, descobriu que algumas aplicações funcionam melhor do que outras. Segundo este responsável, o seu software de comunicações unificadas Cisco nunca funcionou bem em cerca de 100 sistemas equipados com Windows Vista, obrigando mesmo alguns deles a regressar ao XP. Com o Windows 7, contudo, o software funciona sem problemas. “Estamos muito satisfeitos. Tudo funciona como deve ser”, diz.
Mas nem sempre foi assim. No início, as máquinas com Windows 7 e Internet Explorer 8 não se conseguiam ligar ao seu servidor proxy iPrism, algo que o fabricante do software, a St. Bernard Software, resolveu rapidamente. A BEST está tão satisfeita que Matt Okuma pretende implementar o Windows 7 em todos os seus postos de trabalho, ou seja, 3500.

O dilema do IE 8
A boa notícia é que o Internet Explorer 8 segue os standards da indústria mais cuidadosamente do que o IE7 e o IE6. A má notícia que a falta de compatibilidade retroactiva com funcionalidades proprietárias das anteriores versões do browser da Microsoft pode causar problemas aos websites e aplicações concebidos para funcionar com estas versões – especialmente o IE6. Mais de metade dos inquiridos (53 por cento) dizem ter aplicações que, provavelmente, não funcionarão com o IE8.
“Se tiver aplicações que foram feitas para o IE6, vai ter seguramente problemas”, alerta o analista do Gartner, Michael Silver, avisando que o IE8 funciona com menos direitos de utilizador no Windows 7 do que acontecia no XP. A Microsoft diz, por seu turno, que os administradores podem definir as máquinas com Windows 7 para que executem versões anteriores do IE no XP Mode, se necessário.

Vantagens não são suficientes para justificar adopção – 59%
Custos – 44%
Não sente necessidade – 44%
Consome demasiado tempo – 38%
Está a migrar para outro sistema operativo – 19%

A Premier Health Partners tem uma aplicação de imagiologia médica que só funciona com o IE6 e uma aplicação clínica que precisa do IE7. “Estamos actualmente num dilema”, admite Sam Seay, director de infra-estrutura corporativa da empresa. Embora pudesse usar o modo de compatibilidade do XP para tentar executar o IE6 e o IE7 em algumas máquinas, Seay diz que prefere esperar pelo suporte para IE 8.
“É importante que se realizem todos os testes de compatibilidade necessários”, diz Jim Thomas. A equipa de TI da Pella tem muito ainda que fazer para assegurar a compatibilidade das cerca de 400 aplicações da companhia. A empresa começou pelas aplicações que utiliza mais, em termos de número de utilizadores. “A nossa preocupação são as aplicações mais antigas que não seguiram propriamente as orientações de desenvolvimento que agora são dadas”, diz Jim Thomas, admitindo que a Pella teve que fazer alguns “pequenos ajustes” em cerca de 20 por cento das suas aplicações.
De uma maneira geral, mais de oito anos depois do XP, a maioria das empresas dizem finalmente que estão prontas para seguir em frente. Paul Shane acredita que a sua transição vai ser tranquila, até porque “não se trata propriamente de algo novo. Eles simplesmente fizeram um Vista melhor”.




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