Redes sociais e custos energéticos serão os principais desafios para os centros de dados

As necessidades de armazenamento irão crescer perto de 650%nos próximos cinco anos, sendo este apenas um dos muitos desafios para os quais os responsáveis de TI devem preparar-se, segundo as conclusões do Gartner Data Center Conference.

O uso crescente das redes sociais, os custos energéticos ascendentes e a necessidade de entender novas tecnologias como a virtualização e o cloud computing são algumas das questões que os gestores de TI terão que saber enfrentar num futuro próximo, como sublinhou o analista do Gartner, David Cappuccio, no seu discurso de abertura.
Mas os tais 650 por cento previstos para o crescimento dos dados nas empresas ao longo dos próximos cinco anos representam, sem dúvida, o maior desafio, em parte porque 80 por cento desses novos dados serão desestruturados, segundo Cappuccio, segundo o qual os responsáveis de TI das empresas devem assegurar que todos os dados podem ser auditados e que cumprem todos os objectivos e critérios de regulação e conformidade. Devem, ainda, impedir que as crescentes necessidades de gestão de dados não contribuam para o sangramento financeiro da empresa, recorrendo nomeadamente a tecnologias que permitem uma optimização do armazenamento e a eliminação de dados duplicados.
“As tecnologias de optimização do armazenamento são a forma mais fácil e lógica de reduzir o consumo do armazenamento. Aconselho por isso a todas as empresas que ponderem adoptar estas ferramentas se não quiserem ter problemas a curto prazo”, sustenta.

Ficheiros duplicados podem representar 60% do armazenamento

A eliminação de ficheiros duplicados, ou deduplication, é outra tecnologia a que, na opinião do analista do Gartner, os directores de TI devem prestar atenção. Muitos departamentos de TI estão a conseguir reduções no armazenamento de 50 a 60 por cento graças a esta tecnologia, que elimina cópias duplicadas de objectos e ficheiros armazenados.
Outra tecnologia que pode conduzir a poupanças significativas é a hierarquização automatizada a informação, que armazena os dados de acordo com a sua natureza. De acordo com o Gartner, cerca de 80 por cento dos dados existentes em drives de alta velocidade quase nunca são usados e, como tal, devem ser transferidos para unidades de armazenamento menos dispendiosas.
David Cappuccio apresentou uma lista com os 10 principais temas a serem cuidadosamente examinados pelos responsáveis de TI: virtualização; aumento diluviano dos dados; consumo energético e green IT; monitorização de recursos complexos; utilização de redes sociais; comunicações unificadas; tecnologias e dispositivos móveis e wireless; densidade dos sistemas; mashups e portais; e cloud computing.
O analista do Gartner fez questão de sublinhar na sua intervenção que as redes sociais estão a entrar nas empresas, quer os CIOs gostem ou não. De acordo com o analista, o uso do Twitter cresceu 1,382 por cento em 2008 e a maioria dos novos utilizadores tem entre 39 e 51 anos de idade. “Trata-se de um fenómeno crescente que não podemos controlar. Funcionários e clientes usam cada vez mais wikis, blogues, o Facebook e o Twitter e isso afecta as empresas, quer estas tenham consciência desse facto ou não”, sublinha, acrescentando que as empresas precisam de dedicar mais atenção às plataformas de software social baseadas em Web, porque estas estão a transformar a interacção entre as organizações e os seus empregados e clientes.
Os gestores de TI estão também a ser obrigados a prestar maior atenção ao consumo energético, numa altura em que há uma tendência para que as organizações transfiram a responsabilidade pelas facturas de energia dos departamentos de manutenção para os departamentos de tecnologia.
O custo energético de dois racks de servidores, em densidade total, pode exceder os 105 mil dólares por ano, de acordo com dados deste analista, com a agravante de que os servidores estão cada vez mais densos, com novos blades que incorporam servidores, armazenamento, switches, memória e capacidades I/O. Aos preços de hoje, o dinheiro gasto no fornecimento de energia a um servidor x86 excede o custo desse mesmo servidor no espaço de três anos.

Cada vez mais com menos

Os gestores de TI estão habituados a que lhes seja pedido que façam “mais com menos”, mas este requisito atinge agora a outros níveis, à medida que é exigido cada vez mais às TI que reduzam o seu consumo energético. Segundo David Cappuccio, a factura energética não tem tradicionalmente feito parte dos orçamentos dos departamentos de TI, mas os CIOs devem estar preparados para que isso passe a acontecer a qualquer momento.
Os custos energéticos são a principal razão pela qual as empresas estão cada vez mais interessadas na virtualização de servidores. Mas, apesar daquilo que os fabricantes de hypervisores possam alegar, a virtualização não reduz necessariamente a complexidade ou os custos de gestão, embora as poupanças geradas pela concentração de múltiplas máquinas virtuais numa só caixa sejam bem reais, sustenta Cappuccio.
Os analistas do Gartner presentes nesta conferência fizeram notar que, como consequência da recessão, está a diminuir o nível de confiança no mercado de TI, mas a consultora prevê, mesmo assim, que os níveis de investimento global em tecnologia cresçam cerca de 2,3 por cento em 2010. “Não podemos negar que foi um ano muito difícil”, afirmou o analista do Gartner, Joe Baylock, segundo o qual as empresas estão a tentar alargar o tempo de vida dos seus equipamentos para poupar dinheiro, sujeitando assim os seus utilizadores a taxas de erros mais elevadas, causadas pela utilização de hardware envelhecido.
Na origem dos crescimentos nas despesas com tecnologia poderá estar o cloud computing, com o Gartner a prever que a maioria desse investimento será inicialmente realizada na criação de redes de nuvens privadas e não no recurso a fornecedores de serviços cloud externos em outsourcing. “Acreditamos que os serviços cloud privados representarão 70 a 80 por cento dos investimentos em cloud computing nos próximos anos”, vaticinou David Cappuccio.




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