“Programar com AMD é mais fácil”

A AMD tenta entender os problemas do mundo da computação de 64 bits, como o transportar software para a nova plataforma e, além de tudo, conseguir lidar com a concorrência da Intel. De acordo com Henri Richard, vice-presidente mundial de marketing e vendas da AMD, todos os problemas são contornáveis.

Computerworld


 


A AMD acredita que as vendas de processadores da linha de 64 bits aumentem com o lançamento do Windows compatível?


 


 


Henri Richard


 


Não há nenhuma dúvida sobre isso.


 


 


Computerworld


 


Como está o desenvolvimento de outras aplicações para a plataforma 64 bits? Quais são os outros fabricantes de software envolvidos nesse processo?


 


 


Henri Richard


 


Os fabricantes podem ser separados em três grandes categorias de desenvolvimento em andamento nos dias de hoje. No primeiro nível estão as aplicações mais simples que tiram proveito do modo de 64 bits.


 


Se percorrer todas as linhas dessa lista vai notar que até ao final do ano todas as empresas que desenvolvem aplicações de missão crítica de grande porte estarão em funcionamento na nossa plataforma, o que é um passo mínimo.


 


No segundo nível estão os programas que não precisam de ser escritos totalmente em 64 bits, mas podem tirar proveito de certas DLL que utilizam a maior capacidade de memória.


 


Chamamos a isso de optimização. E existe uma grande lista de pessoas que estão a trabalhar no desenvolvimento de produtos optimizados para 64 bits.


 


 


Computerworld


 


E o terceiro nível?


 


 


Henri Richard


 


São aplicações escritas totalmente em 64 bits, onde ocorre não apenas uma alteração no código, mas sim uma alteração em toda a arquitectura da aplicação, já que é possível fazer coisas em 64 bits que não é possível no modo anterior.


 


Aqui, não se trata apenas de habilitar mais registadores, já que com o uso de uma nova DLL é possível abrir mais espaço de memória. Isso pode moldar completamente o seu uso.


 


Ou seja, se se deseja realmente tirar todo o proveito da aplicação e da arquitectura, talvez a estrutura do programa tenha de ser alterada.


 


 


Computerworld


 


Existe alguma diferença na forma de programar para a plataforma 64 bits da AMD?


 


 


Henri Richard


 


Em todos os casos citados, os programadores utilizam as mesmas ferramentas de programação, ao contrário do que acontece com o Itanium.


 


Se for um programador nos dias de hoje, e tiver de  conduzir as suas aplicações para o Itanium, é como aprender uma nova língua, e isso é um grande problema.


 


A mudança de 32 para 64 bits para a AMD significa aprender basicamente cinco ou seis palavras novas, já que existem muito poucas instruções a serem aprendidas na nova arquitectura, algo como uma dúzia de instruções.


 


Logo, é um processo muito, mas muito mais fácil de ser aprendido. De facto, existe um caso do DB2 da IBM, que demorou 72 horas a passar o programa para 64 bits.


 


 


Computerworld


 


A escala de PR (Pentium Reactive) do processador Athlon 64 baseia-se no desempenho relativo de um chip com um Pentium 4 de mesmo clock. Se não existir um Pentium 4 de 4 GHz, como é que chegam a esse valor?


 


 


Henri Richard


 


Na realidade, a escala PR baseia-se no desempenho relativo dentro da família AMD. Mas obviamente isso traduz-se no mesmo, já que se disser que nosso chip 4000+ é duas vezes mais rápido que o 2000+ e o desempenho desse chip for comparado ao Pentium 4 de 2.0 GHz, então existe uma relação.


 


O que fazemos é que para nós é muito fácil modelar o desempenho do concorrente. Hoje nós pegamos num Pentium 4 de 3,8 GHz e aceleramo-lo mesmo que por dez minutos para 4,0 GHz, fazemos os nossos benchmarks e o chip queima.


 


De facto, podemos medir hoje o desempenho de um Pentium 4 de 4.0 GHz e mantê-lo funcional.


 


 


Computerworld


 


A Intel tem vindo a abandonar a sua escala de desempenho baseada em MHz. Isso fará com que a AMD faça o mesmo?


 


 


Henri Richard


 


Já fizemos isso noutras linhas como o Athlon FX e no Opteron. Neles, não existe mais a escala de PR, mas sim o Model Numbers (modelos baseados em números).


 


 


Computerworld


 


A AMD concorre com a Intel. Como é que a empresa encara a Apple, que também tem uma plataforma de 64 bits?


 


 


Henri Richard


 


Talvez não saiba mas o processador G5 utiliza os nossos chip sets baseados na tecnologia HyperTransport. A Apple é um óptimo cliente da AMD. Eles optaram por usar o nosso barramento com outro chip, e têm um óptimo produto.


 


A questão é que a Apple utiliza uma arquitectura proprietária, o que torna bastante difícil obter economia de escala e um nível de competitividade que existe no mundo Windows.


 


O interessante é que nos nichos onde a Apple era a única solução, como na geração de conteúdo digital – músicas e filmes – conseguimos atingir esse mundo de uma forma surpreendente.


 


 


Computerworld


 


No ano passado, circularam rumores de que a Apple estudava a possibilidade de mudar de plataforma, talvez para X86. Existe alguma hipótese de isso acontecer?


 


 


Henri Richard


 


Sim. A partir do momento que eles adoptaram o HyperTransport, isso tornou-se bem mais fácil. Mas se pensar em todo o investimento que a Apple fez na plataforma e sob o ponto de vista do software, eu não acredito que haverá mudanças num futuro próximo. Mas, ficaríamos muito felizes em ajudar a desenvolver essa plataforma.


 


 


Computerworld


 


Saindo dos 64 bits, como está o desenvolvimento da plataforma Geode (utilizado em thin clients e equipamentos portáteis) na AMD?


 


 


Henri Richard


 


Somos líderes no mercado de thin clients. E temos uma novidade, o Personal Internet Communicator (PIC), um equipamento para alargar o acesso à internet a todo o mundo.


 




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