SAP e Microsoft levam a infra-estrutura até ao mundo deskotp com o Montecino

É a “subversão” do conceito de infra-estrutura. A SAP e a Microsoft estão a desenvolver uma plataforma, denominada Montecino, que permitirá a convergência entre o mundo aplicional (mySAP Business Suite) e o mundo colaborativo do desktop (Microsoft Office), através do .NET.

Há cerca de dois anos ou mesmo até um ano, seria impensável uma aproximação semelhante: o Montecino, que vai permitir a combinação e integração entre o Microsoft Office e as aplicações do mySAP Business Suite, e que cujas primeiras componentes estarão disponíveis no mercado no último trimestre deste ano.


 


Afinal, a Microsoft, sobretudo depois da compra da Navision, tem vindo a posicionar-se como concorrente à SAP no segmento das aplicações de software de gestão para as PME, o que motivou a SAP a aproximar-se na IBM privilegiando até as bases de dados da IBM. Por outro lado, como foi público, a Microsoft equacionou seriamente a compra da SAP durante 2004.


 


O que mudou? A co-petição no seu melhor. Cerca de 400 milhões de desktop em todo o mundo equipados com Microsoft Office e 27 mil clientes, grandes clientes, com soluções SAP instaladas (5000 mil já comprometidos com o mySAP Business Suite); em termos do ratio de seats com o total de head count, aa SAP estima uma penetração de 25%, ficando livre uma grande oportunidade de crescimento.


 


Ou seja, uma área de negócio – Information Workers – 10,8 biliões de dólares para a Microsoft (em cerca de 37 biliões de dólares de facturação no ano fiscal de 2004 que terminou em 30 de Junho último), mais do que o total do volume de vendas da SAP em 2004).


 


Mas também um potencial de crescimento enorme e um tampão contra os Open Office e contra o Linux no mundo do servidor. No meio de tudo isto, a rivalidade do negócio das PME (30% das vendas da SAP) pode esperar e, não vendendo aplicações (All-in-One ou Business One).


 


Mas, como explicou Henning Kagermann, “a SAP pretende competir contra a Microsoft no mercado de software de negócios para médias empresas”, mas colaborar no desenvolvimento de tecnologias que unam os produtos principais das duas companhias nas áreas corporativa e de desktop.


 


Além disso, a SAP sempre poderá vender a sua oferta de arquitectura. Aqui se inscreve a última explicação para este inesperado(?) anúncio que a foi a grande novidade do Sapphire 2005, que decorreu entre 25 e 28 de Abril último.


 


E está relacionada com a revolução que a SAP tem vindo a desenvolver nos últimos dois anos, no seu posicionamento e visão sobre o mercado, ao ponto do prestigiado e circunspecto Gartner Group ter colocado o fabricante alemão como um dos três players melhores colocados – os outros são a IBM e a Microsoft – para liderar o que denomina como Ecossistema dos sistemas de informação, ou seja, uma das possíveis âncoras ou núcleo do futuro modelo de computação, no que respeita ao software.


 


Ou seja, primeiro com o NetWeaver (2003), depois com a Enterprise Software Arquitecture (2004) e a prazo com o Business Process Plataform, sucessor do NetWeaver (ver caixa), a SAP está a construir um modelo em que o interface ou placa giratória entre a infra-estrutura tradicional, que engloba todo o software de administração de sistemas, storage, redes, as aplicações transaccionais e as aplicações analíticas/Business Intelligence, mas também o mundo colaborativo.


 


A infra-estrutura de software acaba assim por abarcar todo o software estratégico e operativo que é mission critical e importante para o negócio e para a actividade das organizações.


 


Em suma, a infra-estrutura chegou ao desktop. A AMR classificou esta parceria com a Microsoft como “um movimento brilhante da SAP”, no sentido da ubiquidade do mySAP com o Office.


 


 


Montecino


 


Deste ponto de vista o Montecino – o nome escolhido é uma homenagem a uma cidade que fica a meio caminho entre as sedes da SAP – em Palo Alto, Califórnia – e da Microsoft, em Redmond, Washington – é a “subversão” do conceito de infra-estrutura de software das organizações.


 


Como referiu o CEO da SAP, “estamos a unir forças para corrigir uma lacuna existente no mercado”, e este parece ser o primeiro produto da parceria entre as duas companhias.


