O inspector-chefe da Polícia Judiciária, Jorge Duque, aponta os principais crimes informáticos registados pela organização, e traçou o perfil do criminoso cibernético português.
Vários factores contribuem para o cibercrime, mas um deles continua ser a grande probabilidade do criminoso cibernético não ser descoberto.
O facto faz parte da lista de condições favoráveis ao cibercrime, assinaladas pelo inspector-chefe da Polícia Judiciária, Jorge Duque.
Não são alheias a este aspecto, as dificuldades na obtenção da prova de crime. Numa breve descrição do perfil do cibercriminoso português, o responsável diz que normalmente pertence à classe média e tem idade compreendida entre os 14 e 35 anos.
Foram descritas também algumas características psicossociológicas presentes no cibercriminoso.
As dificuldades específicas ligadas à transnacionalidade do crime cibernético são um dos principais obstáculos à obtenção de prova. “Normalmente todo o ilícito praticado através da Internet, envolve servidores estrangeiros.
Ao mesmo tempo, as páginas de conteúdos ilícitos são alojados nos servidores mais distantes. E mudam de alojamento constantemente”, explica Jorge Duque.
Por outro lado, o que é considerado um crime em Portugal pode não o ser no país onde é cometido”.
Um dos principais desafios no combate a este tipo de crime é a aplicação da lei no espaço cibernético.”
Entre muitos outros exemplos, Jorge Duque explixou que um dos crimes informáticos: a burla informática praticado na banca online.
O criminoso envia um keylogger através de um ficheiro de imagem. Quando o dispositivo se aloja no PC, os criminosos ficam capacitados para monitorizar o teclado e o monitor.
Assim, conseguem remeter para um site a informação de acesso ao home banking. A partir desse momento têm elementos para poderem transferir dinheiro para contas abertas com identidades falsas.
É comum fazerem também pagamentos de bens. As dificuldades para descobrir estes malfeitores, são potenciadas pelo facto de acederem ao site através de cybercafés ou cartões GSM pré-pagos.
A PJ analisou as características psicossociológicas dos criminosos informáticos e cibernéticos. Entre outros, o insucesso escolar tem uma relação relevante com a prevalência da maioria dos comportamentos delinquentes.
De acordo com os estudos da PJ é possível associar o quociente de inteligência ao envolvimento em comportamentos criminosos.
A relação pode ser feita independentemente da classe social de origem. Mas é curioso que a prevalência de comportamentos delinquentes tenda a estar relacionada com o apego à família.
Do ponto de vista da PJ, a equipa de administração nas empresas é responsável por mais do que a segurança de controlo das telecomunicações tradicionais. “É responsável também pela legalidade do software em exploração e dos dados pessoais”, assinala o inspector-chefe.
Além disso, “deverá ser responsabilizada pela legitimidade dos conteúdos divulgados com o timbre da entidade administrativa”. Por lado, os administradores de sistema deverão estabelecer políticas de “contacto urgente” com a referida instituição de segurança.