Além de financiar o desenvolvimento de vários projectos de TIC na África Austral, a Índia também já começou a injectar dinheiro em projectos energéticos, por forma a melhorar a distribuição de electricidade na região.
Devido à escassez de investimentos em energias renováveis e distribuição de electricidade, vários países da África Austral, entre os quais a Zâmbia, a Namíbia e o Malawi, sofrem de problemas cada vez mais sérios no abastecimento de energia, que afectam grande parte do seu equipamento tecnológico, particularmente nas áreas mais rurais.
Para garantir que a região tem a energia de que necessita, o vice-presidente indiano, Mohammed Hamid Ansari, assinou acordos com os vários países da África Austral, nomeadamente com a Zâmbia e Malawi, para a realização de projectos de abastecimento eléctrico e criação de energias renováveis.
A incursão de Ansari pelos países da região aconteceu na semana passada, numa altura em que a Índia está a patrocinar um projecto de e-network pan-africano. O projecto tem por objectivo ligar todos os países africanos a um sistema de satélite e a redes de fibra óptica, e proporcionar serviços de telemedicina, tele-educação e vídeo-conferência a todos os estudantes e médicos do continente.
As companhias indianas estão também a disponibilizar programas de formação ao Botswana e África do Sul. Além disso, a NEPAD (New Partnership for Africa’s Development) planeia equipar todas as escolas do continente e promover projectos de e-learning, mas os problemas recorrentes no abastecimento de energia eléctrica tem impedido a concretização destes projectos.
Muitos governos africanos têm vindo a enfrentar o desafio de angariar os fundos suficientes para alimentar eficazmente todos os equipamentos de TIC. Agora, as companhias indianas estão a oferecer-se para ajudar a resolver a situação através de investimentos em TI e projectos energéticos.
“O governo da Zâmbia está a criar todas as condições necessárias para que as empresas Indianas consigam ajudar com os seus investimentos”, disse o vice-presidente do país, George Kunda.
Em Agosto do ano passado, a Zâmbia juntou-se aos mais de 30 países de África que irão beneficiar do plano de e-network pan-africano. O projecto, que começou por ser lançado na África do Sul, Mauritânia, Etiópia e Gana, custará ao governo indiano mais de 125 milhões de dólares, podendo o custo final do projecto chegar mesmo aos mil milhões de dólares.
Após cinco anos, o governo indiano planeia retirar-se do projecto para permitir aos países africanos darem continuidade ao trabalho iniciado, usando os seus próprios recursos humanos e financeiros.
A visita de Ansari à Zâmbia culminou na entrega ao governo do país de um empréstimo de 50 milhões de dólares por parte da Índia, para o desenvolvimento de uma estação eléctrica de 120-megawatt em Itezhi Tezhi, destinada a melhorar a capacidade que o país tem de alimentar com electricidade os seus projectos de TIC. Este projecto de Itezhi Tezhi é uma joint venture entre a companhia estatal de electricidade da Zâmbia, a Zesco, e a Tata Africa Holdings, uma companhia indiana profundamente envolvida no abastecimento energético de projectos de TIC em África.
Na África Austral, a Tata Communications já detém 56 por cento do segundo maior operador da África do Sul, a Neotel, e planeia expandir os seus serviços de comunicação em muitos países de África, especialmente os que estão a obter apoio financeiro da Índia.
“As áreas de crescimento em que a Tata Africa está interessada são as tecnologias da informação e a energia”, afirma Raman Dhawan, director-geral da Tata Africa Holdings.
Entretanto, tendo em conta que a China está também a entrar no mercado de TIC africano através da ZTE e da Huawei, Raman Dhawan acredita que a única forma que a Índia teve de aumentar a sua presença em África foi estimular as parcerias entre empresas públicas e privadas.
Numa manifestação do seu poderio financeiro e estrutural e da sua capacidade de continuar a expandir-se no mercado das telecomunicações africano, a Tata já estabeleceu também um ponto de presença (POP) em Nairobi, Quénia, para direccionar tráfego para outros países do continente sem ter que passar por Londres.