Porque falham os projectos de informatização em saúde?

João Paulo Cunha, vice-presidente da Associação Portuguesa de Informática Médica (APIM) e professor da Universidade de Aveiro, para enquadrar a sua apresentação, explicou o que é o Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA).

Uma associação científica e técnica sem fins lucrativos criada no seio da Universidade de Aveiro, que tem como principal objecto a actividade de investigação científica multi-disciplinar. Na saúde começou em 1980.


 


Partindo deste enquadramento, o responsável da APIM procurou responder à questão: “porque têm falhado os projectos de informatização em saúde?”


 


João Paulo referiu que se gastaram milhões de euros sem resultados visíveis; que o custo estimado para informatizar um hospital grande ascende a milhões de euros, mas que raramente se têm feito avaliações; que muito dinheiro tem sido gasto, mas que não há garantias de que as TIC melhorem o funcionamento dessas instituições.


 


Um estudo citado por João Paulo revela que 84% dos profissionais de saúde não estão satisfeitos com as TI nos hospitais e que existem mais exemplos de falhanços que de sucessos.


 


O investigador aproveitou a ocasião para apontar algumas razões de insucesso: não se tem em conta as culturas sociais e profissionais; subestima-se a complexidade da rotina clínica, existem dissonâncias de expectativas: a implementação dos sistemas é mais longa que a duração das equipas de gestão e da memória da organização e finalmente, existem uma relutância em fazer algum tipo de investimento correctivo aos a verificação de problemas.


 


O investigador acrescenta ainda que esse insucesso se pode dever a um modelo organizacional complexo, a uma desfocagem do suporte informático, à falta de motivação e responsabilização dos clínicos, a métodos de inserção de SI inadequados e, além disso, devido ao facto de as TIC na saúde serem mais politizadas.


 


João Paulo aponta ainda o dedo à existência de produtos pessoais/sectoriais, em lugar de projectos institucionais; à falta de planeamento e à falta de avaliação independente. Dito isto, João Paulo referiu ainda que se deve aprender com os erros e envolver as pessoas.


 


Para tal o IEETA criou uma metodologia – Methodology and Tools for World-best Teamwork in Hospitals (TEAM-HOS) – que visa criar as melhores práticas hospitalares e que é composto por três passos: análise e concepção, especificação e selecção e finalmente implementação.


 


A metodologia já foi implementada em alguns hospitais no exterior e também em Portugal no Hospital de S. Sebastião, Santa Maria da Feira e Trofa, estando em análise no Hospital Infante D. Pedro.


 




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