As ofertas de eLearning disponíveis no mercado a nível europeu não apresentam propostas de valor suficientemente atractivas para os clientes. Mas os exemplos de práticas ded eLearning trazem valor às organizações.
O “e” que aprende foi o tema do evento sobre eLearning realizado pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI) na Universidade Católica de Lisboa.
Submeter à apreciação do público em geral o estudo sobre a prática do eLearning que tem vindo a ser desenvolvido no último ano por um conjunto de especialistas, a convite da APDSI, foi o objectivo principal do encontro.
Reflectir sobre a implementação do eLearning nas organizações portuguesas foi outro dos objectivos do grupo de trabalho da APDSI para que em breve o projecto assuma o aspecto final na forma de um manual ou guia de melhores práticas de eLearning.
Testemunhos de utilizadores
As razões que poderão levar à escolha de metodologias de formação e ensino que tenham por base as ferramentas tecnológicas ficaram patentes nos testemunhos apresentados pela Caixa Geral de Depósitos, a Universidade Católica, o Banco Nacional de Crédito, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, os hospitais SAMS e Santa Marta, a Administração Tributária e o Colégio da Bafureira, moderados por Guilherme Collares Pereira, coordenador do grupo de trabalho da APDSI.
José Rodrigues, da Caixa Geral de Depósitos, começou por demonstrar a implementação em 2003, de um novo modelo de formação dentro da CGD que suporta de forma efectiva o desenvolvimento das competências e conhecimento dos colaboradores do Grupo CGD através da adopção de uma estratégia de formação em blended learning.
Esta estratégia aproveita as sinergias entre a formação à distância e a formação presencial, bem como a implementação de uma solução técnica de suporte.
Segundo o responsável a CGD optou por uma plataforma própria que tinha como objectivo a definição de um novo modelo de formação, e um plano de comunicação do novo modelo de formação.
A Faculdade de Teologia da Universidade Católica, mais propriamente a pós-graduação Turismo e património religioso esteve representada por Peter Stilwell.
Este responsável que também adoptou o eLearning como modelo pedagógico de aulas virtuais teóricas e práticas considera o levantamento das necessidades, a escolha da arquitectura da plataforma, a definição de matrizes de decisão e o dimensionamento da arquitectura tipo como pontos-chave na implementação de um projecto de eLearning do ponto de vista educativo e tecnológico.
Em 2004 o Banco Nacional de Crédito (BNC) pretendia dar formação específica numa área de informática. Para isso optou por uma solução de eLearning que facilitasse todo o processo informativo e educativo.
O objectivo era um novo sistema informático para a gestão da acção comercial que num mês formasse 133 gerentes e 534 gestores comerciais. Segundo João Cupertino e Péricles Moreira, do BNC, a estratégia foi a externalização de todo o processo de desenvolvimento de conteúdo (autoria, web design, revisão pedagógica e formação de tutores), assim como a adopção de uma plataforma tecnológica web based em regime de aluguer.
No site foram utilizadas várias aplicações informáticas com jogos (exercícios) e simulações para os alunos se motivarem e para fomentar a aprendizagem. Segundo os responsáveis, os resultados foram positivos e notou-se uma melhoria significativa nos processos de aprendizagem.
“O avanço na área do eLearning passa essencialmente pelo aumento dos níveis de qualidade nos conteúdos”, acrescentaram.
Recomendações
Cada uma das organizações e entidades explicou os projectos de eLearning que aplicam e deixou alguns conselhos para todos aqueles que pretendem apostar neste tipo de formação.
A definição do modelo, o apoio e envolvimento das instâncias decisoras, a combinação entre os conteúdos teóricos e os práticos e o regime presencial e virtual, os métodos de avaliação e as técnicas para cativar o interesse dos formandos foram algumas das ideias reforçadas nos casos de sucesso apresentados.
Sofia Torrão da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) começou por explicar que o objectivo da unidade em que se insere tem como preocupação promover a utilização eficaz das TIC em todas as actividades da FEUP.
Para que isso acontecesse, em 2002 implementaram um sistema de eLearning que gere as aplicações e serviços de eLearning, dá apoio à produção e adaptação de conteúdos, e realiza formação em tecnologias educativas para docentes.
Paulo Pedro do SAMS e Ana Timóteo do Hospital de STª Marta apresentaram casos práticos de aulas do curso de actualização em Cardiologia para enfermeiros e técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (2002/2003).
A plataforma de eLearning escolhida foi a Net Forma, que inclui aulas teóricas, biblioteca, notícias, testes e trabalhos cooperativos. O curso teve a duração de 60 dias e o site continha ainda imagens 3D e dados sobre anatomia cardíaca.
Segundo os responsáveis o curso por eLearning foi positivo e revelou-se um método eficaz de formação. A Administração Tributária também esteve presente e foi representada por Arminda Serra e Elisabete Emídio.
A necessidade premente na DGCI e DGITA era ministrar acções de formação massivas num curto espaço de tempo, devido às alterações legislativas frequentes e à grande dispersão geográfica.
Há cerca de um ano e meio foi criado um grupo de trabalho com competências da área de negócio, formação e desenvolvimento operacional e área de infra-estruturas.
Foi também escolhida e implementada uma plataforma de suporte à formação eLearning e à gestão global, neste caso da Oracle, que contém conteúdos acompanhados de actividades de aprendizagem para melhor apreensão de conhecimentos e a adaptação de um modelo de tutoria activa.
Segundo as responsáveis os benefícios foram vários. Um deles foi a oferta de formação de qualidade a um grande número de utilizadores dispersos geograficamente e a possibilidade de cada formando efectuar formação ao seu ritmo, e a disponibilização de formação 24 horas por dia através da Internet, entre outros.
“O eLearning é um meio de formação inovador que permite investir nas pessoas”, concluem.