Cidadão está no centro do sistema de saúde

As TIC são cada vez mais decisivas na gestão do sector da saúde e na prestação dos serviços de saúde ao utente ou cidadão, concluíram os intervenientes no primeiro eHealth World, organizado pelo Computerworld.

A relação e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a Gestão no Sector da Saúde, tema da mais recente conferência do Computerworld, é uma realidade incontornável e indispensável, mas ainda têm um longo caminho a percorrer e são inúmeros obstáculos a ultrapassar.


 


O interesse em mudar o estado das coisas é evidente, como se pôde constatar da constante atenção demonstrada por parte dos cerca de 100 participantes do sector, na sua maioria gestores e quadros de gestão hospitalar presentes na primeira edição do e-Health World em Portugal.


 


As principais conclusões que se podem retirar desta reunião é que a vontade de mudar existe, independentemente das barreiras que ainda são precisas ultrapassar.


 


De facto, durante seminário João Paulo Cunha, investigador e docente da Universidade de Aveiro, referiu mesmo que 84% dos profissionais da saúde não estão satisfeitos com a qualidade das TIC nos hospitais e que existem mais exemplos de falhanço nas implementações destas soluções do que sucessos.


 


Acima de tudo, referiram vários dos oradores, a saúde são pessoas a trabalhar com pessoas, com todas as vantagens e problemas associados.


 


As necessidades do sector são grandes e variadas e com tendência a aumentar, como demonstram os dados demográficos que apontam, por exemplo, para o envelhecimento da população. Durante o seminário procuraram então encontrar-se respostas e caminhos.


 


Vários oradores sublinharam que, embora importantes, as TIC não são um fim em si mesmo no sector da saúde, tal como em muitos outros. Acima de tudo é necessário melhorar processos e procurar diminuir os elevados custos administrativos do sector.


 


Os profissionais já estão a reflectir e, tal como José Tribolet aconselham na sua exposição sobre a corporate governance no sector da saúde, “é preciso parar para pensar, antes de começar a disparar para todo o lado”.


 


Uma das reflexões apresentadas e que já foi posta em prática foi apresentada por Pedro Parra Hidalgo, coordenador do Plano Director de Sistemas de Informação do Serviço de Saúde de Múrcia (PDSIS), uma região espanhola com uma área semelhante a Portugal e com uma população ligeiramente menor.


 


Em pleno funcionamento, antes de executado, o PDSIS permitiu fazer uma reflexão ordenada e sistemática sobre os Sistemas de Informação no serviço de saúde de Múrcia e corroborar que “as TIC são apenas uma ferramenta para melhorar o sistema”.


 


Até porque, outra das conclusões que se pode retirar desta conferência prende-se com o conceito de ecossistema hospitalar inerente ao sector.


 


Manuel Delgado, presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, explicou sucintamente que “o Hospital faz parte de uma vasto ecossistema que abrange uma vasta envolvente externa que inclui os profissionais, os cidadãos, os reguladores, os Cuidados de Saúde Primários (CSP), os Cuidados Continuados (CC), os financiadores, os prestadores, os fornecedores, entre outros”.


 


Mas acima de tudo, os hospitais servem pessoas e a orientação para o cidadão é cada vez mais um tópico de reflexão. Sintetizando os objectivos da Reforma do Estado da Saúde, João Picoto assessor e gestor de projecto da Unidade de Missão Hospitais SA, explicou que se pretende um aumento da qualidade e serviços dos cuidados prestados (satisfação dos clientes); melhorar a produção e eficiência operacional (acesso); maximizar a eficiência económico-financeira (sustentabilidade) e o desenvolvimento equilibrado da rede de hospitais.


 


Também Frederico Carvalho, country manager da Intel, sublinhou a importância do cidadão: “observamos a nível mundial uma tendência em que o cidadão passa a ser visto como um cliente, não ao nível do pagamento, mas ao nível do serviço e da exigência”. Algo que é corroborado por Jaime Falcão, responsável na Accenture pela área de Health & Life Sciences, que referiu que o cidadão quer “qualidade na prestação dos cuidados de saúde”.


 


Mas longe de estarmos perto do objectivo final: servir melhor o cidadão com recurso às TIC, hoje em dia os casos de sucesso de implementação de tecnologias de informação na saúde ainda são inúmeros. E a que se deve esta situação?


 


De acordo com João Paulo Cunha, vice-presidente da APIM (Associação Portuguesa de Informática Médica), o insucesso deve-se, entre outros aspectos a um modelo organizacional complexo, a uma desfocagem do suporte informático, à falta de motivação e responsabilização dos clínicos, a métodos de inserção de Sistemas de Informação inadequados e, além disso, devido ao facto de as TIC na saúde serem mais politizadas.


 


João Paulo Cunha apontou ainda o dedo à existência de produtos pessoais/sectoriais, em lugar de projectos institucionais; à falta de planeamento e à falta de avaliação independente.


 


Em suma, as TIC têm o seu lugar na saúde, os profissionais do sector ainda estão insatisfeitos com a sua performance mas os casos de sucesso começam a surgir. E como se diz, “não é preciso inventar a roda”.


 


Há exemplos de sucesso que podem servir de inspiração. As TIC estão aí para suportar todos os novos processos a implementar.


 




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