AP ainda erra na implementação de aplicações de Internet

Um estudo junto de instituições públicas diz que um terço não muda os processos de negócio antes de implementar aplicações de negócio de Internet.

Com o patrocínio da Cisco, a Momentum Research realizou um estudo abrangendo instituições públicas portuguesas na área da saúde (19%) e de governo (81%) sobre o nível de prontidão tecnológica e impacto das tecnologias de informação na produtividade das mesmas. Uma das conclusões é que um terço das instituições públicas abordadas não muda os processos de negócio, antes de implementar as aplicações de Internet.


 


Devido a essa falha, segundo o estudo, metade das poupanças possíveis são perdidas. No caso de os processos serem mudados, depurados de duplicações ou preparados para as evitar, há a possibilidade de haver poupanças de 20 a 30 %.
O estudo dá também bons indicadores sobre a situação portuguesa. O seu âmbito abrange apenas instituições que já investiram consideravelmente em TIC mas subsistem alguns problemas.


 


A análise feita (que abrangeu 14 países da EMEA) considera que Portugal lidera, na esfera europeia, em termos de utilização de métricas de avaliação de eficiência e satisfação. Mas precisa de adoptar métricas de monitorização financeira para conseguir perceber verdadeiramente os incrementos de produtividade.


 


Além disso, a Momentum aponta três áreas onde as instituições portuguesas estão atrasadas na adopção de tecnologia e gestão da mudança. A primeira será não aproveitar tecnologias baseadas na Internet para incrementar a utilização de funcionalidades de aplicações, como a colaboração entre funcionários e a formação online. De acordo com o estudo, a rede que suporta instituições abrangidas pela análise carecem de capacidade para sustentar as actualizações planeadas para o próximo ano.


 


Os problemas de integração de dados parecem ter-se agravado ou então os projectos enfrentam este ano maiores desafios. No ano de 2004 esses problemas não eram vistos como sendo impeditivos tão grandes como este ano o são.


 


Por outro lado, as questões organizacionais e relacionadas com os funcionários são identificadas como o principal obstáculo para o incremento da produtividade, no futuro. O valor do indicador português 52% fica acima da média europeia. O conjunto de factores inclui ainda a integração de processos de negócio (15%) e de tecnologia (24%). Enquanto que o primeiro indicador fica seis pontos abaixo da média europeia, o segundo ultrapassa-a em oito pontos. As próprias capacidades tecnológicas – referidas por 6% das instituições portuguesas e 7% das europeias – são ainda apontadas como barreiras.
Em termos organizacionais, os principais obstáculos em Portugal prendem-se com a falta de orçamento, a incapacidade para mudar o comportamento dos funcionários e de organização absorver novas tecnologias ou iniciativas.


 


Apesar de tudo, o relatório do estudo aponta como aspectos positivos a sofisticação das redes e da tecnologia implementadas. Além disso, considera que muitas das boas práticas (associadas ao aumento de produtividade) sugeridas em 2004, foram adoptadas.


 


O estudo nota ainda que houve um forte investimento “em aplicações e novas tecnologias”. Assim, assinala maiores taxas de implementação mais altas nas aplicações empresariais como sistemas de gestão financeira e contabilidade, gestão documental e recursos humanos. Segundo o estudo apresentado por Maria Hernandez estão a funcionar aplicações de CRM, com grande nível de integração para suportar várias funções de CRM como as de centro de contactos, as de gestão de casos e sistemas analíticos.


 


Há outros indicadores positivos quando comparados com as médias dos países europeus. Do ponto de vista da eficiência, quase todas as instituições abordadas – 97% – disseram ter instalados, sistemas de gestão financeira e contabilidade. A média europeia é de 89%. Um indicador relevante é o facto de apenas 9% dos decisores terem notado o incremento dos custos operacionais como resultado do investimento em TI. A diferença (positiva) para a média europeia é de 20%. O decrescimento dos custos operacionais, apontado por 23% de outras instituições, foi assinalado por 42% das instituições.


 



Métricas na AP é problema por resolver


O estudo da Momentum Research evidencia que nenhuma instituição pública abrangida pelo estudo faz a monitorização de métricas financeiras. É a àrea em que as instituições têm piores desempenhos. A média dos países europeus analisados é de 17%. Como métricas financeiras, a empresa de estudos assumiu para o referido trabalho os custos operacionais (específicos do serviço e suporte prestados),  a percentagem de casos resolvidos por self-service e as taxas anuais ou receitas obtidas.


 



Num comentário breve para o Computerworld, o gestor da UMIC, Luis Magalhães, lembra que se trata de um problema para o qual ainda não há uma solução acabada. Para o responsável, trata-se no fundo, de medir o retorno de investimento feito pela AP. “A forma de medir os custos e benefícios na AP é muito difícil”. O gestor diz que a UMIC acompanha os os trabalhos de metodologia desenvolvidos a nível europeu e por grupos da OCDE. “Hoje não há nada em concreto para adoptar. E vai demorar anos”, prevê.


 


Assim, e segundo Luís Magalhães, a forma que as instituições públicas têm de obter métricas é: analisar a quantidade de recursos humanos e o tempo empregues na realização de uma tarefa; e quantificar o que envolveu a compra de algum recurso fora da instituição (quando tal se verifique).




Deixe um comentário

O seu email não será publicado