A Saúde para lá dos números

O enquadramento cultural, cívico e dos valores devem estar presentes na forma como estruturamos e organizamos o sistema de saúde. As TI podem ajudar.

Constantino Sakerallides, professor da Escola Nacional de Saúde Pública, ex-director-geral da Saúde, encerrou da melhor maneira esta conferência, oferecendo-nos a outra visão da saúde, isto é, o enquadramento cultural, cívico e dos valores, componentes que devem estar presentes na forma como estruturamos e organizamos o sistema de saúde, e como as TIC podem ajudar neste processo.


 


Na apresentação intitulada “Os desafios da informação e do conhecimento na democratização da Saúde”, Constantino Sakerallides começou por socorrer-se da máxima “o que existe tem muita força e deve continuar”, alertando-nos para o perigo das mudanças profundas e dos processos de modernização, enquadrando esta perspectiva no quadro de valores em que nos movemos, como por exemplo, a relação liberdade/solidariedade ou a secularidade/não secularidade, responsabilização, e a forma como são vistos certos valores e a importância que lhes é atribuída, do lado de cá do Atlântico e do lado de lá, que é diferente, assinalou.


 


Por outro lado, lembrou situações como a infoexclusão ou a necessidade da informação ser avaliada de forma independente, ou ainda a boa governança, que deve ser independente do calendário e da agenda política, como componentes também a ter em conta na definição da organização, designadamente, o acesso, os serviços prestados e a escolha das pessoas.


 


Constantino Salerallides considerou que todas estas componentes têm que ser levadas em conta, por exemplo, na avaliação da necessidade e em que termos das redes de apoio de proximidade, “uma questão de democraticidade na saúde”, ou na forma como se gere casos de crise como o SARS, um caso que correu bem em Portugal, porque estavam definidas as funções de cada um bem como a hierarquia.


 


A segunda parte da intervenção do ex-director-geral da Saúde consistiu basicamente, na sua visão sobre a evolução do sector, tendo em conta esses valores mas também o impacto, de mudança, que as TIC poderão ter na organização do sistema de saúde, nomeadamente, sobre o papel e o lugar do cidadão que considerou ser o maior dos desafio.


 


Para o ex-director-geral da Saúde, “estamos a caminho de um sistema, em que os sistemas de informação de saúde estão centrados no cidadão. Será o cidadão que passará a gerir e a organizar a sua informação de saúde.


 


Será o cidadão a informação o centro de saúde, o hospital e o médico, e não o contrário, como acontece actualmente. E isto acontecerá na próxima década.


 


Na sua opinião, “nos próximos dez anos vamos assistir a um salto qualitativo sobre o paradigma do dar e tirar informação”.


 


Este salto será uma inversão do paradigma. Assim, “dentro de dez anos, em vez de serem os médicos de clínica geral vão ser sobretudo consultores que ajudarão o cidadão a organização a sua informação de saúde. E tudo isto será possível fazer graças às TIC.


 




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