 


O produto conjunto prevê a integração da plataforma .NET (da Microsoft) e da NetWeaver (SAP) e tem como lema “a informação certa na hora certa”. Com a união do software da SAP com o Office, os utilizadores vão ter um interface familiar para utilizar aplicações ERP mais complexas.


 


O Mendocino vai conectar o Office 2003 à versão actual do mySAP. Na sua primeira versão incluirá aplicações de gestão de tempo, monitorização de orçamentos, gestão organizacional, e gestão de despesas e viagens, estando integrado com o CRM, SCM e o PLM da SAP.


 


Paralelamente, vai ter equipas conjuntas de desenvolvimento, marketing, venda e suporte, além de ser utilizado internamente. Por exemplo, prevê que a SAP vai revender o Office, enquanto a Microsoft revenderá licenças do SAP BPP.


 


 


Mais aplicações analíticas e Enterprise Services


 


Mas o Sapphire 2005, que reuniu mais de 6000 presenças – incluindo 25 grandes clientes nacionais e uma dezenas de parceiros, numa comitiva de 60 pessoas,  também deu passos importantes no sentido da SAP concretizar a sua visão, que estará realizada em 2007, com o BPP.


 


Além do Montecino, dois outros grandes anúncios foram apresentados: um reforço significativo das aplicações analíticas e mais de 500 Enterprise Services, para parceiros, programadores e clientes.


 


O objectivo é permitir que “outsiders” testem os Enterprise Sercies e dêem contribuições para definir e desenvolver serviços adicionais. Mas, tão ou mais importante que os Enterprise Services, foram as novidades relacionadas com as aplicações analíticas, que mereceu a atenção de Shai Agassi.


 


Segundo este membro do Conselho de Administração, está a democratizar as aplicações analíticas, que eram exclusivo até há pouco tempo de um pequeno número de especialistas. “Nós estamos a levar as aplicações analíticas para todos os utilizadores”, do mais alto nível até ao mais baixo nível da decisão.


 


No total, foram anunciadas mais de 100 aplicações analíticas, numa única linha de código, vocacionadas para 25 sectores de actividades, incluindo o retalho, indústria e gestão fiscal, que estarão disponíveis no final do ano. Todas correm na plataforma NetWeaver e incluem o Business Warehouse.


 


Shai Agassi explicou que a SAP avançou que não pretende desenvolver um pacote com todas as aplicações analíticas, mas está disposta a ajudar os utilizadores.


 


Nesse sentido, anunciou uma ferramenta de desenvolvimento, a Visual Composer, em conjunto com o Macromedia Flex, que ajudará os utilizadores a desenvolver/customizar as respectivas aplicações e fluxo de processos, que estará disponível no final do ano.


 


Como afirmou um responsável, “mesmo que esta nova ferramenta não seja tão simples como um Lego, permitirá uma fácil modelagem”.


 


 


Outros anúncios e novidades


 


No sentido de acompanhar o desenvolvimento do mercado das PME, a SAP também anunciou no Sapphire um novo programa para o canal que será apresentado no terceiro trimestre deste ano, em resultado do crescimento desta área de negócio.


 


A empresa disse que no quarto trimestre anterior conquistou 1000 novos clientes (totalizam 12600), e que as PME já contribuem com 30% das vendas da companhia. Por exemplo, a unidade All-in-One tem 6000 clientes.


 


Outro destaque foi o da disponibilidade no mercado de uma versão “light” do mySAP Business Suite together para indústrias verticalizadas, para empresas com 200 e 1000 empregados e vendas abaixo de 1 bilião de dólares.


 


Já o SAP Business One tem como target as empresas com 10 a 200 empregados, incluindo uma versão light do SAP ERP, em que já tem 6600 clientes.


 


Durante o Sapphire 2005 foram ainda anunciados a nova geração do SAP NetWeaver Subsidiary Connectivity pré-configurado e plug and play, que como o próprio nome indica é particularmente vocacionado e adaptado às subsidiárias de multinacionais que utilizam o mySAP Business Suite, mas que, nos países onde estão localizadas, não precisam mais do que o SAP Business One.


 


Outro destaque vai ainda para a optimização do IBM DB2, versão 8.2.2, para as soluções SAP e Enterprise Services Architecture, da qual poderão beneficiar uma base de aproximadamente 4400 clientes.


 


Ainda no capítulo de anúncios importante, o reforço da  aliança estabelecida com a Siemens para o sector da saúde.


 




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